Capítulo 4 O início do fim

As mãos de Andrew pareciam maiores do que antes, o hálito mais fresco, a pele mais quente. Tudo pareceu sumir, Lisa fechou os olhos com o coração aos pulos, esperava tudo de um casamento por contrato.

Menos o que estava acontecendo.

Esperou pelo beijo, queria! Tudo nele era excitante e por mais que fosse loucura querer se entregar a um homem que não conhecia.

Pelo menos daquela loucura ela achou que tiraria algum proveito.

- Não vai cozinhar, senhora Forts?

A voz de Andrew cortou o sonho, enquanto ela se imaginava sem roupas embaixo daquele homem ele apenas a olhava divertido com a reação da garota.

- Eu, vou! Claro que sim.

- Sinta-se à vontade para agradar o seu maridinho.

Falou rindo enquanto Lisa se afastava dele.

Pensou que ela realmente era uma golpista linda, putas sempre são!

Achava impossível que Lisa ainda não tivesse associado o sobrenome Forts com a fortuna que a família possuía.

Mesmo assim, lá estava ela fingindo acreditar e tentando se enfiar em sua cama.

Se houvesse um preservativo, com certeza aproveitaria a oportunidade.

Não havia e não correria o risco de ser pai de uma caçadora de recompensas barata.

Mesmo que fosse uma oportunista encantadora.

Se sentou esperando que ela preparasse a comida sem um fogão, em uma casa sem energia.

Estava falando com o guarda-costas quando uma sensação incômoda e leve surgiu em seu pescoço.

Segurou achando ser um fio de cabelo de Lisa

Cabelos femininos sempre se soltavam.

A mente demorou alguns milésimos de segundos para notar que era na verdade um inseto.

Jogou a barata, só não mediu a força e o bicho bateu nas pernas de Lisa.

A confusão ficou ainda pior com ela jogando os legumes para cima e gritando descalça.

Andrew caiu na risada, não se lembrava da última vez que tinha rido tanto em apenas um dia.

Matou a barata e anunciou que precisava sair.

- Eu já volto.

- Vai me deixar sozinha com esse monte de baratas?

- Deveria estar com medo dos seus vizinhos, com certeza são piores do que os pequenos insetos.

Ele não esperou pela resposta, apenas saiu deixando Lisa em pânico, perdida e sem saber o que fazer.

A garota começou pelo quarto, limpou tudo o que pôde, gritou algumas vezes quando foi surpreendida por visitantes rasteiros.

Mas continuou.

Embaixo de algo que poderia ser chamado de pia, encontrou diversos produtos de limpeza, todos lacrados.

- Então não costuma limpar a casa, nem usar toalhas, senhor Andrew.

Falou sozinha enquanto se lembrava do cheiro da toalha que pegou no banheiro. O tecido ainda rígido de goma, a etiqueta completamente legível.

Nunca tinha sido usada, sabia disso.

Havia procurado no tecido o cheiro dele, mesmo inconscientemente queria conhecer o que o corpo de Andrew escondia.

Agora, tinha mais dúvidas do que respostas.

Precisava encontrar Mick, o irmão estava em perigo, e tudo por culpa dela!

- Como alguém erra o noivo?!!

Lisa estava pensando sobre isso quando Andrew chegou com duas sacolas enormes.

Tirou uma máscara ridícula e colocou no rosto da menina.

- O que está fazendo?

Ele vestiu uma máscara exatamente igual, Lisa se sentia em um daqueles filmes de apocalipse e que as pessoas não podem respirar sem máscaras.

E então ele começou a pulverizar veneno em cada canto do lugar.

Ela correu para proteger a comida.

E quando Andrew finalmente terminou o seu extermínio olhou para a esposa com a expressão vitoriosa.

- Prazer, seu herói.

Lisa ergueu uma sobrancelha e entortou o canto da boca.

- Obrigada, mas pode me responder como vamos comer com essas máscaras na cara?

- Tiramos as máscaras!

Andrew puxou rindo, mas começou a tossir em seguida.

- Forte mesmo, né?!

- É

Terminaram os dois sentados na calçada comendo o macarrão ensopado com legumes que a menina havia preparado enquanto Andrew tinha saído para comprar o veneno.

- Hum, está muito bom, Lisa.

Ela sorriu satisfeita.

- Obrigada, aprendi com a minha mãe.

De repente o semblante da menina mudou e Andrew achou que fosse só mais uma técnica de manipulação.

Fazendo cara de choro para forçá-lo a perguntar o motivo, não cairia nesse jogo nem se fosse um adolescente.

E não era.

Perguntou outra coisa com a intenção de frustrar os planos da garota.

- E posso saber como conseguiu cozinhar sem um fogão? É uma bruxa e não me avisou? Vai me enfeitiçar com essa poção mágica, por acaso?

- Chama-se inteligência, meu caro.

- Acendi várias velas, usei a grade da geladeira para apoiar as panelas em cima, mas se quer saber. Foi exatamente pela inteligência que as bruxas foram queimadas.

Andrew ficou em silêncio. Mas a achou encantadora.

Conversaram sobre o casamento de Lisa com o tal empresário russo e como Georgina tinha desaparecido no dia da cerimônia.

Dois eventos loucos que culminaram com o encontro de Lisa e Andrew, ela omitiu que o irmão tinha envolvimento com drogas, ele não contou que a noiva havia roubado cerca de cem milhões de dólares em joias que havia no cofre da casa em que morariam juntos.

Segredos à parte, ficaram presos apenas ao que achavam que poderia ser dito.

E quando o sol começou a nascer no horizonte ele deixou que ela dormisse no quarto enquanto Andrew se espremeu no sofá de dois lugares.

Só não sabiam que enquanto os dois olhavam para o teto pensando um no outro.

O perigo real estava bem mais perto do que podiam imaginar e algo mudaria a vida deles para sempre.

Não ouviram os gritos, nem se deram conta do choro, o primeiro apartamento foi invadido exatamente às oito da manhã.

Enquanto Lisa dormia agarrada a um travesseiro.