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Seus pais caminharam juntos para o escritório, com a princesa a alguns passos atrás.
Assim que Harriet passou e, fechando a porta atrás de si, sentou na cadeira na frente de seu pai, ele começou a falar.
- Harriet, nós conversamos muito sobre o que você me pediu. E existe a possibilidade de você ir...
- Isso é algo bom, não é? Se existe a possibilidade, então eu... – Harriet respondeu, radiante.
- Isso não significa que você vai.
Toda a felicidade se esvaiu de Harriet, que perdeu sua postura, se encolhendo em sua cadeira. Ela olhou do pai, que mantinha um olhar triste para ela, para mãe, que estava em pé atrás do rei, e evitava olhar para ela.
- Eu pensei que... mas na reunião hoje, Marco e Nicolas...
- Eles são a minoria. Os nobres acham que nós deveríamos dar a coroa para Harry, e você está em uma situação muito delicada. Não podemos nos dar o luxo de deixar você ir.
- Mas vocês disseram que iam discutir maneiras de melhorar minha imagem. - Harriet falou lentamente. - Eu faço o que for preciso.
Anthony hesitou, abrindo a boca para falar algo, mas sem conseguir dizer nada.
- Eles querem que você se case. - Nicole falou, sem hesitar, sem nenhuma pena.
Harriet sentiu seu coração afundar em seu estomago. Ela procurou o olhar do pai, esperando que ele negasse. Não podia ser verdade, eles não podiam querer vende-la assim. Mas seu pai não negou, ele simplesmente acenou com a cabeça. A princesa não conseguiu evitar e lançou um olhar de ódio para a mãe.
- Eles ou você? - Ela perguntou, cuspindo as palavras.
- Você acha que essa ideia é minha? - A rainha perguntou, incrédula.
- Era você que queria tanto que eu me casasse com Jonathan em primeiro lugar, tenho certeza que você conseguiu os influenciar!
- A ideia não foi da sua mãe. - O rei parecia muito cansado ao dizer essas palavras. - Eles não querem uma rainha no trono sem um rei. Se você ficar noiva, vai dar esperanças a eles.
- E por que deveríamos dar esperança a eles? Nós estamos no topo da hierarquia, eles deveriam se curvar a gente, não ao contrário!
- Se você pensa assim, então estou certo que você não deveria ir a lugar algum.
- Como? - Harriet perguntou, incrédula.
- Sem seu povo, os nobres, você não é nada. É só uma garota fantasiada de uma princesa. - O rei falou com a voz grave. - Para eles se curvarem a você, você tem que mostrar que está disposta a se curvar para eles!
- Mesmo que isso signifique ser infeliz? - A princesa se levantou, ficando cada vez mais irritada.
- Você fala como se o casamento fosse o fim do mundo! - A mãe disse, ficando impaciente.
- E você fala como se fosse a melhor coisa que já me aconteceu.
- Vamos nos acalmar. - O rei massageou sua têmpora. - Harriet, nossa prioridade é melhorar sua imagem, e se as coisas melhorarem, nós deixaremos você ir. Você ficar noiva melhora a imagem.
A princesa voltou a se sentar, encarando o pai, sem nem piscar.
- Eu tenho que me casar?
- Não necessariamente. - Ele respondeu, para alivio da princesa. - Mas seria bom se você começasse a procurar um noivo.
- Ela não precisa procurar um noivo, ela já tem um. - A rainha cruzou os braços, erguendo a cabeça.
- O que? - A voz de Harriet saiu estridente.
- Você vai aceitar o pedido de casamento do príncipe Jonathan, isso é, se você quiser fazer sua viagem.
Harriet ficou completamente chocada, olhando para sua mãe, incrédula. Ela sabia que sua mãe era a favor do casamento dos dois, mas aquilo era demais, até mesmo para ela. Sua mãe a estava chantageando para que a princesa fizesse exatamente o que ela queria.
- Mas, Nicole... – O rei começou a falar.
- Mas nada! Você tomou essa decisão sem mim, você se reuniu com os nobres sem ao menos me avisar. – A rainha se voltou para a filha. – Se quiser ir, essas são as condições.
- Eu não vou me casar com ele! A única pessoa que quer esse casamento é você!
- E os nobres, e o seu povo. Não sou eu que estou te dando um ultimato sobre o casamento, só estou dizendo com quem você tem que se casar. Jonathan é o filho de uma querida amiga minha e...
- Eu mal o conheço! – A princesa gritou. – Eu não gosto dele e não vou me casar com alguém que não gosto! Pai, por favor...
- Não! Você não vai falar com sua voz mansa e piscar os olhinhos brilhantes para ele! – Nicole vociferou. – Ele pode ter permitido, mas eu ainda sou rainha e a sua mãe, e até onde eu sei, para você sair desse país e desse palácio precisa ter minha autorização também!
- Então é isso? Você pretende me manter em cárcere privado pelo resto de minha vida?
- Claro que não, eu já disse, você pode ir para a faculdade, criar suas experiências, fazer novas amizades, viver sua vida normal. – Ela disse, desdenhando, em um tom levemente irritado. – Mas, antes de ir, vai aceitar o pedido do príncipe, anunciar o noivado no baile de sábado, assinar os termos do contrato de noivado, e começar os preparativos do casamento.
- Eu não vou me casar com ele! – Harriet disse entredentes. - Eu até aceito a possibilidade de começar a procurar um noivo, mas eu me recuso a me casar com alguém que não gosto ou conheço.
- Então diga adeus a sua grande oportunidade. Você tem até o baile para decidir.
- Eu te odeio! – Harriet gritou em sua direção. – Você não se importa comigo, ou com minha felicidade! Só com a droga da sua coroa!
E como um furacão, Harriet saiu do escritório, batendo a porta com toda a força que tinha e correu em direção ao seu quarto.
A rainha se jogou na cadeira mais próxima, soltando um alto suspiro. Então levou as mãos as têmporas, massageando-as para que a dor de cabeça passasse.
- Eu não a entendo, de verdade. – Ela sussurrou.
- Eu não te entendo, Nicole. – O rei retrucou, muito sério. – Isso tudo já é muito difícil para ela, e você torna tudo mais difícil, para que?
- Você sabe muito bem que eu quero que ela case com...
- Exatamente! Você quer! É o que você quer e não o que ela quer! Você acha certo força-la a se casar com alguém que não gosta?
- Até onde eu sei, você não queria casar comigo tampouco. – Nicole retrucou, cruzando os braços. – E olhe como estamos? Somos felizes juntos, perfeitos um para o outro.
- Não somos. Dificilmente consideraria que somos perfeitos um para o outro. Mas nós nos esforçamos para isso, nós nos amamos, conseguimos construir isso com o tempo...
- Ela também pode, se ela quiser, ela vai conseguir construir e então...
- Mas ela não quer! – O rei gritou. – Se você conhecesse o mínimo da sua filha saberia que, diferente de eu e você, ela nunca conseguiria fazer isso dar certo, se não for a escolha dela. Porque ela precisa da liberdade da escolha, ela precisa saber que tem uma opção. Harry talvez conseguisse, a Hannah com certeza, mas a Harriet nunca!
- Ela tem uma opção! – A rainha gritou de volta. – Eu acabei de dar a opção a ela!
- Isso, Nicole, dificilmente foi uma opção. Foi mais uma chantagem. – Ele soltou um grande suspiro. – Agora se me dá licença, eu vou pedir para o mordomo preparar um quarto para mim. Assim como a Harriet, preciso de um tempo sozinho.
Ele saiu dali, deixando a rainha sozinha com seus pensamentos.