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O resto da tarde foi uma mistura de momentos e pensamentos que pareciam grudar na minha mente como uma música que não sai da cabeça.
Quando cheguei em casa, encontrei Marianna na cozinha preparando um lanche.
- E aí? - ela perguntou, com aquele sorriso de quem sabe tudo.
- E aí o quê? - tentei disfarçar, mas ela não caiu.
- Você e o Luan? Parece que tem um filme inteiro acontecendo aí e eu só tô vendo o trailer.
Suspirei.
- Tá complicado.
Ela se aproximou e colocou a mão no meu ombro.
- Você precisa falar com ele, Henry. Não dá pra continuar assim. Essa coisa de "e se" vai te deixar louco.
- E se ele não sentir o mesmo? - minha voz saiu quase um sussurro.
- Aí você vai ter que lidar com isso. Mas não vai ser pior do que ficar pensando em como seria e nunca tentar.
Fiquei pensando nisso enquanto comia. A verdade é que eu tinha medo - medo de perder o Luan, medo de estragar tudo, medo de ser rejeitado.
Mas também tinha uma esperança, pequena, mas insistente.
Na noite seguinte, antes de dormir, escrevi uma mensagem para ele no meu celular:
"Luan, tem uma coisa que eu preciso te contar. Pode ser amanhã, depois da escola?"
Demorei para enviar. Apaguei. Escrevi de novo. Mudei. Por fim, apertei enviar.
Ele respondeu rápido:
"Claro, Henry. A gente conversa."
Meu coração disparou como se eu tivesse corrido uma maratona.
Faltam três dias.
Eu vou contar.
Acordei no dia seguinte com o celular vibrando. Era uma mensagem do Luan.
- "A gente se encontra depois da aula, na praça perto da sua casa? Quero te ver."
Meu estômago deu um nó, uma mistura de nervosismo e alegria. Passei o dia inteiro pensando naquele encontro. Imaginei mil jeitos de como a conversa poderia começar, mas o que realmente aconteceria eu não sabia.
Na escola, tudo parecia normal, mas meus pensamentos estavam longe. Quando o sinal final tocou, corri para a praça. Ele já estava lá, sentado no banco, olhando o horizonte.
- Oi - disse ele, sorrindo ao me ver.
- Oi - respondi, tentando controlar o tremor na voz.
Sentamos lado a lado, um silêncio confortável tomou conta por alguns minutos. Foi ele quem quebrou.
- Então, o que você queria me contar?
Olhei para ele, os olhos brilhando com a intensidade do momento.
- Luan, eu... gosto de você. Mais do que amigo.
Ele me olhou fixamente, por um instante que pareceu eterno. Então, um sorriso largo abriu o rosto dele.
- Henry... Eu também.
Foi como se o mundo inteiro parasse para ouvir nossos corações falando a mesma língua. Aquele momento, aquele instante, era tudo o que eu queria e mais.
Faltam três dias. E agora, tudo mudou.