Capítulo 9 Entre a Máfia e o Vor

O celular foi a parte mais simples do plano.

Aquelas pessoas pareciam ter certeza de que ela não era nada além de um animal imprestável.

Usavam o que queriam, mas jamais a viram como alguém inteligente.

Lisa sorriu para um dos capangas de Mathew, deixou que ele a tocasse e enquanto se beijavam ela puxou o aparelho.

- Me solta, meu Vor está chegando.

Ele ainda tentou segurá-la, mas a menina correu para longe e subiu as escadas correndo.

Todos acreditavam que ela servia o Vor.

Muitos até a deixaram em paz depois que o chefe começou a tratá-la melhor.

Entregou o celular para Andrew com o coração aos pulos.

- Toma, seja lá o que vai fazer precisa ser agora.

Andrew pegou o aparelho e enviou uma mensagem para o amigo.

-Mason, preciso de você.

A resposta veio segundos depois.

-Senhor Forts? Andrew?

-Isso, meu amigo, estou numa enrascada daquelas.

- Achei que o senhor estava morto, seu irmão fez o seu enterro.

A informação fez o homem paralisar por alguns segundos antes de conseguir reformular outra mensagem.

- Estou vivo, por enquanto.

Enviou a localização para o guarda-costas apagou o histórico de busca e as mensagens.

Olhou para a garota que acompanhava tudo sem entender nada, devolveu o celular, segurou a mão dela.

- Eu não fui totalmente honesto com você, Lisa.

- Você também é envolvido com drogas? Porque se está atrás dos traficantes do beco acho que estão todos mortos.

Andrew esboçou um sorriso, se arrependeu de ter pensado que aquela menina era mais uma oportunista assim como Georgina havia sido.

- Nunca fumei nem cigarro eletrônico.

- Então o que está escondendo? É um assassino ou coisa assim? Foi o seu pacote que o Mick perdeu?

- Eu acho que matei algumas centenas de baratas na melhor noite da minha vida. Isso conta para me transformar em um assassino?

Lisa perdeu a paciência, tinha acabado de roubar o celular de um russo que se ajoelhava quando outro passava e lá estava Andrew com suas piadas.

- Dá para parar? Eu preciso ir.

- Confia em mim. O Mason é meu amigo, ele vai saber o que fazer.

Ela confiou.

E o guarda-costas de Andrew realmente tentou, mas o lugar parecia um quartel da Segunda Guerra. Não conseguiu nem se aproximar da casa.

Na segunda vez em que conversaram Andrew já tinha entendido a proporção do problema.

-Estou ficando sem tempo por aqui.

-Chefe, sou só eu, se eu tentar e me descobrirem ficamos os três.

-Tem um contato no meu celular. Lucian, ele vai ajudar.

Mason havia explicado que com a suposta morte de Andrew, o irmão mais velho havia tomado a direção da empresa, não tinha como contratar outros homens.

- Esse homem não trabalha para os Forts. Ele tem um negócio próprio, ligação com o governo. Fale com ele.

- Senhor, eu não sei onde está o seu celular, não se lembra do número, um endereço, qualquer coisa?

Enquanto os dois discutiam, Lisa fingia estar limpando a porta vigiando para que ninguém entrasse.

Naquele dia nada foi resolvido.

Mas no próximo contato, como se o destino finalmente quisesse colaborar... Mason mencionou um convite que havia sido direcionado ao chefe.

- Diz apenas A Família convida seu associado. Catorze mil duzentos e cinquenta e oito. Andrew Forts. Acho que deve ser o valor do presente.

- A família?

- Sim, senhor.

- Você precisa ir, Mason.

O guarda-costas foi o primeiro a saber da ligação de Andrew com a máfia americana.

Não era como se pertencesse ao grupo. Fazia doações, uma aliança que havia nascido no passado, com o avô Forts e se perpetuado.

Pagamentos mensais, mas que ele jamais procurou de fato saber do que se tratavam.

Contou o que sabia ao segurança e Mason perguntou incrédulo.

- Capo? Como nos filmes antigos?

- Acho que sim. O Lucian saberia falar melhor. Precisa ir a essa festa, precisa se passar por mim, vão perguntar o seu número.

- Senhor, essa festa é no Brasil.

- Precisa dar um jeito, Mason.

Foram dias de mensagens trocadas, com a notícia de que o herdeiro Forts estava morto. Nenhum dos amigos de Andrew quis ajudar com dinheiro.

A maioria pensou que Mason estava inventando algo para se aproveitar da situação.

O guarda-costas vendeu o próprio carro e foi a festa. Só mais uma tentativa frustrada. E avisou ao patrão.

- É o casamento de um tal Foster.

- Preciso dele.

Encerraram a conversa dessa forma, mas a melhora de Andrew teve consequências.

Quando ele soube o que a esposa era obrigada a fazer ele quis ajudar.

- Somos prisioneiros, não somos? Então não há nenhuma lógica eu ficar aqui deitado enquanto você trabalha.

- Não quero a sua ajuda, Andrew.

- Mick, precisa se acostumar a me chamar assim, pelo menos por enquanto, irmãzinha.

Lisa achou que havia convencido o rapaz, mas na manhã seguinte ele já estava na cozinha quando a menina acordou.

A boca sangrando e o nariz inchado mostravam que ele tinha se encontrado com algum dos capangas de Mathew.

Sentiu as pernas bambearem, correu para ele, quase o beijou, mas Andrew segurou a cabeça da menina e sorriu.

- Bom dia, maninha!

Ela segurou o nome dele preso na garganta. Passou a mão no rosto do rapaz.

- O que aconteceu?

Foi a governanta quem respondeu.

- Ele teimou com um dos vory.

Era a forma como ela chamava os capangas, e Lisa já estava habituada.

Andrew passou o dia trabalhando junto com ela e por um tempo a menina gostou da experiência, conseguiam conversar alguma coisa e até tocar a mão um do outro, mesmo que de relance.

Mas quando Mathew chegou e viu o prisioneiro esfregando o chão, ela notou os olhos do russo mudarem.

- Então finalmente está melhor, Mick?

Mathew tentou esconder o interesse, mas apertou o próprio membro sobre as calças.