- Roger - Fui logo dizendo. - Pela décima vez queria me desculpar pela burrada de ontem. - Sustentando meu olhar, ele parou bem a minha frente. - Fui uma idiota pela manhã e depois, mais tarde.
- Shhh... - Olhando-me com cobiça, ele tocou os meus lábios com os dedos. - Esquece.
- Eu...
- Já disse, Chloe, esquece. Porque eu já esqueci. - Desta vez afagou ele meu rosto com carinho. - Entretanto, não consigo apagar o seu beijo da minha memória. - O gostosão se curvou e passou a língua sobre os meus lábios entreabertos e os mordiscou de leve.
Como na noite da festa caí em tentação e tomei a boca dele com a minha. Roger puxou-me para mais junto de si, intensificando o beijo, ele foi me empurrando até a sua mesa; e quando eu me encostei no móvel, ele me pressionou com força. Roger estava tão excitado quanto eu. Sua virilidade saltava pelos poros e a minha vontade de pertencer a ele brotova em formato de gotículas de suor.
- Você é tão linda quanto provocante. - Ergueu-me e me sentou sobre a mesa posicionando-se bem no centro das minhas pernas. Segurou meu rosto com as mãos e, mais uma vez, explorou a minha boca como se nunca o tivesse feito.
Desta vez fomos interrompidos pelo telefone. Abruptamente nós nos separamos contrariados e ofegantes.
- Atende - balbuciei. - Vai logo. - Apontei o aparelho, ele esticou o braço e o pegou sem muito esforço enquanto me fitava.
- Roger. - O homem tentador atendeu
- Bom dia, gostaria que você e a Chloe participassem de uma reunião nesta manhã no meu lugar.
- Claro, Luiz. Vou avisar a Chloe. Qual o horário da reunião?
- Dez horas.
- Vou avisá-la. Até mais.
- Obrigado.
Ele colocou o fone no gancho e voltou seus olhos para mim.
- Meu pai? - inquiri.
- Era. Temos uma reunião às 10h. - O meu mais recente amigo chupou meus lábios, deixando-os vermelhos, inchados e brincando com uma mecha do meu cabelo, beijou-me mais uma vez.
- Rogeeer. - O provoquei. - A reunião, esqueceu? - Preciso descer da sua mesa. - Embora não fizesse questão alguma de sair de cima dela.
Com um sorriso safado e olhar atrevido, ele me ajudou e ficamos frente a frente novamente.
- Quero você. - Ele disse por fim
- Roger! Você é comprometido. Já é errado nos beijarmos. Não posso. - Ajeitei minha saia, passei os dedos nos lábios dele para tirar resquícios do meu batom e, enquanto meu corpo expressava uma coisa, minha cabeça manifestava outra. Apressada, eu girei nos calcanhares, e entrei na minha sala pulsando em várias partes do corpo. Sentia uma atração por ele que parecia corrosiva, consumia-me, tragava-me e me deixava ausente da realidade. Eu precisava ser forte, muito mais forte.
Necessitava sufocar o que estava me sufocando. Saí e fui até a copa, bebi quatro copos de água feito uma desesperada, como se assim eu conseguisse engolir algo que estava brotando bem lá do fundo.
- Vou ser forte... Vou resistir a ele... - voltei repetindo essas palavras como um mantra. Tinha um tempo até o horário da reunião, o que era o suficiente para eu me acalmar, como se fosse possível, afinal o beijo dele ainda formigava na minha boca e seu perfume estava impregnado na minha pele.
Antes mesmo do horário marcado Roger e eu devidamente sentados e comportados, aguardamos o fornecedor de grande relevância para a nossa metalúrgica chegar. E assim que o homem em questão adentrou acompanhado de outros dois rapazes, e após os cumprimentos cordiais, o moreno mais atraente que eu conhecia deu início a conversa e enquanto ele abordava algumas questões e eclarecia certas dúvidas sobre um contrato que papai havia iniciado as negociações, eu o observava fascinada.
O modo como Roger se posicionava, era coeso e vestia a camisa da empresa me deixou boquiaberta. Gentilmente em um dado momento ele passou a palavra a mim, fui sucinta e joguei a bola novamente para ele, pois não havia me interiado de tudo, não ainda.
Sem dúvida tinha que concordar, o gostoso de olhos negros sabia impressionar em todos os sentidos. Sua persuasão era nata e ele apesar da boa margem de negociação, superou as expectativas fechando um acordo bem expressivo e rentável.
- Confesso que tenho muito o que aprender com você. - comentei ao nos despedirmos dos fornecedores. - Foi instigante acompanhar nos bastidores.
- Não estava nos bastidores e foi bom tê-la ao meu lado. Altamente estimulante. - Ele abriu um largo e cativante sorriso.
- Isso tem um duplo sentido.
- O que eu posso fazer se a atração que sinto por você é incontrolável? - murmurou ao passo que caminhávamos pelo extenso corredor.
- Devemos cortar o mal pela raiz antes que as coisas degringolem. - comentei a contragosto. - Sabe perfeitamente o quanto é arriscado. Eu sou solteira, mas você está bem longe disso e não acho correto, não faço para os outros o que não desejo que façam para mim. Somos adultos, Roger e donos das nossas ações. A Kelly pode sair magoada dessa história e isso não está certo. - Nesse instante parei em frente a minha sala. - Por favor vamos manter distância, melhor assim.
- Não se preocupe com a Kelly, ela não é frágil. E quanto a nós, tem certeza de que é isso que quer? Distância? - O olhar cobiçoso dele lançado sobre mim era desestabilizante.
- Eu não nasci para ser amante de homem nenhum e não começarei agora.