"Se eles tentarem ferir qualquer um de nós, eu não
hesitarei."
Balanço a cabeça. Os Pipers eram um bando sem lei, e eu estava certo de que não tinham a intenção de entregar o gado para Molly sem brigar. Olho para ela de relance, seu cabelo vermelho solto debaixo de seu chapéu em ondas de fogo. Embora eu nunca gostei de brigas – levar um soco no rosto dói como o inferno – eu sabia que não teria qualquer dificuldade ao brigar por ela.
Só de estar perto dela durante o dia me fez repensar os meus planos para um futuro solitário no Brady Ranch. Eu conheci muitas mulheres ao longo dos anos, mas nunca uma que me surpreendeu tanto quanto Molly. Ela tinha me tratado bem, mesmo que eu a tivesse insultado na primeira chance que tive. Cuidou do meu joelho, cuidou do meu cavalo, e conseguiu virar minha cabeça ao mesmo tempo. Tudo o que eu pensava sobre ela estava errado. E eu não poderia ter ficado mais feliz sobre isso.
O que Molly não sabia é que tinha um problema ainda maior em suas mãos do que os Pipers. Eu. Quando decido que quero algo, vou com tudo até conseguir isso. Eu trabalharia mais, seria mais inteligente, e faria o que fosse preciso. Enquanto seguimos pela estrada coberta de gelo em direção a casa dos Pipers, meu coração derrete junto com a estrada.
Ela se vira para mim. "Por que você tem esse olhar no seu rosto?"
"Que olhar?"
Ela encolhe os ombros. "Eu não sei. Com um sorriso de bobo?"
Forço meu rosto em sua forma habitual. "Não sei do que está falando."
Suas sobrancelhas levantam, e ela se vira para a estrada. "Se você diz."
"Prefiro que você me deixe ir primeiro e ter uma conversa com Trey."
A linha dura em seus lábios me disse que isso não ia acontecer.
"É meu rancho." Ela freia ao fazer uma curva, os pneus traseiros deslizam pelo gelo antes de aderir ao asfalto embaixo. "Se não posso defendê-lo, então não o mereço."
Sua impertinência estava totalmente garantida neste caso, e meu respeito por ela cresceu ainda mais. Mas eu tinha que mantê-la segura. Entrar em um vespeiro com uma espingarda não parece ser a melhor maneira de fazer isso.
Acalmo minha voz. "Escute, eu conheço Trey há muito tempo. Dê-me uma chance de falar com ele. Talvez resolver isso sem precisar usar armas."
"Posso muito bem falar com eles."
Sorrio quando ela assustou um cervo pastando através da neve perto da estrada. "Você é como uma banana de dinamite esperando para explodir."
"E você é tão sangue-frio?" Ela responde.
Na verdade, eu era, não apenas onde ela estava preocupada. Molly parecia ter um talento especial para me provocar – e em mais de uma maneira.
"Posso lidar com os Pipers." Estendo a mão e cubro uma das suas no volante.
Ela me lança um olhar confuso, mas seu rosto começa a ficar rosado para combinar com o lenço rosa que foi enfiado em seu bolso. "O que você está fazendo?"
"Tentando fazer você confiar em mim." Arrasto meus dedos ao longo do braço de sua jaqueta e a pele nua de sua garganta. "Você confia?"
Ela engole em seco. "Sim."
"Bom. Devemos ser capazes de passar por isso muito bem, nesse caso." Solto-a quando ela nos leva em direção ao pequeno cume e depois desce em direção ao rancho Piper.
"Eles estão comprando muitas propriedades aqui. Talvez seja por isso." Ela balança a cabeça ligeiramente. "Talvez eles estiveram incentivando seus vizinhos a saírem do negócio. Tem que ser isso. Quem entrou no celeiro na noite passada e destruiu nossos quebra-ventos, veio com um plano e homens suficientes para fazer isso."
Eu tinha pensado nisso. "Eles têm abundância de mão de obra. O que vamos fazer sobre os seus quebra-ventos?"
"Nós?" A nota de esperança na voz dela apertou meu coração.
"Sim. Nós." A conheci durante anos, e me indignei com ela um pouco demais. Mas agora estávamos na mesma equipe. Não deixarei seu rancho falhar. Não quando eu pudesse fazer algo para ajudar.
"Bem, eu estava pensando que temos alguns fardos de feno no celeiro mais distante. Mas não o suficiente, não o suficiente para substituir os que perdemos. E então pensei que nós poderíamos coloca-los ao lado do celeiro, deixar que sirvam como um quebra-vento e dispersar os fardos de feno em torno disso da melhor maneira possível. O problema com isso é que a área não tem uma cerca que os mantivessem no lugar, não está organizado para apoia-los, não está organizado para qualquer coisa na verdade."
"E o meu rancho?"
Ela pisa no freio e deslizamos para frente, a caminhonete parando torta, bloqueando as duas pistas, embora não houvesse mais ninguém na estrada com este tempo. "Seu rancho?"
"Claro." Tentei manter minha voz tão indiferente quanto possível. "Nós poderíamos reuni-los amanhã. Deixá-los bem arrumados antes da tempestade-"
"Nem 24 horas atrás você me disse que não pertencia ao meu rancho, e eu não pertencia ao seu. O que deu em você?"
"É diferente agora. Tudo isso. Eu tive a ideia errada -"
"Sobre Papai."
"Sim, sobre isso. Eu não vi isso claramente. Eu deveria saber que ele lhe disse para não vir. Mas acho que eu estava assim, não sei a palavra para isso..." queria dizer a ela como me senti ao perdê-lo, vê-lo desaparecer mais e mais a cada dia. Mas eu não podia suportar machucá-la, de novo não. "Despreparado para isso quando o fim finalmente chegou. Era demais. Eu já era um idiota insuportável antes que-" um pequeno sorriso cruza seus lábios, isso, então me aproximo dela. "E quando seu pai morreu, fiquei duplamente insuportável. E esse é o homem que você viu quando voltou. Pensei que estivesse fora aproveitando a vida enquanto eu fiquei aqui sozinho para lidar com ele."
O sorriso desapareceu e seus olhos lacrimejaram.
"Não." Seguro seu rosto em minhas mãos e me aproximo mais no banco para me sentar ao lado dela. "Não quero mais lágrimas suas. Não por minha causa."
"Mas você estava certo. Eu deveria ter ficado aqui." A angústia nela me rasga em pedaços. "Fui uma filha horrível-"
"Eu estava errado, Molly. Errado sobre tudo isso."
Ela abre a boca para protestar, mas eu não podia suportar ouvi-la repreender-se por mais tempo. Pressiono minha boca na dela, roubando sua respiração enquanto a provo, um sabor delicado que ateia fogo em minhas veias. Ela congela por um momento, então me beija de volta, sua boca movendo-se contra a minha enquanto inclino a cabeça para o lado e passo minha língua na junção dos seus lábios. As abas dos nossos Stetsons entram em conflito, e eu empurro o meu para cima tirando do caminho.
Suas mãos agarraram meus lados, e me inclino para frente, fixando-a ao assento enquanto eu invisto novamente, passando minha língua pelos seus lábios. Ela abre para mim com um gemido, e acaricio sua língua com a minha. Levo uma mão atrás do seu pescoço, colocando-a ali enquanto uso a outra para agarrar sua cintura.
Ela dá a menor lamúria – o som mais sexy registrado na história – quando inclino a minha boca sobre a dela. Nada jamais foi tão delicioso. Seu gosto tomou conta de mim, o menor indício de morango misturado com café. Molly aperta mais forte em minhas laterais, seus seios pressionando contra o meu peito. Eu os queria em minhas mãos, em minha boca. Naquele momento, eu queria tudo que pensei que nunca teria – uma mulher que eu amasse, e apenas talvez, que me amasse também. Tudo isso em um único beijo que queimou através do meu coração endurecido e o estimulou a bater novamente.
A caminhonete começa a se mover, e preciso interromper o beijo e pará-la antes de sairmos fora da estrada e acabar a nossa missão de vingança em um monte de neve.
Molly olha para mim com os olhos vidrados, então pisca algumas vezes. "Ah merda. Eu tirei meu pé do freio."
"Esqueceu onde estava?" Sorrio. "Estou feliz por ter esse tipo de efeito em você."
Ela suspira, mas não nega, o que faz meu ego – e outras partes – incharem um pouco.
"Eu só, hum," Ela olha para mim. "Eu não esperava isso."
Chego mais perto, desesperado por mais uma prova do seu sabor.
Seu pulso acelera, a veia em sua garganta vibra descontroladamente.
Avanço para outro beijo quando uma buzina toca alto o suficiente para fazer meus ouvidos zunirem.
"Jesus!"
Engato a marcha na caminhonete e dirijo para a pista correta quando um jipe passa por nós, o motorista mostrandonos o dedo do meio. Meu coração estava galopando, mas não tanto da buzina do outro carro, e sim pelos lábios de Ingram nos meus. Estrelas brilharam na minha visão, e eu tinha me permitido aquele momento em seus braços.
Eu tinha ficado acordada ontem à noite pensando como seria ele encostado em mim assim? Sim. Eu tinha pensado que nunca realmente aconteceria? De jeito nenhum.
"É melhor irmos." Ele não se moveu do meu lado, seu calor envolvendo-me enquanto sigo o longo caminho para a casa dos Pipers. "As estradas limpam rapidamente, mas quando a noite cai, ela vai congelar novamente. E nós temos um monte de trabalho para fazer no rancho."
Ele continua dizendo 'nós', e a cada vez eu sorrio.
"Agora quem tem o sorriso bobo?" Ele joga o braço sobre meus ombros.
Eu não tinha certeza se tinha caído em algum devaneio com Ingram Brady – da qualidade impertinente – ou se tínhamos quase transado no meio da estrada após uma tempestade de neve. Ele me deixou nervosa, olhando para todos os lados para tentar descobrir o que estava acontecendo entre nós. Eu estava atraída por ele, desde que eu tinha voltado, mas não sabia que o sentimento era mútuo. A tensão sexual? Claro. Mas aquele beijo não era apenas sobre ele tentar entrar em minha calça. Eu podia sentir isso em todo o meu corpo, arrepios escaldantes da cabeça aos pés. Ingram estava atrás de mais. Muito mais. E não sabia se eu estava pronta para isso.
Limpo a garganta. "Você está ficando muito fresco, Sr. Brady."
"Não fresco o suficiente, Srta. Gale." Ele empurra seu chapéu mais firme sobre sua cabeça.
Seguro a caminhonete em uma curva, minha testa enrugando com a concentração. "Eu não esperava isso. Não, assim. Não..."
"Você não esperava que eu beijasse bem?"
Ingram definitivamente beijava bem. Mas não estava prestes a lhe dar aquele pequeno pedaço de satisfação. "Não esperava que você me beijasse."
"Acho que você deve começar a esperar por isso." Sua declaração paira no ar entre nós, e minhas coxas ficam quentes.
Mudo de direção, apenas ficando na estrada porque o sol estava acelerando o processo de fusão.
Ingram aperta meu ombro. "Você consegue. Estamos quase
lá."
Minha mente gira, e tento conciliar esse Ingram com o desagradável que eu tinha esperado. Mas suponho que eles não estavam tão distantes. Na verdade não. Quando Ingram pensou que eu maltratei papai, ele ficou na defensiva, irritado de verdade. E ele tinha razão nisso? Não. Sempre carrego essa culpa comigo, sempre desejo que eu tivesse vindo ver papai.
"Não quero ouvir mais sobre você ser nada menos do que uma grande filha."
Ele estava em meus pensamentos agora também? "O que você quer dizer?"
"Eu sei quando você está pensando sobre isso. Você fica imóvel. Isso destaca, especialmente quando você está normalmente tão cheia de energia. Você brilha, mas você tem uma mancha de escuridão que não pode afastar."
"Eu deveria ter vindo." Pensei nessa frase tantas vezes, me martirizei com isso.
"Não." Ele balança a cabeça resoluto. "Você não deveria. Eu não lhe disse o pior de tudo. Nem mesmo passei perto. E eu não vou. Porque seu pai queria que você se lembrasse dele forte, capaz e feliz. E posso te dizer, sem sombra de dúvida, que você o deixou orgulhoso. Ele a amava muito. Você foi corajosa por respeitar seus desejos. Portanto, chega disso. Nem um pio. Se você quiser se sentir culpada, posso dar-lhe outras opções. Como daquela vez que você me encontrou na cooperativa e me acusou de roubar o gado. Sinta-se mal sobre isso, e escolha uma punição."
"O quê?" Olho espantada para ele.
"Você me ouviu. Escolha uma punição." Sua voz rouca atinge minha pele e meus mamilos contraem quase dolorosamente. Inclinando-se mais perto, ele sussurra, "Escolha com sabedoria."
Seguro o volante mais forte quando um calor curioso domina meu corpo. Deus, suas palavras, tão claras por fora, mas sujas por baixo. Minhas coxas flexionam, pressionando para afastar a sensação de formigamento entre elas. Ele se afasta, mas seus dedos acariciam meu ombro, o movimento tentando roubar a minha atenção da estrada.
"Então, o que você pretende fazer? Apenas ir lá e falar com eles agradavelmente?"
"Algo assim," ele responde.
"Você percebe que não vai funcionar, certo?"
"Eu tenho um plano."
"Importa-se de compartilhar?"
"Não."
Homem insuportável. "Por que não?"
"Você não vai gostar."
"Ótimo," eu brinco.
O arco de madeira que dá acesso a propriedade Piper finalmente aparece, e entro na estrada particular. A casa Piper era a mais nova no lugar, uma grande estrutura de pedra que foi projetada sobre as pastagens e vegetação rasteira. O caminho até a sede está limpo e salgado , provavelmente foi feito em algum momento na noite anterior. Provavelmente no momento que eles conduziram o meu gado em seu celeiro.
Entro no caminho circular na frente da casa cinzento de pedra, as janelas largas olhando para nós.
"Seja paciente, por favor." Ingram abre a porta e salta para fora antes que eu pudesse ter uma palavra. Ele lança um olhar para mim, seus olhos implorando. Eu queria entrar e resolver isso com os idiotas dos Piper. Afinal, era o meu rancho. Mas papai havia confiado em Ingram. Talvez eu deva também.
Merda. Libero meu aperto na maçaneta da porta e me recosto no assento, cruzando os braços enquanto ele toca a campainha. Depois de apenas alguns segundos, a porta se abre, e ele desaparece dentro da monstruosidade de pedra.