- Pensei que você fosse ficar na cama da minha prima pelo menos até o meio dia - falou Douglas.
- Não é uma má ideia, mas vim preparar o café da manhã dela primeiro.
- Que homem romântico - comentou uma das garotas que estava com eles na cozinha. - Preciso encontrar um desses, já que o meu me acordou para fazer o café dele. - revelou olhando para Douglas acusadoramente. Ele deu de ombros e sorriu cinicamente.
- Vou ajudar você! - Saiu e logo voltou trazendo uma bandeja.
Hábil, Owen não levou muito tempo para organizar um café da manhã especial, pois tinha muita experiência, passou alguns meses coordenando a equipe da cozinha no hotel onde trabalhava.
- O toque especial! - Douglas trouxe uma rosa que depositou ao lado de um dos pratos. Olhou para o amigo e acrescentou: - Ela vai gostar muito, Owen.
Ele assentiu e saiu.
Entrou no seu quarto e encontrou Ellis acordada, porém ainda deitada. Ela abriu um imenso sorriso ao vê-lo.
Owen depositou a bandeja ao lado dela na cama e também sentou-se. Pegou a rosa e beijou a flor entregando a ela.
- Bom dia!
***
Tomaram café da manhã enquanto conversavam sobre suas vidas. Ellis, muito curiosa sobre ele lhe fazia várias perguntas.
- E você gosta de trabalhar em um hotel?
- Muito, as vezes é bastante cansativo, mas na maioria é divertido. Lidar com pessoas não é tão complicado como a maioria diz. Você faz muitos amigos, conhece pessoas de todos os lugares do mundo. Um dia nunca é igual ao outro, não existe rotina e isso me atraiu desde o início. Não saberia viver em um emprego onde eu tivesse que fazer todo dia a mesma coisa.
- Isso parece ser muito bom. Eu também não tenho rotina no meu emprego, em nenhum dos dois. Todos os dias recebo pessoas de todos os lugares e penso em algo diferente, inovo, crio.
- Você é uma estudiosa e artista - elogiou. - Artistas tem uma alma muito livre, jamais conseguiriam viver em rotina.
- Então talvez você também seja um.
- Sim, mas eu sou um artista do povo, tenho que fazer manobras, mágicas e as vezes até algumas palhaçadas.
Ellis sorriu do comentário.
Owen era muito agradável, bonito, carinhoso e romântico. Não lembrava de ter conhecido algum homem como ele. Nenhum dos seus ex-namorados alguma vez haviam se importado em trazer café na cama para ela ou até lhe dar flores, uma única que fosse. Percebia agora o quanto esteve mal acompanhada durante todos esses anos. Imaginou quem era a louca que havia jogado fora aquele encanto de pessoa, sim porque pelo que seu primo lhe disse, Owen tinha alguém em sua vida.
- Você não pensa em ter sua própria casa?
- Sim, mas por enquanto não vejo necessidade. Passo mais tempo no trabalho do que em qualquer outro lugar. Muitas vezes sou chamado no meio da madrugada para resolver problemas, estar no hotel é mais prático do que sair de casa em uma emergência. Também viajo muito a negócios, então uma casa nesse momento da minha vida não seria um bom investimento.
- Owen, não quero ser indiscreta, mas não pude deixar de notar a cicatriz que você tem nas costas. O que aconteceu?
- Sofri um acidente quando era mais jovem, mas nada grave, estou inteiro. Só sobrou a cicatriz para lembrar que devemos estar sempre atentos - respondeu vendo o olhar doce fitá-lo intensamente.
Owen retirou a bandeja do colo dela colocando-a no chão, e aproximou-se com olhar sensual, fitando dos olhos aos lábios. Inconscientemente ela mordeu o lábio inferior tentando conter a ansiedade que fazia seu peito bater mais forte. Owen roçou os lábios nos dela, escorregando para o queixo delicado que foi mordido provocantemente. Ellis sentiu o calor da respiração masculina em seu pescoço e a mão que revelava sua nudez coberta pelo lençol. Sentiu a pele queimar enquanto ele deslizava o olhar por sua anatomia. Owen deteve sua análise para observar a reação no rosto dela, estava tomada de desejo, aguardando, desejando, suplicando que ele a tocasse.
Parecia que sua vontade estava descrita em sua face, pois ele sorriu maliciosamente ao olhá-la. Ellis já esperava o que vinha pela frente, o homem doce, meigo e gentil seria tomado pela fúria de um desejo incontrolável como na noite anterior, quando Owen a surpreendeu com a força de um prazer que ela jamais havia experimentado.
Sentiu o toque íntimo e delicado em sua pele excitada. Suspirou desejando que ele pulasse as preliminares e a tomasse por inteiro. Aquele olhar a havia deixado em chamas com as promessas do que estaria por vir.
- Owen - arfou. - Eu não quero preliminares. Não precisamos.
Ele a fitou com um olhar divertido.
- Mas é a melhor parte...
Ela sorriu.
- Você sabe bem que não é a melhor parte.
Puxou-o para cima e beijou-o como se a penetração de línguas pudesse amenizar os pedidos do seu corpo, mas a provocação causou labaredas. Enlaçou o quadril dele com as pernas pedindo silenciosamente que ele aplacasse aquela doce tortura.
Owen se preveniu e atendeu o pedido invadindo-a suavemente, mas com a segurança de um homem que sabia o prazer que era aguardado. O gemido que ouviu a seguir quase fez seu corpo entrar em ebulição. Ellis era um sonho em forma de mulher, era delicada e suave, sim, mas entre os lençóis era sexy e quente. O que poderia prometer aquela mulher para que ela fosse sua? Talvez não houvesse promessas suficientes para que ela ficasse ao seu lado.
***
- E você, há quanto tempo está solteira?
- Uns dois meses...
- Por que todas as mulheres sempre dizem que estão sozinhas há dois meses?
- Quer dizer que você vem fazendo muito essa pergunta?
Owen sorriu.
- Nem tanto! Estou só desde que me separei. Você é a primeira a quebrar meu "jejum" de oito anos com uma única pessoa.
- Estou lisonjeada! - Sorriu divertida junto a ele.
Owen a havia levado para além da propriedade onde estavam. Sentaram-se debaixo de um limoeiro e conversavam sobre suas vidas. Depois de uma manhã de amor, tudo que ele queria era saber mais daquela mulher encantadora.
- Em oito anos você foi completamente fiel? - perguntou Ellis cortando os pensamentos dele.
- Sim, totalmente.
- Você deveria amá-la muito.
Ele sorriu enigmaticamente.
- Mais que amar, eu respeitava. Mesmo quando percebi que já não existia amor, continuei sendo fiel, respeitando a confiança que era depositada em mim.
- Então, foi isso o que aconteceu? Você já não amava mais?
- Sim, depois de oito anos o relacionamento caiu na rotina, nada era como antes. Tentamos recomeçar, mas não adiantou.
- Eu sinto muito, deve ter sido difícil para vocês.
- Foi, mas estou melhor agora. É mais difícil continuar vivendo algo que já não faz mais sentido - disse enquanto acariciava a curva do pescoço dela com os lábios.
- Você tem filhos?
- Não, sem filhos!
Ellis assentiu e relaxou as costas no peito dele, desfrutando das carícias que ele lhe fazia. Owen aspirou o aroma que vinha dos cabelos dela.
- Esse é o melhor fim de semana que tive em muitos anos.
Havia percebido aquilo há pouco. Estar com Ellis era algo natural, estava se sentindo à vontade e livre. Era estranho, porém bom, muito bom.
Suspirou deliciando-se com a tranquilidade de ser quem ele era, sem medo, sem cobranças. Como era diferente estar ao lado de alguém sem ter que controlar suas emoções ou opiniões.
Ellis fitou o rosto próximo ao seu e não pode deixar de perceber a alegria no olhar dele. Gostaria de ter Owen não só durante aquele fim de semana, mas nos dias que se seguiriam. Ele era encantador.
Levantou-se o surpreendendo.
- Venha, quero te mostrar um lugar.
Owen levantou-se e de mãos dadas seguiu com ela. Enveredaram por algumas árvores e a cada passo a vegetação ficava mais densa. Folhas nos chão serviam como um tapete, musgos e plantas circundavam as árvores e deixavam o ar mais pesado.
- Onde estamos indo?
- Logo você vai saber.
Por sua altura, Owen teve que se desviar de vários troncos baixos. Ouviu o som de água corrente próximo, o solo agora estava mais úmido e as folhas caídas no solo apodreciam e se transformavam em adubo.
Ellis afastou uma cortina de trepadeiras e a frente deles surgiu uma linda queda d'água com um pequeno lago que se formava abaixo. Aproximou-se e as águas acastanhadas pareciam muito convidativas.
- Eu costumava vir aqui com meus pais nos fins de semanas que passávamos juntos em North Wood.
Owen observou o ar sonhador.
- Onde estão seus pais agora?
- Meu pai vive no Texas, ele tem outra família. E minha mãe mora em Nova York com meu padrasto - revelou. - Todos nos damos muito bem. Passamos o natal ou o réveillon juntos.
- Deve ser difícil ter pais separados.
- No começo sim, mas depois eles me mostraram que para amar alguém não precisa ter essa pessoa literalmente ao seu lado. Eu os amo e me sinto amada mesmo com meus pais longe de mim. Sei que posso contar com eles e eles sabem que podem contar comigo. Não deixamos de ser uma família.
- Amor não é posse - completou.
- E os seus pais?
- Eles vivem em Vancouver também e tenho um irmão. Estamos sempre em contato.
- Que bom! - disse simpática com um sorriso no rosto. Olhou para as águas e de volta para ele. - Está a fim de entrar?
Owen sorriu.
- Só se você vier junto.
Minutos depois banhavam-se nas águas geladas do lago, as roupas haviam sido deixadas nas pedras ao redor e o casal se divertia cruzando de um lado a outro. Ellis foi puxada enquanto nadava, os braços de Owen a seguraram pela cintura a fazendo interromper o nado. O corpo feminino foi moldando-se ao seu e despertando o desejo que ele ansiava ao lado dela. Os cabelos loiros agora estavam escuros, colados as costas e ao rosto. Retirou-os delicadamente enquanto sentia a pele de Ellis se arrepiar ao seu toque. Owen deslizou a língua no lóbulo da orelha dela enquanto subia as mãos para tocar os seios lindos, perfeitos e tentadores. Um longo suspiro foi a resposta dela ao tocá-los. Era indescritível como o desejo vinha forte nele ao vê-la gostar de suas carícias. Virou-a de frente segurando-a pelas nádegas e apertando-a contra ele. Ellis sentia a poderosa ereção em seu ventre e apertava seu corpo contra o de Owen mais e mais, a respiração ofegante, os olhares presos e os lábios ansiando por mais e mais. Podia ouvir o bater do seu coração no peito e desejou que aquele fim de semana fosse eterno.
De frente para ela Owen mergulhou lentamente sem desprender os olhares até que ficou submerso. Ellis soltou um grito de surpresa quando foi posicionada nos ombros dele e erguida. O grito de surpresa transformou-se em prazer. Ele provava o sabor de sua intimidade enquanto ela tentava se equilibrar segurando nos ombros e cabelos dele. Aquilo era loucura, a qualquer momento alguém podia surgir ali no meio da mata e os flagrar. Tentava dizer a ele, mas no fundo não queria interrompê-lo. Gemidos roucos escapavam de sua garganta e ela não via chances de controlá-los. Arranhava-o, puxava os cabelos e sentia uma necessidade crescente de gritar cada vez mais alto, até que Owen, habilmente, a tirou dos ombros levando-a de volta de encontro ao corpo dele e beijou-a como se sua salvação dependesse disso.
- Ellis, estou sem preservativo aqui, mas eu estou limpo.
- Eu também, não precisa se preocupar - respondeu ofegante de desejo.
- Então está tudo bem, estamos seguros?
- Sim!
Beijaram-se calorosamente enquanto Owen a penetrava. Abraçaram-se sentindo os corpos finalmente unidos e em brasa. Nem a água gelada da pequena queda d'água estava ajudando a conter as chamas do desejo urgente que queimava intenso em seus corpos. Se amaram sucumbindo a intensidade das sensações que os dominavam e ouviam seus gemidos e murmúrios ecoarem entre as árvores ao redor.
Deitaram na margem em busca de uma posição mais firme para as investidas intensas. Os dois se transformaram em um quando o orgasmo os arrebatou em ondas de prazer. Lado a lado, ofegantes e ainda em êxtase, fitaram-se longamente em silêncio. Nem sempre as palavras eram importantes, mas Ellis sentiu falta delas. Owen também sentiu que faltava algo naquele momento, mas não sabia o quê ou não tinha coragem para dizer. Sorriu e recebeu um de volta, a ternura aplacando a ansiedade de seu coração.
***
Owen acordou na manhã seguinte em sua cama e sozinho. Chamou por Ellis, mas não obteve resposta. A mala que ela havia transferido para seu quarto também já não estava lá, Ellis se fora. Depois de um fim de semana de festa, dança, bebidas e muito amor ela tinha ido embora e não sabia explicar a desolação que sentia naquele momento. Talvez estivesse sensível demais com perdas. Não houve promessas entre eles, tinha sido apenas um fim de semana. O melhor que teve ao lado de alguém, mas só um fim de semana.