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O passeio na roda gigante seguia adorável e divertido, conversamos um pouco sobre nossos desejos futuros e eu revelei que um dia queria viajar para a Coreia do Sul. Saem então garantiu que um dia me levaria, não precisava nem dizer que quase surtei. O garoto me prometeu uma viagem para a Coreia, pelo amor!
A verdade é que eu me sentia bem ao seu lado.
- Acho que a Verônica está dando uma de cupido - comentou, quando a roda parou lá no alto por vários segundos. - A questão é, será que ela tem motivos pra isso? - ele olhou sugestivamente nos meus olhos, com uma carinha de travesso.
Meu coração deu um salto.
- Você está flertando comigo? - me fiz de sonsa, para ver até onde iria a cara de pau dele.
- E se eu estiver? - devolveu, cruzando os braços. - Não posso flertar com a garota linda que eu conheci de novo?
Achei graça.
- Pode, se quiser - respondi resoluta. - Mas não é recomendável.
- Por que não seria? - desafiou, erguendo uma sobrancelha escura.
- Porque ela é assistente da sua mãe e isso a deixaria em uma situação complicada. - quase completei com um der.
Saem suspirou.
- Minha mãe não tem nada a ver com isso, Ananda - advertiu, seu tom soando baixo e rouco. - Eu já sou adulto, posso tomar minhas próprias decisões. - Ele pensou por um instante, acrescentando -, até certo ponto.
- Então - respondi, como se fosse óbvio.
- Minha mãe não pode mais se intrometer até nas minhas relações pessoais. - De repente Saem parecia emburrado ou muito frustrado.
- Desculpe, não quis dizer que ela tem o controle da sua vida - expliquei, receosa de que ele não compreendesse o sentido das minhas palavras.
- Não, tudo bem. - Saem forçou um sorriso. - Ela manda em mim mesmo, é minha mãe. Não tem nada que eu possa fazer, certo? - seu tom soou meio sarcástico, recuei sem saber o que dizer. - Desculpe, estou sendo um babaca! - virou o para o céu estrelado, ficando em silêncio a partir dali.
O silêncio de início foi confortável, depois tornou-se opressor.
- Acho melhor voltarmos logo - avisei, quando a roda ameaçou parar. - Verônica pode ficar chateada sozinha.
- A mesma Verônica que está na fila para a próxima rodada com um garoto bem bonitão? - perguntou rindo, sua expressão mais suave.
Ele parecia não estar mais tão triste como antes.
- É, acho que sim. - dei risada, observando os dois na fila entretidos um no outro.
Quando o brinquedo parou por completo, Saem me ajudou a destravar o cinto e ofereceu a mão para sairmos. Aceitei e, quando senti seus dedos entrelaçando aos meus, perguntei em pensamento se aquilo era o que parecia. Ele estava realmente interessado em mim? Céus, me abanem! Passamos pelos dois, que riam conversando tranquilamente. Verônica acenou, fiz um joinha com o indicador e nos afastamos.
Meu coração fazia tum tum tum tão rápido e alto, me fazendo pensar que em breve o veria correndo pelo parque. Olhei de lado para Saem, ele sorriu e apertou a ponta do meu nariz.
- Seu cabelo não está totalmente solto, mas achei lindo assim - elogiou, me olhando todo gracejos. - Em sete dias acha que eu posso te ver com o cabelo solto? Sem pressão.
- Sem pressão, pode ser que sim - confirmei sorrindo. - Folga definitivamente é dia de soltar o cabelo.
Ele riu e o som de sua risada aqueceu meu coração.
Seus olhos se fechando ao sorrir era uma coisa adorável, eu não me cansava de admirar.
- É tão estranho, tenho que ficar lembrando que te conheço há praticamente dois dias para não fazer o que não devo - confessou, balançando nossas mãos unidas. - Porque sinto como se te conhecesse a vida toda.
- Talvez eu me sinta assim também - assumi, olhando o chão para evitar encarar seus olhos. - Especialmente agora.
- Especialmente agora - repetiu, apertando meus dedos nos seus.
Rodamos o parque conversando e de mãos dadas por bastante tempo. Verônica mandou uma mensagem para Saem, dizendo que estava se divertindo e que não precisávamos nos preocupar com ela. Para combinarmos somente depois à volta para casa. Assenti, pensando que Verônica possivelmente estava dando uma de cupido mesmo. Essa constatação me deixou mais relaxada, significava que foi sincera quando contou que não gostava mais do Saem. No fundo eu tinha medo de magoá-la ou me magoar se começasse a gostar de um garoto ainda envolvido com a ex. Ou se ela gostasse dele ainda, seria ruim para ambas. Não daria para esconder os sentimentos, uma hora ou outra viria à tona.
Enfim!
- No que está pensando? - Saem quis saber, não aceitando meu silêncio.
- Na Verônica - contei sincera. - Ela é tão legal.
- É sim - concordou. - Já falei que ela gostou de você, certo?
- Arrã - murmurei rindo. - É um alívio, de verdade.
- Você não tem ciúmes dela, tem? - perguntou na lata.
- Não - afirmei de pronto. - Por que teria? - desafiei.
Não seria sincera ao dizer que no fundo eu sentia ciúmes sim.
- Você foi irônica, querendo dizer que não teria motivos para ciúmes porque não está flertando comigo de volta. - Saem fez uma expressão pensativa, fechando um pouco o olho direito antes de continuar -, ou quer dizer que entendeu, que realmente não há motivos por não existir mais nada entre a Verônica e eu?
- Fiquei confusa - desconversei, evitando a resposta.
- Você é muito espertinha. - Paramos em uma barraca de algodão doce colorido. - Só por essa malvadeza não vai ganhar algodão doce.
- Ah - balancei nossas mãos como uma criança. - Eu quero!
- Talvez se me pedir com jeitinho. - ele sorriu e eu quase me derreti.
- Por favor - pedi, com a voz mais doce e aveludada que consegui.
Saem pensou por um instante, enquanto a atendente sorria para nós dois acompanhando a interação. Então ele cutucou a bochecha com o indicador, como se pedisse um beijo.
Meu coração flutuou.
Fiquei na ponta dos pés, Saem fechou os olhos e abaixou. Deixei um beijo demorado em sua bochecha, mas queria que fosse na boca.
Eu estava em um dorama? Ah!
Saem abriu os olhos e ficou me encarando como se quisesse mais. Por fim, olhou para a atendente e pediu dois algodões doces: um rosa e um azul.
- Ela mereceu, não mereceu? - perguntou à menina toda boba.
- Mereceu sim! - A garota exclamou sorrindo.
Quando ele abaixou a cabeça para pegar a carteira no bolso, ela fez com os lábios: "Você tem sorte."
Acabei rindo, porque era verdade.
Saem era uma graça, sua fofura alcançava níveis estratosféricos. Era demais para meu coraçãozinho bobo.
- Esse é seu. - Me estendeu o rosa, peguei segurando em frente ao peito como se fosse um bem muito precioso.
- Esse é meu. - Saem enfiou a mão no algodão azul, pegando um tufo.
Fez que iria me dar na boca e eu prontamente aceitei.
- Doce! - constatei satisfeita.
Quando o açúcar começou a derreter na minha língua. Peguei um pedaço do meu e ofereci para ele. Depois virei de lado, tentando controlar o surto, eu queria dar gritinhos histéricos a todo momento. Era complicado agir normalmente perto dele. Isso porque Saem não soprou o cabelo repetidamente até agora. Como se ouvisse meus pensamentos, ele fez exatamente isso quando seu cabelo escorreu nos olhos.
- Por que você tem que soprar esse cabelo? - reclamei brincando. - É uma ofensa, olha as garotas tudo quase desmaiando ao nosso redor!
- Está com ciúmes? - Saem chegou mais perto e tocou minha cintura.
Eu quase morri, é sério. Das outras vezes foi exagero, agora foi bem real.
- Não faz isso senão eu vou desmaiar - ameacei, ele gargalhou - Você é tão fofa. - deu ênfase na palavra e tocou meu rosto com a mão livre, a que antes estava em minha cintura. - A melhor coisa de ter voltado da Coreia até agora foi ter conhecido você. Não quero te assustar nem nada, mas estou feliz de estarmos nos conhecendo - declarou sorrindo.
- Eu também estou feliz - confessei, pedindo internamente que meu coração parasse de bater rápido assim.
Ou eu teria verdadeiramente um grave problema, afinal em qual velocidade um coração saudável poderia bater?