A Princesa em Fuga
img img A Princesa em Fuga img Capítulo 10 Aquele da conversa com o rei
10
img
  /  2
img

Capítulo 10 Aquele da conversa com o rei

Ao invés de correr para o próprio quarto, Harriet invadiu o quarto da Hannah, entrando como um furacão, e ao analisar o local, encontrou Harry ali também.

- Ótimo, os dois estão aqui. Vocês não vão acreditar no que sua mãe fez!

E mesmo sem eles perguntarem nada, Harriet desatou a falar, contou tudo a eles da conversa. Andando de um lado para o outro, impaciente. Não conseguia acreditar que sua mãe estava fazendo aquilo com ela, parecia um grande pesadelo. E naquele momento, a raiva tomava conta dela, e assim ela desabafava com seus irmãos, querendo tirar um peso que ela sentia em seu peito.

Quando terminou de falar, o silencio reinou. Ninguém disse nada durante cinco minutos inteiros, ainda muito chocados para conseguir formular uma frase coerente.

- Nunca foi surpresa que ela queria que você se casasse com o príncipe Jonathan. – Harry disse, por fim. – Mas nunca achei que ela iria tentar força-la.

- Nem eu. – Hannah completou. – Então, se você não aceitar o pedido de casamento, não vai poder ir pra faculdade?

- Exatamente! Ela está me ameaçando de cárcere privado. - Harriet esbravejou. - E o pior é que eu não tenho escolha, eu preciso acalmar os tradicionalistas.

- E se você renunciasse?

- Isso não mudaria o fato que nossa mãe é a rainha, e que pode impedir qualquer um de sair do país. – Harry falou. - E ela vai tentar impedir Harriet de ir, se for possível.

- Talvez você possa ir quando assumir o trono... - Hannah disse, pensativa.

- Aí mesmo que ela não vai poder deixar o país. Somente quando tiver um herdeiro, ou um príncipe regente em seu lugar.

- A rainha Mary veio para cá. – Hannah deu os ombros.

- Mas não o rei, ele nunca vem, a não ser que seu filho fique em seu lugar.

Harriet ouviu as sugestões dos irmãos, sem dizer nenhuma palavra. Até que, incapaz de aguentar nem mais um segundo, caiu no choro, deixando as lágrimas escorrerem pelo rosto.

Parecia ainda mais cruel que tivesse sido impedida de fazer o que queria, agora que estava tão perto. Ela não podia suportar aquilo.

Harry puxou Harriet para um abraço. Dando um beijo no topo de sua cabeça. Apesar de serem gêmeos, Harry era bem mais alto e seus ombros mais largos, de modo que quando a abraçou, ela sentiu-se completamente envolta.

Não sabia como as coisas tinham se sucedido, mas quando percebeu estava deitada na cama, com a cabeça no colo de seu irmão, e sua irmã deitada no lado direito, abraçando sua cintura.

Ela adormeceu assim que suas lágrimas secaram.

No dia seguinte ela se levantou antes de seus irmãos. Tentou sair com o máximo de descrição possível, sem que eles percebessem. Encontrando o corredor vazio, ela correu na direção de seu próprio quarto. Foi interrompida, no entanto, por seu pai, que estava na porta, parecendo a sua espera.

- Harriet, aonde você estava? - Anthony perguntou. - Eu estava querendo falar com você.

- Dormi no quarto da Hannah. - Harriet perguntou, analisando o pai. - O que você queria falar?

- Podemos entrar?

A princesa concordou com a cabeça, abrindo a porta de seu quarto e deixando que seu pai entrasse primeiro e fechando a porta atrás de si.

O pai fez um gesto para que ela se sentasse em uma das poltronas que tinha em seu quarto. Harriet obedeceu, observando seu pai ficar em pé atrás da segunda poltrona, parecendo muito cansado, muito tenso e muito velho.

- Harriet, eu queria deixar bem claro pra você, eu não sabia que sua mãe ia fazer aquilo.

- Ela tem um dom de surpreender todos a sua volta. - Harriet retrucou, irônica.

- Eu também queria que você soubesse, eu quero muito deixar você ir, ainda mais considerando que pode ser uma experiência única que vai agregar na sua vida. Mas, como seu pai e seu rei, eu tenho que prezar acima de tudo o seu futuro como a rainha. E, infelizmente, para isso precisamos acalmar os protestos e os nobres.

- E para isso eu preciso me casar? - Ela perguntou com ódio.

- Eu não queria isso, eu não quero que se case com alguém que não gosta. Quero que você seja feliz, mas você é a princesa, e tem responsabilidades.

- Não sei aonde você quer chegar com isso.

- Que por mais que me doa dizer isso, eu acho que sua mãe tem razão, pelo menos em parte. - Ele disse, fazendo uma pausa. - Você precisa se noivar, mostrar que você está séria quanto a isso, que você está fazendo isso por eles, para dar pelo menos um pouco do que eles querem.

- Você quer que eu aceite a proposta de Jonathan. - Ela disse lentamente.

- Eu quero que você escolha e anuncie um noivado, com qualquer nobre. Não precisa ser o príncipe Jonathan.

Harriet esperava por aquilo, depois da conversa de ontem. Mas isso não tornou aquilo mais fácil, e não mudou o fato de que ela sentia raiva por estarem forçando um casamento nela.

- Eu não acredito nisso. - Sua voz saiu quase como um sussurro.

- Harriet, eu gostaria que tivesse uma outra escolha, gostaria mesmo. Mas os tradicionalistas não querem você no trono, querem um homem. Ter alguém do seu lado, mesmo que seja só um príncipe consorte, vai acalma-los.

- Vocês querem me vender. - Ela continuou. - Assim como os reis vendiam as princesas em troca de alianças.

- Não é bem assim, querida, eu só quero garantir seu lugar no trono...

- Um trono que eu nem queria em primeiro lugar! - Harriet gritou, se levantando. - E é exatamente assim! Você quer me obrigar a casar, só para conseguir a paz entre os tradicionalistas e a minha coroa.

- Harriet Viollet! - O rei vociferou. - Eu quero assegurar seu futuro no trono, não só o seu mas como de qualquer outra mulher que vier depois, e se para isso signifique abrir mão de algumas coisas, assim vai ser!

- Algumas coisas?! Um casamento não é só alguma coisa, é a minha vida inteira! É a pessoa que eu vou passar o resto da minha vida!

- É um preço pequeno a pagar pelos privilégios que se tem. E eu lamento fazer isso, mas se você quiser assumir o trono algum dia, se você quiser fazer sua viagem, se quiser realmente ir para alguma faculdade em outro lugar no mundo, vai ter que se noivar! Lamento ter que fazer isso, lamento mesmo, Harriet.

A princesa ficou perplexa, por vários minutos ficou esperando acordar do que parecia ser um pesadelo. Ela sentia seu coração afundar em seu estomago, se sentia fraca, sem chão. O pai suavizou sua expressão, ajeitando sua postura e seu terno, então encarou sua filha.

- Me conte o que você decidir. - Ele falou, saindo do quarto e deixando a princesa sozinha.

            
            

COPYRIGHT(©) 2022