Capítulo 9 MAR DE AMOR - FINAL

MAR DE AMOR - FINAL

Breno olhou para Rosana. Aquela resposta também interessava a ele.

- A gente vai conversar, filho. As coisas não são tão simples assim. O Gilberto não é um moleque. Ele merece meu respeito e...

- Mas sua decisão vai depender do que aconteceu aqui hoje, não vai?

- O que aconteceu aqui hoje, Luciano... vai pesar, mas nós vamos ter muito que conversar... ainda. Tenha paciência.

O rapaz baixou o rosto e olhou para as mãos unidas sobre as pernas.

- A vida é assim, Luciano, disse Breno. – Nem tudo é um joguinho de vídeo game que você zera com algumas partidas.

- Eu sei que não é, o rapaz disse, mas... vocês ainda se amam e têm alguma coisa em comum... não têm?

Breno e Rosana se olharam e sorriram.

- Temos... E o que aconteceu hoje aqui acendeu... uma luzinha no fim do túnel que eu particularmente agradeço a você.

- Eu também... ela concordou, levantando-se e aproximando-se de Breno, segurando sua mão. - Foi a coisa mais bonita que você já fez por nós, querido.

Luciano abriu um sorriso.

- Isso... é um "talvez"?

- É, é um "talvez".

- Caramba! Vocês não sabem como que estou feliz!

Ele se aproximou dos pais e abraçou os dois no mesmo abraço apertado, beijando os rostos dos dois.

- Mas que fique bem claro, filho, que isso não vai começar hoje, disse Breno.

- Eu sei, ele disse de olhos fechados, ainda agarrado aos pais. – Depende da conversa da mamãe com o chato do Gilberto... depende de eu me comportar aqui como meu pai quer... depende de uma pá de coisas, mas... pode acontecer de vocês voltarem, não pode?

Breno e Rosana se olharam e sorriram.

- Pode, meu amor.

- Então vai acontecer... Vai acontecer!

O abraço dele ficou mais apertado. Rosana beijou o rosto do filho.

Ao chegar à faculdade, a primeira pessoa que Marcos encontrou foi Sandra, que estava tomando um chocolate quente com sanduíche natural no refeitório.

Ele sentou-se no banco vazio do lado dela e a beijou na boca. O beijo ia ser rápido, mas Sandra não deixou e prolongou o beijo um pouco mais, puxando-o pela gola da jaqueta. Depois ficou olhando para ele nos olhos.

- Você... pretende largar a minha jaqueta ainda hoje? – ele perguntou, sorrindo.

- Não... ela disse. – Estava morrendo de saudades de você!

- Eu também...

- Mentiroso... ela disse, largando a jaqueta dele.

- Juro! A minha saudade só não é maior que a minha fome. – O que você está comendo?

- Sanduba natural com chocolate quente.

Ele olhou para o atendente e cumprimentou:

- Bom dia, Guima! Traz um pra mim igual ao dela, por favor.

- Bom dia, Marcos! Você manda, disse o rapaz indo providenciar o pedido dele.

- Como foi seu final de semana? – ela perguntou, mastigando um pedaço do seu sanduíche.

- Maravilhoso, fora o fato de que eu não dormi quase nada essa madrugada.

- Por quê? – ela perguntou desconfiada. – Dormiu com quem? Não foi comigo...

Marcos riu.

- Não dormi com ninguém... e com um monte de gente ao mesmo tempo.

- Como assim?

- Dormi... e não dormi, com a minha mãe.

- Caramba, que legal! Sua mãe está aqui em São Paulo?

- Ela passou o final de semana com a gente, mas já está indo embora hoje.

- E veio buscar seu irmão, acredito.

- Foi... e não foi. Eu vou te contar tudo que aconteceu e você não vai acreditar. Minha família é muito louca.

- Conta tudo! – ela disse, curiosa.

Enquanto os dois comiam seus lanches, Marcos contou tudo que havia acontecido naquele final de semana em sua casa. Desde a chegada de Rosana até sua suposta noite de amor com seu pai, orquestrada por seu irmão e todo o resto. Sandra se surpreendia a cada coisa que ele falava e no meio do relato, Alberto, amigo de Marcos, apareceu e aproximou-se dos dois.

- Oi, pessoas.

- Oi, disse Marcos. – Pensei que você estivesse na aula.

- Que aula? Eu estava batendo papo até agora com os caras na sala. Não teve aula nenhuma! O Gouveia não veio. Está gripado e deu cano, mas o que vocês dois estão fazendo aqui? Não disseram pra vocês que não pode matar aula pra namorar, espertinhos. Você não era assim, Marcos Bianchi. Ou você sabia que o professor não viria.

- Não. Não sabia, mas já que ele não veio, fica aqui pra ouvir as minhas fofocas.

- Oba! Fofoca! – disse o rapaz, sentando num outro banco. – fofocas sobre Marcos Bianchi, o gato da Lunny's sempre me interessam. Eu prefiro ouvir as da Dione Garcia, mas... dele também serve. Manda, o que foi que você fez?

- Você também curte a Dione? – Sandra pergunta, com certo despeito.

- Eu sou vidrado nela. Fico de quatro por ela quando ela me mandar.

- Chega, Alberto, Marcos mandou.

- Então se você não gosta que eu fale dela, me devolve a minha foto que ainda está com você.

- Foto? Que foto? – Sandra perguntou.

Marcos olhou para o amigo com cara feia. Abriu o primeiro caderno que estava sobre o balcão e retirou dele a foto que Alberto tinha emprestado, devolvendo a ele. E fez isso quase amassando a foto ao bater com ela no peito do rapaz.

- Toma! Faça bom proveito e curte a minha que está logo atrás, quando você estiver com saudade!

Alberto pegou a foto sem ligar para a zanga do amigo e beijou a foto de Dione várias vezes, colocando-a dentro do próprio caderno.

- Eu vou querer saber dessa foto depois, Marcos? – Sandra perguntou.

- Não, definitivamente não, Sandra. Vamos voltar ao nosso papo...

Marcos teve que contar tudo de novo, porque Alberto quis ouvir desde o começo e agora eram dois surpresos com tudo que havia acontecido.

- Sério que seus pais vão voltar?! – Alberto perguntou.

- Não sei se vão voltar, mas meu irmão conseguiu que eles chegassem bem perto disso. Eles ficaram lá em casa conversando e eu vou saber de tudo quando voltar pra casa hoje à noite.

- Você deve estar muito feliz, amor! – Sandra disse.

- Estou... mas eu sei que nada ficou tão resolvido assim. Mas o Luciano estava nas nuvens quando veio me dizer no meio da noite que os dois estavam "dormindo" no mesmo quarto. Eu quase caí da cama, se não estivesse deitado. Eu não esperava que o plano dele fosse dar certo, como deu.

- É... mas muita coisa e nada pode resultar de uma noite de amor assim... disse Sandra, pensativa. – Eles são humanos e já foram casados e deviam estar morrendo de saudades um do outro. Mas isso ainda pode não querer dizer nada.

- Eu penso a mesma coisa, ainda mais que a iniciativa partiu da minha mãe. Meu pai sofreu mais do que ela depois da separação. Ele ficou muito magoado e curtiu uma fossa federal enquanto esteve separado dela.

- Mas ele ainda a ama, pelo que você falava, disse Alberto.

- E isso ajudou nessa "noite de amor", completou Sandra. – Um homem às vezes não é capaz de resistir a isso... Mas você falou que ela tem um namorado no Rio...

- Pois é... Não quero nem pensar em como vai ser o papo dos dois. Ainda bem que eu não estou lá.

- Fico feliz que pelo menos não teve briga.

- Não, muito pelo contrário, foi uma das tardes mais felizes que todos nós vivemos. Foi muito bom ver todo mundo conversando em paz e contando as novidades uns para os outros.

- Bom... disse Alberto, apanhando os cadernos de sobre o balcão. ...vou voltar pro meu papo furado lá na sala e esperar pela segunda aula, porque aqui eu estou segurando vela e não é não acho isso legal. Vou deixar o casal namorar em paz, já que não tem aula, ok?

- Não precisa ir, cara, disse Marcos.

- Preciso sim. Tchau, crianças. Não façam nada que eu não faria.

O rapaz se afastou.

Marcos pagou o que os dois haviam consumido e foram se sentar num banco que havia do lado de fora do campus. Marcos e ela sentaram-se de frente um para o outro com os cadernos entre os dois.

- Você tem esperanças que seus pais se reconciliem, apesar de todos os contras que possam existir no caso deles? – Sandra perguntou, ajeitando o cabelo dele que voava sobre sua testa.

- Sabe... Eu pensei mais em mim do que neles enquanto tudo acontecia. Eu cheguei a conversar com o namorado da minha mãe, ontem. Ele tem vinte e cinco anos, ela tem quarenta e dois. São dezessete anos de diferença...

- E você está se privando de viver seu próprio caso de amor com alguém que tem só sete anos de diferença de você...

- Ela é mulher, Sandra.

- E você é um homem...

- Ele disse pra mim que não se preocupa nem com o fato de ela não poder mais ter filhos com ele... O interesse dele na minha mãe... aparentemente, parece ser só sexo. Isso é doentio demais pra mim.

- Ele quer ser feliz. Os dois são maiores de idade. O que tem isso demais?

- E ela? Se o interesse dela é o mesmo... se ela voltar pro meu pai, vai acabar caindo no mesmo erro com a cabeça que ela tem!

- Marcos, seus pais já tiveram dois filhos. Já se realizaram como pessoas. Agora podem curtir a vida deles sabendo que já criaram vocês dois e que estão encaminhados. E seu pai não é mais o mesmo de cinco anos atrás. Como ele amadureceu, não pode ter acontecido o mesmo com ela? Ele pode mudá-la e fazê-la pensar mais do que só em sexo... e vocês dois também. A vida de vocês seria diferente.

- Ele vai... ajudar minha mãe a amadurecer também... é isso?

- Basicamente. Talvez o que ela quisesse fazer com o namorado era fazer com ele o que ela queria que fizessem com ela.

- Isso é muito doido, Sandra!

- O que você não quer fazer com a Dione, seu pai vai fazer por sua mãe.

Marcos ficou olhando para ela.

- Lá vem você de novo me jogando pra Dione.

- Um último e decisivo teste, meu gato. Vou te dar um ultimato.

- Ultimato?

- Depois de hoje, não falaremos mais disso. Quero que você decida: ou fica comigo de vez... ou... fica com ela e assume o risco de envelhecer com ela, com todo o perigo de esperar a adolescência dela passar.

Marcos olhou para as mãos dela nas suas.

- Você não quer mais namorar comigo?

- Não... com você dividido. Quero te dar um tempo...

- Eu... não te pedi tempo nenhum, Sandra...

- Eu sei que não. Eu não estou atendendo a um pedido seu, estou atendendo a uma necessidade sua. Você foi bem honesto desde o início comigo. Mas você precisa de um tempo pra decidir se vai ficar comigo inteiro... ou com ninguém, já que não quer ou não pode ficar com ela.

- Você sabe os meus motivos.

- E você sabe o que eu penso sobre isso. Seus motivos são muito nobres, mas... o que você acha ser uma contravenção, eu chamo de... oportunidade de ser feliz. E eu não mereço ter você pela metade? Você não quer nem tentar, Marcos.

- Tentar o quê?

- Conversa com ela! Conversem a sério mesmo. Olho no olho. Veja quais são os pensamentos dela com relação a você! De repente ela é mais madura do que você pensa. Ela é modelo e lida com pessoas mais adultas que ela. De repente...

Ele ficou em silêncio. Sandra passou a mão por seu rosto e disse, sorrindo:

- Tudo bem, ex-namorado?

- Sandra... ele gemeu, quase sentindo dor.

- Não se preocupe. A gente vai se ver todo dia. Como antes, eu, como uma simples mortal e você como o gato lindo da Lunny's e meu colega de classe que eu paquero e amo.

- E isso me ajuda em quê?

- Fácil! Procura por ela e conversem os dois. Depois de uma boa conversa acho que muitas duvidas serão sanadas.

- Eu não tenho dúvida.

- O pior é que você só tem uma certeza: de que não me ama e ama ela.

- Mas ela continua com quinze anos e é namorada do meu irmão.

- E isso também pode mudar. Ela não é uma boneca de louça de um dono só. Namoros começam e terminam todos os dias, como o nosso. E como fui quase eu que comecei o nosso, quase te forcei a isso, te seduzindo, tenho todo o direito de terminar. Vamos pra aula?

Marcos suspirou e segurou a mão que ela estendeu e foram para sala de aula.

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Quando chegou em casa à noite, Marcos não encontrou ninguém acordado. Entrou na sala silenciosa e sentiu vontade de ligar para Dione para marcar logo aquela conversa que precisava ter para resolver sua situação de vez com ela, com Sandra e até mesmo com Luciano.

Ele sabia que a moça chegava à noite em casa, pelo que ela contava para ele quando trabalharam juntos e arriscou. Aproveitando o silêncio da casa, pegou o telefone e discou, correndo o risco de falar com qualquer pessoa da família. Ouviu três toques e ia desistir pensando que não ia ser atendido por ninguém, mas de repente ouviu a voz de um rapaz:

- Alô?

- Alô, boa noite. É da casa Dione Cardoso?

- Quem quer falar?

Marcos hesitou, mas perguntou:

- Ela está?

- Quem quer falar com ela, caramba?

- Marcos Bianchi.

Houve um curto silêncio e uma risada debochada do outro lado.

- Quem é?

- Marcos Bianchi, o cara que fez o comercial com ela. Eu precisava só falar um instantinho com a Dione.

- Você quer que eu acredite que é o Marcos Bianchi, da propaganda da Lunny's que está ligando pra cá a essa hora da noite? – o rapaz debochou.

Nisso Dione apareceu na sala e ficou ouvindo a conversa.

- É o irmão dela que está falando? Felipe, não é?

- Como você sabe meu nome? Você não é o namorado dela, o Luciano, é?

- Não... Eu sou... irmão dele...

- Irmão? Poxa, então é você mesmo! Marcos Bianchi! É um prazer falar com você, cara! Desculpa o mal jeito...

Dione nem esperou que o irmão terminasse a frase. Aproximou-se e tirou o telefone de sua mão. Felipe se zangou.

- Ei! Eu queria falar mais um pouco com ele!

- O telefone era pra mim, era só me chamar, Felipe, ninguém merece. Vá pro seu quarto.

- Você namora com um e o outro telefona pra você a essa hora da noite, é? Moderninha você, não, irmãzinha?

- Some daqui, Felipe!

Felipe saiu da sala fazendo troça com a irmã, jogando beijinhos para ela e cantando a música do comercial.

- "Eu me lembro de você, mesmo sem te conhecer..." Ui, Marcos ou Luciano, meu Deus! Que dúvida cruel!

Dione tampou o bocal do telefone para que Marcos não ouvisse as gracinhas do irmão, mas foi quase inútil. Ele ouviu quase tudo. Ela sentou-se no sofá e atendeu.

- Marcos?

- Oi, Dione. Ele sabe cantar a música direitinho, não?

- Desculpa o idiota do meu irmão. Ele é um sem noção mesmo. Como você está?

- Bem... Eu... queria marcar com você... Queria conversar.

- Conversar? Sobre?

- Sobre nós.

- Nós? Você está falando sério? Ainda existe "nós"? Pensei que isso já estivesse decidido quando você começou a namorar com a Sandra.

- Não namoro mais...

- Não? – ela perguntou, surpresa, e sorriu.

- Não. Eu te disse que ela sabe de tudo, mas... ela não quer mais... namorar comigo, se eu não a amo... como ela me ama.

- Ela é corajosa... ou boba. Começou a namorar você, sabendo que você gostava de mim e vai abrir mão de você, porque você gosta de mim... A gente já podia ter evitado tanto desencontro se você tivesse se decidido antes...

- Não é tão simples, Dione... e é por isso que eu preciso conversar com você.

- E o que eu faço como seu irmão?

- Nada... Ele não precisa saber que a gente vai conversar... sobre isso. A gente pode se encontrar na LPG. Eu marquei com eles de ir até lá decidir se eu ia mesmo gravar o comercial do refrigerante. Acho que posso ir lá amanhã, depois da faculdade.

- Eu vou até a LPG amanhã cedo. Vou gravar outro comercial também da Lunny's.

- Outro? Com quem?

- Sozinha. Quer dizer, com outra garota, a Fabiana Rodrigues. Comercial de meias soquete. Eles estão com uma linha nova de meias muito bonitinhas.

- Hum... Legal... É a sua cara...

Dione se sentiu levemente rotulada e se ofendeu com o jeito dele falar.

- Marcos, não fala assim comigo? Não começa de novo!

- Mas eu não disse nada! Só disse... que o comercial combina... com você... com seu jeito de...

- De criança? Você me chamou de criança!?

- Não... Eu não quis dizer isso, desculpa. Só... – ele passou a mão pelos cabelos impaciente pelo que havia dito sem pensar -...me perdoa. Eu sou um idiota. Vamos conversar amanhã e tentar colocar um ponto final nesse pesadelo e que eu transformei a sua vida...

- Você quer mesmo isso? Não é perda de tempo?...

- Não! Amanhã! Vamos conversar amanhã, ok? Por favor. A gente pode jantar junto.

- Tá... Amanhã.

Quando Marcos desligou o telefone e ergueu a cabeça que estava baixa, por ele estar tentando falar o mais baixo possível, ele viu Thereza parada junto à parede do corredor, olhando para ele. Surpreso, ele chegou a se assustar.

- Oi, Thê! Boa noite!

- Boa noite, filho. Você chegou agora?

- Agorinha.

- Estava falando com quem no telefone a essa hora?

- Com quem? – ele perguntou, nervoso. – Um cara da agência... onde eu vou amanhã. Estava... confirmando que eu vou pra ele... me esperar.

- Era isso mesmo? Você parecia querer esconder o que estava falando.

- Esconder?... Claro que não, Thereza. Eu só queria falar baixinho pra não acordar todo mundo... Por falar nisso, cadê todo mundo? Não encontrei ninguém acordado. Isso é inédito nessa casa.

- Seu tio chegou de viagem e resolveu dormir cedo, ele e a Mara; seu pai foi trabalhar no consultório à tarde depois que sua mãe foi embora pro Rio e chegou com dor de cabeça; também foi dormir, depois de brigar com seu irmão que queria assistir um filme na televisão e ele não deixou, obrigando ele a dormir cedo já que vão sair cedo amanhã. Amanhã vai ser o primeiro dia de trabalho do seu irmão.

- Deu tudo certo com eles então? O Luciano aceitou as condições do pai?

- Acho que sim, se ele queria ficar aqui com vocês, tinha que aceitar, não é?

- E minha mãe, Thê? Ela se entendeu com meu pai?

- Acho que sim. Os dois foram levar a Rosana no aeroporto e o Luciano me disse que teve até beijo na boca entre eles, na despedida.

- Jura?

- De mindinho...

- Legal, ele disse, pensativo.

- Mas... e você?

- Eu? Eu vou dormir também.

Ele ia passando por ela e Thereza insistiu:

- E a sua namorada? Vai bem?

Ele parou e respondeu:

- Nós terminamos, Thereza.

- Terminaram? Já?! Por quê? Começaram a namorar ontem!

- Depois eu te explico. Vou dormir, Thê. Boa noite.

Marcos beijou o rosto da empregada e foi para o quarto. Ela ficou só olhando para ele e depois disse para si mesma:

- Essa juventude... Nem esquentam a cama já querem dormir em outra.

Ao entrar no quarto às escuras, Marcos fez o possível para não acordar o irmão. Acendeu a luz do quarto rapidamente apenas para se localizar e acender apenas o abajur próximo de sua cama. Tirou a roupa e deitou-se de costas na cama, pensando como levaria a conversa com Dione no dia seguinte.

Marcos chegou ao prédio da LPA, agência de modelos, às sete e meia. Logo ao entrar no local, ele já foi encontrando com vários funcionários e modelos com quem havia convivido na época em que havia gravado o comercial com Dione, meses atrás. Como precisava falar com o Osmar Fontes, Diretor da agência que queria conversar com ele. Na verdade já haviam conversado. Iam apenas acertar o novo dia de gravações que haviam sido adiadas anteriormente.

- Bom, você já conhece nosso jeito de trabalhar e vai ser um prazer tê-lo de volta ao cast, Marcos, disse Osmar. – Não tenho dúvida que esse comercial com seu rosto vai ser um sucesso como foi o anterior. Você já cruzou com a Dione Cardoso por aí?

- Não... Ela me falou mesmo que ia estar aqui hoje.

- Ela está gravando o comercial das meias Puket, umas meias bonitinhas que a empresa está lançando. Agora você vai me perguntar: "Por que estão usando o rosto mais bonito da publicidade de São Paulo pra fazer propaganda de meia?".

Marcos riu e perguntou:

- Por quê?

- Porque ela vai colocar as meias... nas mãos, meu amigo! Um recurso bem bolado que o Flávio idealizou que deu muito certo. Serão só fotos e a Fabiana Rodrigues está junto com ela. São essas fotos que aparecem no meio das revistas de adolescentes e tal, mas vai ficar muito legal. Vamos até lá assistir? Devem estar no meio das fotos.

- Vamos...

Osmar foi com Marcos até os estúdios e ambos assistiram as duas garotas sendo fotografadas por Michel, assessorado por Glória. As duas moças estavam vestidas em pijamas muito floridos e com motivos infantis e tinham em volta de si muitas meias de cores muito alegres. Estavam sentadas numa cama grande e pareciam se divertir enquanto Michel brincava com elas, como era de seu costume.

Ao ver Osmar e Marcos aparecerem, Dione ficou séria por um momento, mas depois, incentivada por Fabiana, voltou a rir mais do que antes.

- Xi, meninas! – disse Michel, brincando. – Vieram dois bicões xeretar nas fotos de vocês! Pode?

As duas riram uma para a outra timidamente e não responderam.

- Um deles é quase dono da empresa e o outro... caramba, parece que já vi esse cara em algum lugar! – Você conhece Dione?

- Acho que sim... ela disse, sorrindo e trocou um olhar significativo com Marcos que ninguém percebeu, só os dois.

Marcos ficou assistindo a tudo com os olhos fixos na moça e percebeu que apesar de jovem, ela fazia tudo com muito profissionalismo.

Quando a sessão de fotos terminou, Michel dispensou as duas garotas e elas se despediram com dois beijos uma da outra e Fabiana saiu do estúdio com Osmar.

Dione aproximou-se de Marcos e o cumprimentou com um beijo no rosto.

- Oi, Marcos.

- Oi... Pronta, vamos? Você vai assim?

- Claro que não... O que você achou das fotos?

- Legal... Você é bem expressiva e natural ao mesmo tempo.

- Obrigada... Você espera, eu... vou me trocar? Cinco minutos.

- Claro.

Ela se afastou e entrou no vestiário. Voltou dez minutos depois, vestida numa saia jeans, uma blusinha de linha azul e uma jaqueta curta de napa branca. Ela havia prendido os cabelos no alto da cabeça com um laço delicado e carregava uma bolsinha onde caberiam no máximo uma carteira pequena e o batom.

- Pronta! – ela disse, sorrindo, não deixando aparecer quão nervosa estava.

Marcos olhou-a de cima abaixo e Dione sentiu seu olhar diferente. Perguntou, provocando o rapaz:

- Estou muito infantil?

- Não, claro que não. Você está... linda... Está você.

- Que bom! Aonde a gente vai? Até aquele restaurante de costume?

- Pode ser outro lugar? Naquele restaurante a gente sempre encontra muita gente conhecida e... eu não quero ser interrompido por ninguém.

- É meio difícil ninguém reconhecer você quando está sozinho... ainda mais nós dois juntos, você não acha?

- Eu vou te levar... pro outro lado da cidade...

- Nossa!

- Só por segurança... ele disse, sorrindo. – Você tem horário pra chegar em casa?

- Não... Mas... eu posso confiar? – ela quis saber.

- Se você não confia em mim, não é obrigada a ir.

- Você está de moto? – ela indagou, olhando para si mesma, pois estava de saia novamente.

Ele também se lembrou da última vez e sorriu:

- Não, estou de carro. Sem constrangimentos hoje.

- Melhor...

Os dois saíram do prédio da agência, entraram no carro dele e Marcos a levou a um restaurante na zona oeste da cidade. Oposto de onde eles estavam.

O restaurante era bem localizado, no Alto da Lapa. Quando os dois entraram, havia poucas pessoas dentro dele, mas eles não foram importunados por ninguém.

Sentaram numa mesa discreta, pediram cada um seu prato.

- Você quer beber alguma coisa? Suco de laranja, um refrigerante...

- Vinho, ela disse, olhando nos olhos dele.

Marcos achou a escolha ousada e hesitou.

- Você bebe vinho? – ele perguntou.

- Bebo, não sempre, mas bebo.

- Mas você gosta? Se quiser outra coisa...

- Não, eu gosto de vinho. Em ocasiões especiais, Natal, Ano Novo, aniversários... Não estamos numa lanchonete, estamos num restaurante e eu quero beber vinho. Essa pra mim é uma ocasião especial. Eu não sei como a noite vai acabar, então... quero aproveitar. Se der errado... pelo menos eu vou voltar pra casa feliz.

- O que pode dar errado, Dione? A gente só vai conversar.

- Se você me trouxe tão longe, vai ser uma conversa importante. Você disse que queria conversar comigo sobre "nós"... Quero muito saber o que você decidiu sobre esse "nós" que existiu e depois deixou de existir como um passe de mágica. Eu quero beber vinho pra comemorar qualquer que seja o final dessa conversa.

Os dois ficaram se olhando por um momento e Marcos chamou o garçom, pedindo uma garrafa de vinho tinto doce para o acompanhamento.

Os pratos vieram, o vinho também e os dois começaram a comer em silêncio. Dione comia bem devagar e mastigava bem o que colocava na boca sem olhar para ele. Olhava para as outras pessoas sentadas por ali, mas evitava contato visual com ele.

Percebendo que quem teria que começar a conversa era realmente ele, Marcos tomou um gole de sua taça e perguntou:

- Como vai seu namoro com o meu irmão?

Dione sorriu e tossiu, tomando um gole de vinho.

- Não acredito que você me trouxe aqui pra perguntar do seu irmão...

- Eu não perguntei do meu irmão. Perguntei... Dione, facilita. Eu tenho que falar dele antes de falar de nós dois.

- Não existe e nunca existiu nós dois, Marcos. Você não deixou nem começar!

- Você acha que daria certo?

- O quê?

- Nós dois...

Ela ficou olhando para ele, enquanto mastigava lentamente e quase penetrou dentro de seus olhos azuis.

- Eu te amo...

- Isso não é resposta.

- Você acha que eu posso pensar que não daria certo se eu te amo? Ninguém pode apostar num futuro com ninguém se não há pelo menos a possibilidade de querer que dê certo, Marcos. Eu vi meu futuro com você quando te conheci na agência e o Osmar disse que a gente ia fazer o clipe juntos.

- Por mais incrível que possa parecer... eu também...

- Então por que você deixou a chegar nisso? Por que você envolveu a Sandra e o seu irmão na nossa história?

- Eu não te conhecia direito quando começamos a fazer o clipe, Dione. Você parecia mesmo a garota de dezessete anos que o meu personagem paquerava e eu me apaixonei pelo personagem...

- Por isso eu te disse que você devia ter continuado a paquera na vida real! Eu te falei isso!

- Aqui fora nós não tínhamos dezessete anos, Dione! Aqui fora, eu fui te conhecendo aos poucos e você era a menina de quinze anos e eu o cara de vinte e dois. A nossa realidade era bem diferente.

- E o que é que eu faço com essa realidade? Ensino pro meu coração de quinze anos que ele não pode estar apaixonado pelo cara de vinte e dois? O coração não tem idade, Marcos!

- Tá! Então você se arriscaria a namorar comigo, mesmo sabendo que daqui a algum tempo a gente pode descobrir que foi um erro? Que eu sou um cara quadrado, limitado que não chega nem perto das suas pretensões?

- Você não é quadrado, nem limitado. Você é um futuro dentista, atualizado... decente... lindo...

Dione colocou a mão em seu rosto e Marcos fechou os olhos, colocando a sua por cima da dela.

- Decente...? Eu estou jantando com a namorada do meu irmão... sem ele aqui...

Dione riu graciosamente, com seu jeitinho de menina que fazia alguma arte.

- Faz de conta que eu sou sua cunhada. O que tem demais? Nós trabalhamos na mesma empresa a mais tempo do que eu namoro ele. Não estamos fazendo nada, Marcos.

- Não é preciso fazer nada errado... ele disse, retirando a mão dela de seu rosto. – Só pensar já complica tudo.

- E o que você está pensando que pode ser tão errado assim?

Marcos tomou um gole do vinho e confessou:

- Estou pensando... e tentando bravamente não pensar... que eu queria muito te beijar agora.

Ela sorriu, ergueu o corpo sobre a mesa e lhe deu um selinho. Marcos ficou surpreso com o beijo e riu.

- Você é doida!

- Por quê? Eu não tenho medo de mostrar o que eu sinto pra ninguém.

- E se alguém nos vê?

- Todo mundo já viu nós dois, várias vezes na televisão. E ninguém vai estranhar de nos ver trocando um selinho depois daquela paquera toda do comercial. O normal seria até já nos ver casados depois daquilo, não? Não acontece nas novelas? Os atores e atrizes que formam casais na telinha acabam se casando de verdade na vida real.

- Não somos atores de novela...

- Ah, você agora vai me dizer que aquilo não foi uma encenação. Nós estamos fingindo ser um cara e uma garota de dezessete anos! Todo comercial que tem uma estorinha por trás é uma pequena novela. A mídia adora isso. O público adora isso. Eles compram as coisas que a gente está vestindo por que se identificam com a gente e com a marca. Tem gente que gravou o nosso comercial da Lunny's por nossa causa, Marcos.

- É... pode ser. Mas a realidade é bem diferente da ficção. Aqui fora, você é namorada do meu irmão. Ponto.

- Estamos aqui pra conversar sobre isso. Uma palavra sua e essa situação muda. Você quer namorar comigo?

Ele ficou olhando para ela imaginando se Dione seria mesmo tão descolada a ponto de mudar uma situação tão séria assim tão facilmente.

- O que você vai dizer pra ele, se eu disser que sim?

- Nós vamos falar com o Luciano, juntos. Vamos explicar, juntos, a situação. Eu gosto muito dele, desde o início. Adorei a coragem dele, quando afastou o Victor de mim com tanta inteligência e sutileza. O Victor nem percebeu como foi bobo por cair da teia dele e se deixar enganar. O Luciano me surpreendeu de verdade. Só estando muito apaixonado pra ter feito o que fez. Ele tem uma malandragem carioca quase infantil que não ofende ninguém. Ele te convence pela lábia, mas no fim a culpa é sua por ser ingênuo e ser vítima dos seus próprios erros. Se o Victor não tivesse bebido tanto não teria caído como caiu e talvez ainda estivesse namorando comigo agora.

Marcos sorriu e lembrou-se do final de semana onde seus pais haviam quase se reapaixonado por causa do irmão.

- Eu sei do que você está falando... Ele virou a história da vida da minha família nesse final de semana por causa dessa... malandragem carioca...

- Você vê como, mesmo sendo irmãos, vocês são tão diferentes. Não te vejo querendo passar por cima de ninguém pra conseguir o que quer.

- Você está dizendo que... eu não sou um carioca malandro?

- Você é carioca? – ela perguntou, brincando.

- Nem sei... ele falou, passando a mão pelo rosto. – Eu nasci no Rio, mas acho que viver em São Paulo está me tirando essa... malandragem.

Os dois riem.

- Não se torture por isso. Seu jeito de convencer as pessoas está justamente na confiança que você inspira. Seu carisma. Seus olhos azuis dizem pra gente: "Confia nele. Ele é do bem.".

Marcos piscou várias vezes e voltou a olhar para o prato, encabulado. Nunca tinha se acostumado a ser elogiado por sua beleza

- Você estava dizendo que... a gente vai conversar como meu irmão juntos... quando?

- Quando você quiser. Ele não me ligou no final de semana. Eu imagino que vocês estavam com visita em casa e ele nem se lembrou de mim...

- Não sei se não lembrou de você, mas a cabecinha dele estava em reaproximar meus pais e tentar convencer meu pai a deixar ele ficar aqui em São Paulo.

- E ele vai deixar?

- Vai. E prepare-se para vê-lo cada vez menos. Só nos finais de semana ou quando meu pai deixar. Ele começou a trabalhar com meu pai no consultório.

- Que bom! Mas se eu começar a namorar com você... também vou te ver pouco. Você tem a faculdade.

- Você está falando de um futuro ainda incerto, Dione. Eu nem imagino como o Luciano vai receber de nós dois essa notícia. Ele te ama de verdade e... pode pensar que nós dois o estamos traindo. Que eu o traí! Várias vezes, ele me perguntou se eu gostava de você e eu disse que não.

- Nada que valha a pena acontece com facilidade. Todo mundo tem que fazer algum sacrifício.

- Mas não me agrada nada que esse sacrifício tenha que ser o do meu irmão.

- A Sandra também quase se sacrificou por você quando aceitou namorar você, sem ser amada, não foi?

- Eu não pedi nada pra ela.

- Seu irmão também ia desistir de mim se você tivesse dito a verdade, não ia?

- Tá, a burrada toda fui eu que fiz, já entendi, ele disse, passando a mão pelos cabelos. – Em que pé nós ficamos, então?

- Vamos só dizer a verdade. Não dizem que a verdade liberta?

- Meu irmão veio pra cá pra fugir do namorado da minha mãe, encontrou você, se apaixonou... e vai ser infeliz ficando aqui sem você.

- E a gente tem culpa disso? Eu tenho culpa disso? A nossa estória começou muito antes, Marcos.

Ele ficou olhando para as pessoas nas outras mesas, ainda meio confuso e indeciso, e Dione pegou sua mão, carinhosa.

- Eu vou te ajudar a passar por isso... Eu te amo... A gente vai fazer o Luciano entender tudo e ele vai entender.

- E se não entender?

- Com o charme que ele tem, vai logo encontrar alguém que se apaixone por ele, como ele se apaixonou por mim. Ele é novinho ainda. E tem muito potencial.

- E você não é novinha? – ele perguntou, sorrindo. – Você é mais nova que ele.

- Eu já encontrei o que eu quero...

Dione segurou o rosto dele nas mãos e o beijou longa e apaixonadamente.

- Isso é o meu "sim"? – Marcos perguntou, ansioso.

Ela abriu um largo sorriso e respondeu:

- Eu é que tenho que perguntar! Isso pode ser meu "sim"?

- Sim... sim... sim...

Depois de cada "sim" eles trocaram um beijo terno e sorriram de alívio. Marcos encostou a testa na dela e começou a cantar a música do comercial da Lunnys:

- "Eu me lembro de você, mesmo sem te conhecer...".

- O gato da Lunny's finalmente é meu! – ela disse, fingindo gritar, mas bem baixinho.

Ele lamentou:

- Eu mereço...!

Dione riu e ele a acompanhou, beijando-a de novo, várias vezes no rosto.

*********************************************************

Marcos e Dione começaram a namorar naquele dia, mas ele quis deixar bem claro que eles só tornariam o namoro oficial depois de falarem com Luciano, o que não seria nada simples. Mas foi mais do que eles esperavam.

Quando os dois conversaram com Luciano, ele apenas ficou olhando para os dois. Encarou o irmão e a namorada, agora quase ex, e começou a rir. Marcos e Dione olharam um para o outro e não entenderam nada.

- Do que você está rindo, Luciano? – Marcos perguntou.

- Da vida... De tudo!

- Isso é tão... filosófico, mas que graça tem a vida nesse contexto? A gente está só dizendo que se ama e vai ficar junto.

- Eu já sabia,

- Sabia? Como sabia?

- Eu te falei que sabia. Você é que falou que não seria possível por ela ser muito... criança. Bullshit! A Dione não vai ter quinze anos a vida inteira. Ela tem agora, mas já é bem madura pra idade. Talvez mais madura que você, Macbeto, com esse pensamento retrô.

- Retrô? – Marcos perguntou.

- Você parece ser mais velho que o papai que está aí refazendo a vida dele com a mulher que ele ama, que graças a Deus está deixando aquele gigolozinho dela...

- Não quero falar da mamãe, Luciano. Eu estou falando de mim... e de você. Como é que a gente fica? O que você vai fazer a partir de agora?

- Eu? Nada.

- Nada? Você gosta da Dione e...

- Gosto... – ele disse olhando para a moça. – ...mas ela e sua namorada agora.

- Era sua até ontem.

Dione se levantou e interferiu.

- Vocês querem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui?! Eu não estou em leilão! O Luciano sabia onde estava se metendo quando começou a namorar comigo. Eu nunca o enganei!

- Não mesmo... Luciano diz.

- Você está concordando comigo? – ela perguntou, admirada.

- Estou. Você nunca me enganou. Eu sabia que você tinha uma quedinha pelo meu irmão e isso só se confirmou quando eu te perguntei se você gostava dele e você fez... aquele rodeio todo pra dizer que não. E ele também não me enganou quando disse a mesma coisa. Estava na cara de vocês o tempo todo.

Marcos olhou para Dione e ela para ele. Os dois sorriram.

- Você... não esta zangado então? – Marcos perguntou.

- Estou, mas... eu cheguei aqui no meio da história de vocês. Não tenho o direito de interferir na vida... do casal da Lunny's. Acho que todo mundo que assistiu aquele comercial torceu pra vocês ficarem juntos de alguma forma. Quem sou eu pra interferir?

Marcos abraçou-se ao irmão, emocionado. Luciano sussurrou:

- Eu te falei que saía de cena se você gostasse dela, não falei? Você é lento demais Macbeto.

- Obrigado.

Quando os dois se afastaram, Luciano se voltou para Dione e segurou sua mão.

- Cuida bem dele, Didi. Esse é meu irmão mais legal.

Ela sorriu e lhe deu um beijo no rosto.

- Desculpa ter feito você de bobo.

- Não fez. Fique sossegada. Eu fui escolado no Rio pra esse tipo de situação. Lá está cheio de malandro esperto que tira isso de letra.

- Você é o malandro mais esperto e generoso que eu já vi.

Luciano apenas sorriu e levantou-se, batendo no ombro do irmão.

- Vou nessa. Estão me esperando na agência pra umas fotos de sunga que eu estou doido pra fazer. Os refletores vão me ajudar a matar as saudades do calorzinho carioca.

- Sunga, é? E o papai sabe disso? – Marcos perguntou.

- Vai saber quando a revista sair, ele disse com um risinho safado. – Não conta pra ele. Conto com sua discrição, hein, meu agente!

Marcos beijou os dedos indicadores cruzados.

- Juro que não sai uma palavra da minha boca.

- Esse é o meu irmão! Tchau, gente bonita!

Luciano beijou Marcos e Dione no rosto e saiu.

O casal ficou sozinho e Marcos sentou-se do lado dela no sofá, passando o braço em volta de seu ombro.

- Ele é muito legal, ela disse, sorrindo.

- Pois é. Pensei que fosse ser mais difícil contar.

- Não foi... não é?

Ele olhou para ela e a beijou carinhosa e suavemente. Dione ficou olhando nos olhos dele quando o beijo acabou e suspirou.

- Você vai ter outra tarefa agora...

- Qual?

- Me pedir em namoro pra minha mãe. Eu sou menor, lembra? Não sou a Sandra, emancipada e adulta.

Ele apenas respirou fundo e disse:

- Acho que eu posso passar por isso... Deve ser mais fácil que gravar um comercial inteiro querendo te beijar... e não podendo...

Ela riu e subiu no sofá feito criança, abraçando-se a ele e beijando sua boca várias vezes.

- Eu te amoooooooo!

MAR DE AMOR - FINAL

DEUS NOS ABENÇOE A TODOS NÓS!

OBRIGADA PELA COMPANHIA!

ALIMENTE A ALMA DE PAZ

E HAVERÁ SAÚDE PARA TODOS!

PAZ E BEM

                         

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