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MAR DE AMOR – VICTOR – PARTE 3
Victor aproximou-se deles com cara de poucos amigos e parou a poucos metros.
- Dione, eu posso falar com você?
- Eu não tenho nada pra falar, Victor.
- Chega mais, amigão! - disse Luciano animado, com a sua cara de pau peculiar. – A gente estava indo almoçar. Não quer vir junto?
Victor olhou para ele com raiva.
- Pra quê? Pra você me embebedar de novo? E não me chame de amigão, seu imbecil!
- Victor, para com isso! – Dione falou, prevendo briga.
- Esse cretino me embebedou aquela noite pra ficar com você, Didi. Você não percebeu? Esse cara é um malando escolado no Rio!
- Ei, cara, que é? – interveio Luciano, zangando-se e aproximando-se mais dele.
Marcos saiu do carro, pois percebeu que dali não sairia coisa boa.
Victor empurrou Luciano que só não caiu porque Marcos o apoiou. Furioso, Luciano investiu contra ele e os dois se engalfinharam numa briga feia que Marcos conseguiu apartar, segurando o irmão e encostando-o no carro.
- Chega, Luciano! Para!
Dione segurava Victor o quanto podia, ficando na frente dele.
- Don Juan de meia tigela! – Victor gritou. – Você só tem a casca! Modelinho de uma figa! Bonequinha de fotógrafo!
- Para, Victor, ela gritou. – Vai embora daqui.
Luciano tentava se safar dos braços do irmão, furioso.
- Me larga, Marcos, caramba! Boyzinho de lanchonete! – começou a gritar em troco. – Vai estudar pra prova, coisinha feia!
- Chega, Lu! – Marcos gritou também, segurando o irmão pela camiseta.
Seguro por Dione, Victor afastou-se dela bruscamente e antes de se afastar, chutou o carro com força. O chute amassou a lataria do carro acima da roda. Marcos não deixou por menos. Soltou o irmão e correu atrás dele, pegando-o pela gola da jaqueta e derrubando-o no chão. Prendeu-o com as pernas e segurou seus dois braços no chão.
- Você vai pagar aquele amassado, sabia? Se você não pagar, seu pai vai! Moleque! Eu não tenho nada a ver com isso, calhorda!
- Eu não vou pagar nada! Seu irmão roubou minha garota!
- Que garota? Você nunca teve garota nenhuma, seu idiota! Se quer a menina de volta, trata de fazer isso com a cabeça fresca e de maneira mais inteligente do que brigando na rua! Tenta mostrar que você é homem de outra forma! Agora, dá o fora daqui!
- Me solta então!
- Eu vou soltar e você vai embora quietinho ou eu te parto o nariz em três, entendeu? Ouviu bem?!
Victor balançou na cabeça confirmando. Marcos saiu de cima dele e o rapaz se levantou.
- Vai embora, vai esfriar essa cabeça e volta quando estiver em condições de conversar.
Ele começou a ajeitar a roupa e a se afastar de costas olhando ainda para Luciano. E ainda soltou o último desabafo em voz baixa:
- Boneca de fotógrafo!
Luciano ia correr de novo atrás dele, mas Marcos o segurou pela camiseta e o impediu.
- Chega! Chega já falei! Cresce você também!
Luciano encostou-se no carro e bateu com o pé na roda, com raiva. Marcos passou as duas mãos no rosto e disse tentando se conter.
- Entra no carro.
- Desculpa, cara. Eu não quis... Obrigado pelo que você fez agora.
- Entra no carro! Você vai pra casa.
- Mas...
- Dione, a gente para um táxi pra você, mas o almoço fica pra outro dia.
- Tudo bem, ela disse, assustada e abraçada a si mesma, quase chorando. – Desculpa pelo carro...
- Fica fria. O Luciano vai dar um jeito de consertar.
- Eu!? – perguntou o rapaz.
- Foi por tua causa que ele chutou, ao foi? Você paga. Depois você cobra ele. Vamos, entra logo aí.
- Ah, droga! Eu não vou estragar meu programa por causa de um panaca!
- Ele disse que você o embebedou pra ficar comigo, Luciano, Dione perguntou. – Isso é verdade?
Luciano não respondeu imediatamente. Não queria mentir para a moça, mas dizer a verdade poderia fazê-la odiá-lo. Olhou para Marcos que ergueu as sobrancelhas e sorriu sutilmente, sem parecer querer lhe dar a apoio nenhum.
- É verdade sim, Didi. Eu parei na tua logo que te vi. Gamei mesmo, de paixão. Tinha que arrumar um jeito de tirar você dele e o enchi de cerveja...
Ele baixou os olhos sem poder encará-la. Marcos olhava para Dione, esperando sua reação. Ela ficou olhando para Luciano, séria, por alguns segundos, mas acabou sorrindo.
- Você não tinha outra maneira de me dizer isso?
Luciano ergueu os olhos e olhou para ela, sorrindo também.
- Você me perdoa?
- Claro, foi... trabalhoso demais, mas foi fofo. Muito fofo.
Ela se aproximou dele e o beijou na boca. Luciano a abraçou e continuou o beijo com mais vontade. Marcos desviou o olhar, sentindo todos os seus sonhos caírem por terra.
- Agora é melhor você ir pra casa, ela disse. – Eu vou falar com o Victor. Tentar... acalmar o coraçãozinho dele.
- Tudo bem. Eu te ligo à noite, tá?
- Tá bom.
- Vou parar um táxi pra você. Vem comigo.
Eles foram até a avenida e a colocou num táxi. Quando ela se foi, ele voltou para junto do irmão e respirou fundo, orgulhoso de si mesmo.
- Ela não é linda?
Marcos, com os braços apoiados no carro, olhou para ele e balançou a cabeça.
- Você não existe...
Luciano riu, safado, entrando no carro.
- Mas não pense que vai ficar livre das despesas com o amassado lá atrás que não vai, viu? – Marcos disse, já a caminho de casa.
- Tá legal. Quando eu receber o cachê das fotos, a gente acerta.
- Eu não consigo acreditar. Você apronta uma na maior cara de pau com o namorado dela, mal consegue se livrar dos sopapos dele e ela se derrete toda pra cima de você! Eu não sei o que essas garotas de hoje têm na cabeça.
- Eu sei... mas não posso falar a essa hora, ele disse, maroto, rindo em seguida.
- Mesmo que seja isso que ela tenha na cabeça, você não é nem besta de seguir os pensamentos dela, está me ouvindo?
- Por que não?
- Luciano, ela tem quinze anos! Ela é menor de idade!
- Ué! Tem idade pra começar.
- Não dá uma de besta, Lu!
- Ela tem namorado, cara! Você acha que ela já não...
- E ele não é você, Luciano! E você sabe muito bem do que eu estou falando.
- Ih! Gato da Lunny's, calma! Não vou arrepiar o pelo da sua gata, não!
- Não me chama assim!
- Ei, qual é, Macbeto? Está zangado por quê? Já falei que vou pagar o conserto do teu carro. E não fui eu que te pedi pra assustar o cara por mim. Você se meteu porque quis.
- Vou me lembrar disso. Da próxima vez, quero que você se dane, Luciano Bianchi! Se ferre sozinho, ok?
Luciano calou-se. Nunca tinha visto o irmão tão zangado. Marcos parou o carro diante da casa e disse:
- Sai.
Luciano ficou olhando para ele, surpreso.
- Ei, cara! Por que você está tão zangado comigo, caramba? Diz logo!
- Sai! Eu estou atrasado, droga, sai!
O rapaz saiu. Marcos deu a partida no carro novamente e saiu queimando pneus. A poucos metros parou o veículo e, apoiando os braços no volante, escondeu o rosto nele e chorou.
Luciano entrou em casa, ressabiado. Toni estava na sala, sentado no sofá, lendo alguns papéis e revendo fotos.
- Oi, garotão!
- Oi, tio, ele disse, sentando-se no braço da poltrona, meio triste.
- Que cara é essa? As fotos não saíram boas?
- Não sei... Nem revelaram ainda. Não tirei fotos de Polaroid, Toni.
Toni riu.
- Eu sei. Estou te enchendo. Mas tua cara não parece boa. O que está pegando?
- Briguei com o Beto...
- Brigou? Você brigou com o seu irmão? Por quê? Vocês nunca brigaram antes.
- O pior é que eu não sei, tio. Ele está furioso comigo e eu não sei o motivo.
Toni largou os papéis e olhou para ele franzindo as sobrancelhas.
- Ei, espera aí. O Marcos não é de brigar com ninguém sem motivo. Alguma você aprontou.
- Não! Eu só tive uma discussão com o ex-namorado de uma gata aí, ele acabou tendo que dar um susto no cara por mim, mas isso não é motivo pra ele me jogar pra fora do carro, é?
- Ex-namorado de uma gata...? Como é que é?
Luciano contou tudo que havia acontecido na porta da agência e Toni foi entendendo tudo aos poucos, mas sem interromper. Quando o rapaz terminou a narrativa, perguntou:
- Você acha que foi tão grave assim? Ele me trouxe em casa e me mandou sair do carro aí em frente com raiva, tio!
- Você disse que a garota é a... garota do comercial que ele fez pra Lunny's?
- É, a Dione.
- Hum... É... Deve ser alguma coisa que ele não quis te dizer... e eu não quero me meter nisso, não.
- Então, você sabe de alguma coisa?
- Não, não sei de nada. Mas acho que o Marcos Roberto não ficaria zangado com você só por isso. Alguma coisa escondida lá dentro dele é que o está deixando zangado.
- Mas o quê?!
- Não sei, Luciano.
- Não quero brigar com ele, Toni.
- Converse com ele na boa, quando ele chegar. Ele vai estar mais calmo. Seu irmão não é de briga, você sabe.
- Tá bom... Vou falar com ele sim...
O telefone tocou e Luciano atendeu.
- Alô!... É isso mesmo... Luciano, quem quer falar?... Tudo bem, tchau.
Ele desligou.
- Quem era? - Toni perguntou.
- Engano. Uma garota perguntando se era aqui que era daqui. Eu disse que era e ela desligou.
- Você sempre faz isso? A pessoa pergunta o telefone da sua casa e você confirma, sem perguntar que é?
- Eu perguntei, você viu! Ela não quis dizer.
Toni riu.
- O Marcos não quer que confirme o telefone daqui.
- Por quê?
- Há milhões de garotas que vão na lista telefônica e procuram pelo nome de Marcos Roberto Bianchi, acham o número e ficam ligando pra cá só pra encher o saco dele.
- Isso já aconteceu?
- Várias vezes, depois que ele fez o comercial. Agora parou um pouquinho, mas ele continua não querendo.
Luciano deu de ombros.
- Espinhos da fama... Quem manda ser gostoso e ter o telefone registrado no nome dele. Eu também passei por isso no Rio, mesmo o telefone não estando no meu nome, mas as gatas descobriam o telefone pelo nome da mamãe e aí... Eu adorava ela ter que atender e brigar com elas, dizendo que eu era menor e não tinha idade pra isso ainda e... Meu ego ia às alturas! Gostava de ficar imaginando o que elas diziam pra ela.
Toni riu e Luciano foi para o quarto trocar de roupa.
***************************************************
Na faculdade, Marcos não tinha prestado atenção em quase nada da palestra que havia assistido. Só conseguia enxergar o beijo que Luciano e Dione haviam trocado e mesmo quando fechava os olhos, era a única coisa que via.
Sandra, colega de classe, percebeu e saiu atrás dele quando a palestra acabou. Como Marcos estava parecendo estar com pressa e tinha os passos bem largos, ela teve que correr atrás dele e chamou:
- Marcos!
Ele parou e esperou. Ela aproximou-se.
- Já está indo embora?
- Não, vou dar uma chegada na biblioteca. Dar uma estudada.
- Posso ir com você?
Marcos hesitou em responder.
- Sabe o que é, Sandra, eu... precisava ficar sozinho...
- Era essa a resposta que eu esperava ouvir. Sua cara não está nada legal, sabia? Seus olhos são tristes por natureza, mas hoje... putz, hoje você está inteirinho triste.
Ele sorriu.
- Você notou é?
- Posso ajudar?
- Não... infelizmente não.
- Estudar vai ajudar ou você escolheu a biblioteca porque é o lugar mais tranquilo do universo?
- Meio termo. A biblioteca é o lugar mais tranquilo da Universidade.
Eles riem.
- Eu conheço um lugar mais tranquilo que a biblioteca.
- É mesmo? Onde?
- Meu apartamento. Fica no décimo terceiro andar de um prédio que fica numa rua onde não passa ônibus e dá pra ver o Parque do Ibirapuera de longe, verdinho... tranquilo...
Ele sorriu.
- Convite tentador.
- Vamos?
- Sério... Eu estou tão pra baixo hoje, Sandra. Não sei se ia valer a pena...
- Ao lado do meu prédio tem um colégio de freiras. Eu posso te jogar de lá direto no pátio delas, se não conseguir levantar o seu astral. Hum?
Marcos sorriu novamente, emocionado pela presença de espírito dela em querer animá-lo. Teve que ceder.
- Tudo bem, vamos lá. Mas não prometo nada. Conta e risco seu.
- Eu me garanto...
Ela pendurou-se no braço dele, feliz.
O apartamento era pequeno, mas bastante claro e arejado. Uma janela enorme de vidro deixava a vista de São Paulo entrar em todo ambiente da pequena sala de estar. Foi a primeira coisa que chamou a atenção de Marcos, logo que entrou nele. Ele colocou os cadernos sobre o sofá e foi até a vidraça, observar toda a vista.
- Poxa! Daqui de cima ela fica mais bonita ainda...
- Gostou?
- Adorei. Lembra o apartamento em que eu morava no Rio. Dava pra ver o mar azul... Aqui você vê um mar verde.
- Não era pequeno assim, era?
- Não, era maior, mas lá moravam quatro pessoas: meus pais, meu irmão e eu. Você mora aqui sozinha, não é?
- Hum, hum...
- Então o seu é grande.
Ele ficou em silêncio, olhando ainda encantado a vista da cidade. Sandra foi colocar a bolsa no quarto depois pegou os cadernos dele, colocando-os sobre um móvel. Então foi até a cozinha e apanhou duas bebidas. Trouxe até a sala e colocou uma na mão dele, ficando a seu lado.
- Obrigado... O que é?
- Uísque.
Marcos sorriu, olhando para a dose no copo.
- Quer me deixar tonto?
- É importado.
- Hum... Esqueci que você era filha do dono da Fazini equipamentos Eletrônicos. Rico não fica bêbado...
- Nada a ver. Ganhei de uma amiga que veio da Europa outro dia. Esqueceu que eu briguei com meu pai?
- Ah, é. Sinto muito, tinha esquecido.
- Não faça isso, ela disse, tomando um pequeno gole da bebida.
- O quê?
- Não sinta, foi a melhor coisa que eu fiz nos últimos tempos.
Marcos fez o mesmo e ficaram em silêncio por alguns segundos, curtindo o silêncio e a vista.
- Como era a sua vida no Rio? – ela perguntou, quebrando o silêncio.
- Fútil.
- Só?
- Como você define a vida de um cara, filho de outro cara que era filho de outro cara que bancava os três, sozinho?
Sandra riu.
- Nossa! Seu avô era tão rico assim?
- Era e é. Está vivo ainda. Meu pai casou bem cedo. Tinha a idade do meu irmão mais novo, dezoito anos. Passou três anos casado, viajando, fazendo nada além de gastar o dinheiro do pai. Aí eu nasci. A barra pesou. O velho Bianchi colocou o Bianchi segundo na parede e exigiu que ele começasse a prepara o futuro do Bianchi terceiro e meu pai entrou na faculdade pra ser dentista. Passou oito anos na faculdade até conseguir sair. Nisso, já tinha dois filhos. Eu com oito anos e o Luciano com três. Meu pai ficou três anos com consultório montado sem conseguir clientela porque era muito irresponsável. Meu avô pagava tudo, contas, roupas pra ele, pra minha mãe e pra nós... alimentação, tudo. Teve uma hora que o velho disse, chega! Cortou a grana e meu pai rebolou pra conseguir sustentar a gente. Teve que começar a aparecer mais no consultório e conquistar a clientela, senão a gente ia morrer de fome. Tínhamos um apartamento lindo no centro chique do Rio e nenhum dinheiro no banco.
Ele riu e tomou mais um gole de uísque. Continuou:
- Mas ele conseguiu se levantar. Seo Breno mudou muito, ficou mais responsável, levava as coisas a sério e manteve o que tinha em pé. Só que sempre com as asas protetoras do meu avô por trás, dando cobertura. Ele parou de sustentar meu pai, mas pagou colégios caros pra mim e pro Lu.
- E sua mãe?
- Minha mãe? Minha mãe não fazia nada. Só cuidava da gente, mimou o Luciano até deixá-lo bem estragado... Gastava, gastava e gastava. Aí eu comecei a notar... que quanto mais meu pai se voltava pra vida em família, menos ela gostava dele. Eu ia crescendo e ia percebendo que o que ela gostava de verdade era da irresponsabilidade dele. E foi deixando de gostar da pessoa linda em que ele se transformou. Engraçado é que eu fui o único que notou isso. Meu pai só foi saber disso quando ela falou que queria se separar dele... há cinco anos.
Ele respirou fundo e ficou olhando para o copo em sua mão por alguns segundos, depois continuou:
- Você perguntou como era a minha vida no Rio, não é? Pois era isso. Era fútil no início e depois ficou triste... e eu tive que mudar para São Paulo pra ela ficar vazia de vez.
Marcos começou a chorar e tomou todo o conteúdo do copo de uma só vez.
- Desculpa... Eu falei que não ia ser legal vir pra cá, Sandra. Eu não estou...
- Ei, não fica assim, ela disse, tocando seu ombro. – Senta um pouco, relaxa, você está tenso demais.
Sandra pegou o copo de sua mão e o levou até o sofá, fazendo-o sentar e sentando-se a seu lado, até que ele se acalmasse. Marcos apoiou o rosto nas mãos e ficou alguns segundo chorando em silêncio. Depois jogou os cabelos para trás.
- Que coisa mais boba, eu, chorando aqui na sua frente...
- Boba nada! Você estava precisando disso. Desabafa!
Ele apertou o rosto contra as mãos e enxugou-o. Encostou no sofá e respirou fundo.
- Desculpe.
- Bobo! – ela disse, sorrindo, acariciando seus cabelos e beijando seu rosto.
Marcos sorriu também e olhou para ela.
- Estraguei tudo, não foi?
Sandra balançou a cabeça, negando. Estendeu o braço e ajeitou o cabelo dele sobre a testa. Depois, devagar seu rosto aproximou-se mais do dele, até seus lábios tocarem os dele suavemente. Marcos correspondeu ao beijo e a abraçou, meio inseguro no início. Quando o beijo acabou, ele ficou olhando para ela e Sandra sorriu.
- Alguma coisa me diz que eu vou sonhar colorido, essa noite.
Ele sorriu também.
- Isso não vale...
- Por que não? – ela perguntou, acariciando seus cabelos.
- Estou em desvantagem: vulnerável e... em terreno alheio.
Sandra riu, beijando-o novamente.
- Sabe a quanto tempo eu estou esperando por isso? – ela perguntou.
- Desde que eu fiz o comercial da Lunny's?
- Não! Quantas já disseram isso pra você? – ela perguntou rindo.
- Umas vinte, só que eu tive o cuidado de não deixar que ela me beijasse antes.
Ambos riram.
- Pois esse não é o meu caso. Eu já te conheço há três anos.
- Dois e meio.
- Que seja... Eu te amo desde que comecei a prestar atenção em você na faculdade.
Marcos ficou surpreso e sério.
- Que foi? Não gostou de saber disso?
- Claro que gostei. É que... Eu não posso corresponder a isso, Sandra.
Ela afastou-se dele decepcionada.
- Por que não? Você não tem namorada que eu saiba. Tem muita fã, mas você um dia me disse que elas estavam mais atrás da sua imagem do que de você pessoa...
- Não, eu não tenho namorada, mas...
Marcos levantou-se e deu alguns passos pela sala, passando as mãos pelos cabelos.
- Você está apaixonado por alguém? – ela arriscou perguntar.
Ele se voltou para ela e respondeu:
- É...
Sandra suspirou sutilmente.
- E quem é ela? Eu conheço? É da faculdade?
- Não, ele mentiu.
- E o que ela está esperando pra namorar com você?
- Ela não gosta de mim.
- Não gosta? – ela perguntou, rindo. – Quem é essa idiota?
Ele sorriu.
- O idiota sou eu, Sandra. Minha imagem pública não obriga o mundo inteiro a ficar aos meus pés. Nem toda garota de São Paulo se derrete por minha causa.
Sandra pensou naquilo e concordou intimamente.
- Era por isso que você estava tão pra baixo lá na palestra?
Ele balançou a cabeça, confirmando. Sandra sorriu entre as lágrimas.
- Mundo besta, não é?
- Desculpa... Eu vou embora, ele disse, indo pegar os cadernos.
- Não! Fica... Sandra disse, impedindo-o de pegá-los. - Não vou deixar de ser sua amiga, só porque você gosta de outra garota. Não sou tão estúpida assim. Fica...
Ela o puxou pela mão e sentou-se no sofá, fazendo Marcos sentar-se a seu lado.
- Eu não quero te magoar...
- Imagine... Não vai... Eu sou de ferro! – ela disse, sorrindo, mas doendo por dentro. – Me diz só o nome dela. Gostaria de saber o nome dessa que é feita de pedra.
- Ela não é feita de pedra, só não é apaixonada por mim, como você diz.
- Não dá nem pra me dizer... em confiança. Como prova de amizade?
- Prefiro não dizer. Não vale a pensa ficar falando disso.
- Ela pelo menos... tem dentes bonitos como os seus?
Marcos riu.
- Adoro quando você ri, sabia?
Sandra tocou o rosto dele e o beijou novamente.
- Acho melhor eu ir... ele disse.
- Hum, hum... Agora não...
Sandra insistiu no seu intento e subiu no sofá fazendo com que ele se deitasse com outro beijo mais atrevido.
Minutos depois, os dois estavam deitados no carpete, cabeças apoiadas em almofadas e olhavam para a grande janela, o sol se pondo preguiçoso no horizonte.
Depois de algum tempo, Sandra apoiou a cabeça na mão esquerda e olhou para ele. Sua mão direita, apoiada no peito dele o acariciava devagar.
- Diz alguma coisa.
Ele olhou para ela e sorriu, com a mão direita só sentindo o movimento da mão dela.
- Dizer o quê?
- Ah, qualquer coisa, tipo... "Caramba, garota, foi muito bom!"
Marcos riu e ela também, escondendo o rosto no ombro dele.
- Meu irmão diria isso com certeza.
- Ele é tão diferente de você assim?
- É. Eu sou um carioca/paulista há cinco anos; ele foi criado no Rio a vida inteira. Tem muito de lá.
- E fisicamente?
- A gente é muito parecido. Minha mãe cismou de pintar o cabelo dele de loiro quando começou a levá-lo a agências de propaganda e de modelo. Queria que ele ficasse mais parecido com ela. Já que nos dois nascemos com os cabelos pretos como meu pai. Ele é só mais baixo uns dois ou três centímetros e tem cabelo mais claro.
- Ele é modelo?
- É, desde os quinze.
- Olhos azuis também?
- Não, essa anomalia só eu tenho.
- Anomalia? É a coisa mais bonita em você! Moreno jambo de olhos azuis? Nem todo mundo tem a sorte de nascer com essa "anomalia", como você diz. É o que mais se destaca nas suas fotos!
- Sempre me dizem isso. Meu irmão parece um pouco comigo, mas parece mais com a minha mãe. Ele é fotogênico demais também. Tem cara de boyzinho de filme de colégio americano.
- Que legal! Então beleza é um mal de família?
- De repente...
- Vocês se dão bem?
- Eu gosto muito dele e acho que ele também de mim.
- Ele tem namorada?
O rosto de Marcos ficou sério.
- Não tinha... Tem... agora tem, mas faz pouco tempo.
- Que foi? Você ficou sisudo de repente.
- Não, não é nada não.
- É da garota dele que você gosta?
Marcos sentou-se no chão e apoiou os braços nos joelhos, sem responder.
- Marcos...
- Era pra ser minha garota... antes de ser dele. Ele chegou ainda outro dia e fez a cabeça dela. Confundiu tudo...
- Se ele fez a cabeça dela, é porque ela não tinha cabeça, Marcos. Pensa bem!
- Não fala assim! Você está falando de alguém que eu amo, Sandra!
- Ela deve ter o quê? Dezesseis, dezessete anos?
- Que interessa a idade? Eu gosto dela!
Os olhos dele se encheram de água novamente.
- Eu preciso esquecer... esquecer dela. Ele está apaixonado por ela também. Na verdade... eles têm tudo para serem felizes juntos. Ela combina mais com ele que comigo.
Marcos se levantou e foi até a janela. Enxugou o rosto.
- Ela tem só quinze anos...
- Quinze? – Sandra perguntou.
- É, mas parece ter mais. Eu não posso me meter, entendeu? Só por isso. Eles têm mais condições de ficar juntos. Só por ele, eu não posso interferir.
Sandra ficou em silêncio, enquanto lágrimas calmas caiam por seu rosto.
- Você quer esquecer?
- Não sei...
- Já é um bom passo pra não esquecer nunca. A dúvida. A incerteza.
- Essas coisas não são assim, Sandra. Não é só dizer; "Vou esquecer" e pronto.
- Eu sei, mas se você acha que não pode ficar com ela, podia começar a tentar, não é?
- Como?
Sandra abriu os braços e sorriu.
- Estou a sua disposição. Quer namorar comigo?
Ele sorriu e deitou-se novamente ao lado dela.
- Eu não posso. Não seria justo com você.
- Eu digo o que seria ou não seria justo, Marcos. Não é justo ela te deixar chupando o dedo. Nós dois podemos dar a volta por cima.
- Ela não me deixou chupando o dedo. Ela nem sabe que eu gosto dela...
- Trocou você pelo seu irmão, dá no mesmo.
- Você está transformando a garota em uma bruxa.
- Já imaginou ela de chapéu de ponta fina, berruga no nariz e toda vestida de preto?
Ele fechou os olhos e imaginou.
- Ficaria linda...
Sandra bateu nele com a ponta do cobertor. Marcos riu. Ela acariciou o rosto dele com as pontas dos dedos e o beijou de novo.
- Deixa eu te ajudar a esquecer essa garota, Marcos.
- Não quero te usar.
- Não vou ser usada. Eu sei que tem alguém nesse coração que não sou eu, mas... eu quero te usar... posso. Já vi que vale a pena.
Ele sorriu e balançou a cabeça, confirmando. O rosto dela se iluminou num sorriso e ela o abraçou.
**************************
Quando Marcos chegou em casa, Thereza estava arrumando a mesa do café da tarde com Mara, mulher de Toni.
- Poxa! Até que enfim a gente se cruza, hein? Há quanto tempo eu não te via! - disse Mara.
- Oi, titia! – ele disse, beijando seu rosto. – Oi, Thê!
- Tudo bem com você, ilustre desconhecido?
- Tudo.
- O Luciano está emburrado aí no quarto por sua causa. Nem almoçou. Nunca vi vocês de biquinho com o outro. O que foi que houve?
- Eu vou falar com ele.
- Aproveita e vê se você consegue trazê-lo pra tomar café.
- Deixa comigo. E o Toni?
- Trabalhando. Hoje vai até as dez.
- Não vejo a hora de estar fazendo isso.
- Logo, logo, meu querido, disse Thereza, sorrindo para ele.
Marcos deslizou a mão pelo rosto da empregada e foi na direção do corredor, abrindo a porta do quarto devagar. Luciano estava assistindo televisão, deitado na cama do pai.
- Oi... Posso entrar?
O rapaz olhou para ele sério e sentou-se na cama. Marcos entrou e fechou a porta atrás de si.
- Demorou, hein? Quanto tempo dura essas palestras que você assiste?
- Depende. Hoje durou duas horas.
- E onde você estava até agora?
Marcos sentou-se ao pé da cama em que ele estava.
- Com uma garota da minha sala de Odonto.
- Hum... Paquera cultural e científica?
- É, mais ou menos... ele respondeu, sorrindo.
- Pensei que você ainda estivesse zangado comigo, Luciano disse, apanhando o controle remoto e desligando a TV.
- Eu não estava zangado com você. Estava zangado com outra coisa.
- O quê?
- Bobagem. Já passou.
Luciano foi sentar-se mais perto do irmão; ajoelhou-se na cama.
- Marcos, eu fiquei a tarde toda aqui pensando... Tentando entender aquela sua zanga comigo...
- Eu já disse que não era com você, Lu...
- Eu sei, o tio Toni me disse que você não ficaria zangado comigo daquele jeito à toa e eu concordei com ele. Depois, aqui pensando, eu saquei o que era.
- Não esquenta, não vou repetir, não era com você...
- Era com a Dione, não era?
Marcos não respondeu.
- Você gosta dela, não é? – Luciano perguntou.
- Que bobagem, cara! De onde você tirou isso?
- Aquilo só podia ser ciúme. Eu juntei o que aconteceu hoje à noite na danceteria. Você veio sozinho pra casa porque não queria vir comigo e ela juntos. Hoje foi a mesma coisa. Você estava com ciúme dela comigo, não é?
- Não!
- Não mente pra mim, Beto! Eu não vou me sentir legal se souber que estou namorando uma garota que você gosta também.
Marcos sentiu o peito doer e lembrou-se da conversa com Sandra.
- Eu não gosto dela não.
- Jura? Sei lá... É até lógico de acontecer. Vocês gravaram aquele comercial longo pra dedéu juntos, foram praticamente cinco ou seis cenas de uma paquera gostosa, num parque, na rua, numa loja, num barzinho... pintou um clima gostoso de sedução adolescente... aquilo tinha que ter continuado, cara...
- E foi só isso, não continuou, Lu. Eu não gosto dela! Nem tinha como, ela é sete anos mais nova que eu. É uma menina. Ela está mais na sua faixa de idade mesmo. Vocês são da Geração Diet Pepsi, garoto! Se liga!
Os dois riram.
- Quem tinha que fazer aquele comercia era você.
- Está falando sério?
- Estou. Eu só fui escolhido porque... quando eles viram a minha foto, pensaram que eu tivesse dezessete anos, eu nem sei porque...
- Sério mesmo?
- Estou falando sério.
Luciano foi até a gaveta da escrivaninha dele e tirou uma foto de Dione.
- Então o que isso está fazendo na sua gaveta?
Marcos gelou.
- É só uma foto, Lu.
- Dela... na sua gaveta.
- Não sei se você reparou, mas a minha está atrás.
- Reparei, reparei sim, mas essa foto estava dentro da capa do seu caderno e com a foto dela virada pra cima. Por quê?
Marcos não respondeu.
- Não mente pra mim, cara.
Marcos se levantou e foi apoiar as mãos na cômoda na parede oposta.
- Não tem nada a ver, Lu... Eu... não sou narcisista a ponto de deixar minha foto no meu caderno exposta pra todo mundo ver. A foto de uma garota tem mais a ver, não?
- Droga, Marcos! Você não consegue me convencer.
- Eu não gosto dela! – Marcos falou, se voltando para o irmão.
- Então como você explica essa foto?!
- Eu não sei! Devo ter colocado lá no caderno sem notar. Essa foto nem é minha. Foi um colega que achou na revista e me deu. Ele talvez estivesse mais a fim dela do que eu, já que comprou a revista. Eu não quero nada com ela, Luciano. Já te falei, ela é uma menina de quinze anos! Ela está muito mais preocupada com o futuro dela no colégio onde estuda e como modelo do que em namorar a sério um cara como eu! A Dione está começando a viver agora; quer mais é curtir alguém de cabeça fresca feito você ou... feito o Victor mesmo. A Dione não faz parte do meu mundo. Não... passou... de um comercial de televisão, meu irmão. Só isso.
Luciano ficou olhando para o irmão ainda não muito convencido.
- Então... você nunca se interessou por ela.
- Ela é uma garota muito bonita, Luciano. Uma boneca loira com cara de anjo. Atrai qualquer cara que tenha o mínimo de gosto estético e eu não sou cego, mas daí querer algo mais sério... Isso nunca me passou pela cabeça.
- Sério mesmo?
- Muito sério.
- Palavra de príncipe regente?
Marcos riu.
- Eu não sou o príncipe regente aqui. Você é.
- Jura de mindinho?
- Já disse que não vou jurar porcaria nenhuma pra você, caramba! Se a minha palavra de irmão não serve...
- Poxa! Fico mais aliviado...
- E se eu dissesse que gostava dela, o que você faria?
Luciano olhou para a foto e respondeu.
- Eu ia sofrer um bocado, mas... deixava ela numa boa. Você precisa casar primeiro que eu, maninho. Hierarquia é hierarquia.
- Que conceito mais medieval, Luciano Bianchi! Em que era você vive, garoto?
- Sei lá... Na era da princesa Dione. A fada loira mais linda que entrou na minha vida.
- Boa sorte.
- Vou me encontrar com ela, agora. Tchau. Me dá essa foto?
- Já disse, não é minha. É do Alberto.
- Ah, claro... Vou ver se acho essa revista e compro uma pra mim.
Luciano colocou a foto nas mãos dele e saiu do quarto. Marcos olhou para a foto e a rasgou em vários pedaços. Sentou-se na cama, colocou os pedaços num cinzeiro sobre o criado e com o isqueiro colocou foto em tudo.
O rapaz chegou à casa de Dione pouco depois do jantar. Ela mesma veio atender a porta. Estranhou.
- Oi! Você não disse que vinha.
- Atrapalho? Se atrapalho, eu volto...
- Não, entra.
Ele entrou meio nervoso. Ela fechou a porta e o convidou a sentar-se no sofá de uma sala bastante confortável. Havia cadernos para todo lado. Típica bagunça de um lugar onde haviam adolescentes estudando.
- Não repara. Não repara. Eu estava estudando... ela disse, recolhendo tudo o que estava mais fácil apanhar.
- Mão, não precisa recolher nada! Eu não quero realmente te atrapalhar. Você está sozinha?
- Meus pais saíram... Foram a um jantar, mas meus irmãos estão aí.
- Irmãos? – ele perguntou um tanto decepcionado.
- É. Tenho três...
Um rapaz de mais ou menos dezoito anos entrou na sala apressado com cadernos nas mãos e disse:
- Estou indo, hein, Didi.
O rapaz parou e olhou para Luciano, estranhando sua presença ali àquela hora.
- Lipe, esse é o Luciano Bianchi, um amigo. Luciano, esse é meu irmão mais velho, Felipe.
- Oi, disseram os dois, apertando-se as mãos.
- Ué! Seu nome não era Marcos? – Felipe perguntou.
- Não, Luciano respondeu, rindo.
- Você não é o cara do comercial da minha irmã?
Dione se adiantou disposta a sanar aquele mal entendido.
- Não, Felipe, esse é o irmão do Marcos Bianchi, ela corrigiu.
- Ah! Pô, parece bem, hein? Bem que eu vi que o cabelo estava mais claro, mas como esses modelos vivem mudando o visual num piscar de olhos... ou de flashes, né? Desculpa o engano.
- Tudo bem...
- Bom... tchau pra vocês. Já estou atrasado. Didi, tira seu gato de cima da minha cama ou eu arranco o couro dele pra cobrir o tambor da minha batera. Tchau.
- Quero ver você fazer isso, chato.
- Não paga pra ver. Aquele pelo cinza dele ia ficar muito radical na minha bateria.
Felipe vai para a porta e ela vai fechá-la depois que ele sai. Voltou-se e olhou para Luciano encolhendo os ombros. Ambos riram.
- Ele está indo pra escola, ela disse. – Estuda aqui pertinho. Está no colégio ainda.
- Eu também não terminei ainda, ele disse sentando-se.
- Não? – ela perguntou, indo sentar-se ao lado dele.
- Não, parei no segundo ano. Cheguei a começar o terceiro, mas já comecei mal. Sofri um acidente de moto, quebrei uma perna e um braço e parei de vez.
- E não vai continuar?
- Sei lá! Minha mãe anda me pressionando. Talvez no ano que vem.
Ele acariciou os cabelos dela e tocou seu rosto.
- Vamos sair?
- Não posso, Lu. Já disse que estava estudando. Tenho prova amanhã.
- Hum...
Ela sentou no tapete e apanhou um dos cadernos que estava no sofá e o abriu, folheando-o.
- Eu posso te fazer uma pergunta, Dione?
- Claro.
- O que você acha do meu irmão?
Ela ficou desconcertada, não respondeu, fingindo ler alguma coisa no caderno. Pensou em alguma coisa e acabou por responder.
- Ele é... um cara legal, inteligente, educado, lindo...
- Você acha ele lindo?
- Você não acha? Você ouviu meu irmão dizer que você se parece com ele.
Luciano sorriu, timidamente e passou a mão pela nuca.
- É, ele é boa pinta sim.
- Seu irmão tem um rosto como poucos. Ele parece um deus grego. Ele fotografa muito bem, é o que todo mundo dizia no estúdio em que fizemos o comercial...
Enciumado, Luciano resolveu ir direto ao ponto.
- O que você sente por ele?
MAR DE AMOR - VICTOR - PARTE 3
SONHAR É DE GRAÇA, A IMAGINAÇÃO DEVE REGER NOSSOS SONHOS
PRA ISSO DEUS NOS FEZ CABEÇAS PENSANTES
BOAS MENSAGENS DEVEM SER ESCRITAS
ÀS VEZES AJUDAM QUEM LÊ, ÀS VEZES NINGUÉM LÊ
MAS O PRINCIPAL É SEMPRE A INTENÇÃO
PAZ, LUZ, ALEGRIA E HARMONIA...
ALÉM DE MUITA SAÚDE A TODOS!