Na Contramão
img img Na Contramão img Capítulo 5 A vida acontece agora!
5
Capítulo 8 Confronto img
Capítulo 9 Nós te amamos! img
Capítulo 10 Louco img
Capítulo 11 Proposta img
Capítulo 12 Salvação img
Capítulo 13 Perda img
Capítulo 14 Eu cuido de você img
Capítulo 15 Braços cruzados img
Capítulo 16 O Ateliê img
Capítulo 17 Acusações img
Capítulo 18 Próximo passo img
Capítulo 19 Me ame img
Capítulo 20 Fé img
Capítulo 21 Dois espíritos img
Capítulo 22 Sabotagem img
Capítulo 23 Ameaças img
Capítulo 24 Decisão img
Capítulo 25 O melhor de mim img
Capítulo 26 Apocalipse img
Capítulo 27 Plantio e colheita img
Capítulo 28 Fora da realidade img
Capítulo 29 Cilada img
Capítulo 30 Despertar img
Capítulo 31 Maligno img
Capítulo 32 Egoísmo não é amor img
Capítulo 33 Vingança img
Capítulo 34 Última decisão img
Capítulo 35 A solta img
Capítulo 36 Esperanças img
Capítulo 37 Conselhos img
Capítulo 38 Compreensão img
Capítulo 39 Impossível img
Capítulo 40 Perda img
Capítulo 41 Ousar img
Capítulo 42 Sublime img
Capítulo 43 Luz do Ébano img
Capítulo 44 Entre o amor e o ódio img
Capítulo 45 Respostas img
Capítulo 46 Chance de felicidade img
Capítulo 47 Fuga img
Capítulo 48 Susto img
Capítulo 49 Entrega img
Capítulo 50 Risco img
Capítulo 51 O psicopata img
Capítulo 52 Quem com fero fere... img
Capítulo 53 Epílogo img
img
  /  1
img

Capítulo 5 A vida acontece agora!

Owen apressou-se assim que ouviu o nome de Ellis, a passos largos encaminhou-se para a sala onde alguns hóspedes se reuniam. Curiosos, o observavam se aproximar rapidamente. Passou pela poltrona e parou bruscamente ao vê-la dormindo. Seu coração bateu tão forte que pensou que rasgaria o seu peito.

- Acho que ela estava muito cansada, sentou-se e dormiu rapidinho. Pobrezinha! - falou uma senhora que estava na poltrona ao lado com um sorriso que fez Owen lembrar-se de sua avó.

Dixon que o seguiu, olhou para a jovem adormecida na poltrona com sincero interesse.

- Quem é ela, Owen? - perguntou.

Ele sorriu de canto enquanto baixava-se cuidadosamente ao lado da poltrona.

- Uma amiga! - limitou-se a dizer ajeitando uma mecha loura que caia ao lado do rosto lindo que povoava seus sonhos.

A cena chamava atenção dos hóspedes ali presente, mas Owen não se incomodou. Continuou admirando toda beleza da mulher adormecida como se pudesse apagar os dias de solidão que viveu sem ela.

- Não acha melhor acordá-la? - sugeriu Dixon.

Owen pôs uma de suas mãos sobre a dela.

- Ellis - chamou suavemente -, querida, acorde!

Tocou o rosto com suavidade.

- Ellis! - insistiu.

Ela abriu os olhos vendo o homem que tanto esperou reencontrar a sua frente.

- Owen! - sussurrou e recebeu um sorriso dele.

Finalmente havia conseguido encontrá-lo. Seria um sonho ou ele estava mesmo ali?

A resposta veio por meio de um toque delicado em seu rosto. Não era um sonho. Devagar ajeitou-se na cadeira e pela primeira vez percebeu que era o centro das atenções dos presentes no local. Uma leve tontura a fez soltar um gemido.

- Ellis, você está se sentindo bem? - perguntou Owen ainda ao lado dela.

- Sim, eu estou - respondeu respirando fundo e levantando-se da poltrona.

Indo contra ao que acabara de dizer, desequilibrou-se e quase caiu se Owen não estivesse atento aos movimentos dela.

- Estou um pouco tonta - queixou-se levando uma das mãos à cabeça.

- Você já almoçou, moça? - perguntou Dixon próximo a eles.

- Não, mas não é isso...

- Você precisa se alimentar, Ellis. Vou levá-la a minha suíte. Lá você poderá descansar e comer alguma coisa.

- Owen, nós precisamos conversar - disse ela.

- Nós iremos, assim que você estiver bem. Venha comigo!

A enlaçou pela cintura e voltou ao elevador de onde há pouco tinha saído.

- Ah, Dixon! O almoço fica para outro dia, pode ser? - Owen não esperou a resposta dele. - Ligo para você mais tarde.

O homem dispensado ficou parado observando o elevador se fechar e Owen sumir.

***

Ellis deitou-se nos lençóis macios da cama king size e se sentiu muito bem com o conforto. Owen, aos seus pés, tirava os sapatos que ela calçava. A olhava intensamente daquela forma perturbadora como ela bem se lembrava.

- Espero que esteja aqui porque sentiu saudades de mim - confessou ele.

Ela limitou-se a curvar os lábios em um contido sorriso. O que a havia levado ali era muito mais grave que saudades.

- Owen, como eu disse lá em baixo, nós precisamos conversar.

Ele percebeu a seriedade do olhar e a tensão na voz feminina.

- É Douglas? Ele se meteu em problemas?

- Não, ele está bem. É sobre nós dois - disse já sentindo a insegurança invadi-la.

Nesse momento bateram à porta.

- Já volto! - avisou ele se retirando.

Ellis precisava encontrar coragem para falar. Owen estava sendo muito doce com ela, mas e quando ele soubesse que esperavam um filho dele?

Owen entrou no quarto novamente com um carrinho trazendo comida.

- É tudo para você! - falou enquanto revelava o conteúdo retirando a toalha de cima dos pratos.

Salada, carne, cereais, suco... Ellis sorriu para ele.

- Não precisava se incomodar. Estou com fome normal do horário, mas nem tanto assim. Tomei café da manhã hoje.

- Hum! E alguém foi levar o seu café na cama?

Ela sorriu timidamente.

- Infelizmente, não.

- Então vamos concluir que há coisas que só eu posso fazer por você.

Ela sorriu novamente. A cada minuto ficava mais difícil contar a ele. Owen era encantador e teve medo de perder toda aquela atenção. Durante todo o mês não conseguiu deixar de pensar nele uma noite sequer. Tudo a fazia lembrar daquele fim de semana onde se sentiu mais amada do que nos anos de relacionamento que teve com outros homens. Muitas vezes imaginou Owen ligando para ela e pedindo para vê-la novamente, mas isso não aconteceu e se não fosse por essa criança provavelmente nunca mais o veria.

Um silêncio desconcertante tomou conta do ambiente. Ela procurava as palavras certas e não encontrava. Owen percebeu o nervosismo e a insegurança no rosto dela.

- O que tem para me dizer, Ellis?

- É melhor você se sentar...

Owen franziu o cenho, mas assim o fez. A olhava com curiosidade.

- Eu nem sei por onde começar. Vim de Vitoria para cá só para falar com você, passei a semana toda esperando esse momento e agora não sei como dizer.

Ele sorriu de canto.

- Apenas diga. Se for algo bom vamos comemorar.

- E se for algo ruim?

Ele arqueou uma sobrancelha e respondeu:

- Vamos encontrar uma solução.

Ellis respirou fundo.

- Owen... Eu estou grávida!

Foi inevitável não se surpreender, de tudo que imaginou que ela lhe diria, gravidez foi a única que ele não pensou. Mantinha os olhos presos na face dela e não conseguia se mover. Estava em choque.

- Sei que quando você me perguntou se estávamos seguros eu disse que sim, e pensei mesmo que estivéssemos. Quando cheguei em casa e vi meu calendário percebi que tinha passado do dia de fazer uma nova aplicação. Tomo injeções e sou muito cuidadosa, acredite! Mas não sei o que aconteceu... Passou da minha mente. Me desculpe, a última coisa que eu queria era trazer problemas para você.

Owen continuava em silêncio sem saber o que dizer ou o que pensar.

- Diga alguma coisa! - pediu Ellis tentando segurar as lágrimas.

Ele levantou-se devagar.

- Ellis... Eu... Eu preciso de um minuto.

Ela suspirou, mas assentiu.

- Coma algo, você precisa se alimentar. Principalmente agora - sussurrou.

Owen saiu do quarto e sentou-se na sala. Seria pai? Como isso aconteceu? Era loucura. Pensou que ele e Ellis pudessem se conhecer aos poucos e quem sabe com o tempo perceberem se eram ou não a melhor escolha um do outro. Mas agora tinham uma criança no meio e tudo mudou antes mesmo dele planejar como seria. Voltou decidido a encontrar Ellis, mas ela o encontrou primeiro e não estava sozinha.

A vida era muito estranha, passou oito anos casado e nunca pensou em ser pai. Agora, em apenas um fim de semana, um envolvimento que a primeira vista seria passageiro lhe proporcionaria algo eterno, um filho.

Ellis olhou os pratos deliciosos, mas não conseguiria comer. Estava muito ansiosa com a reação de Owen. Nada passava por sua garganta. Colocou as mãos por cima do ventre como se pudesse proteger seu bebê. Se Owen não o quisesse ela o teria sozinha, aquela vida dentro dela não tinha culpa pelo seu descuido. Seria difícil, mas conseguiria.

Owen surgiu na entrada do quarto e Ellis o fitou. Segurava uma garrafa de champanhe e duas taças.

- Eu disse que se fosse uma boa notícia nós comemoraríamos - falou ele a deixando estupefata. Agora era Ellis quem não conseguia dizer nada.

Ele pôs as taças no carrinho e abriu a champanhe.

- É minha responsabilidade e vou assumir com muito prazer. Confesso que nunca pensei em ser pai, nem sei como se faz isso, mas terei que aprender. Se você tiver paciência comigo, prometo que tentarei ser o melhor.

Ellis continuava em silêncio o observando com olhos arregalados.

- Está falando sério? - perguntou incrédula.

Owen parou com a garrafa em mãos olhando para ela.

- Sim, estou.

Ellis deixou as lágrimas escorrerem por seus olhos e pondo a garrafa no carrinho ao seu lado, Owen a alcançou e a abraçou.

- Não deixaria você ou qualquer outra mulher que esperasse um filho meu sem apoio.

- Eu tive medo que sim - murmurou ela aos prantos.

- Eu imagino, mas agora tudo vai ficar bem. Eu prometo! - garantiu. - Vou cuidar de você e do nosso filho.

- Você quer dizer, juntos?

- Sim, juntos! - afirmou.

- Não, Owen... Você não precisa sacrificar a sua vida ao meu lado só porque terei um filho seu. Sei que você não nutre nenhum sentimento especial por mim e...

Ele sorriu afastando-se um pouco dela e segurando o rosto entre suas mãos.

- E quem disse isso? - perguntou. - Eu sinto sim, algo muito especial por você.

- Então, por que não me ligou? Não me procurou depois daquele fim de semana?

Owen enxugou as lágrimas dela.

- Acordei e você não estava mais, pensei que fosse uma mensagem de que o que tínhamos vivido havia sido algo de momento. Que você não queria se envolver - revelou, ele.

- Fui embora porque você não disse que queria prolongar algo e quis evitar aquela situação embaraçosa de agir como estranhos em uma despedida depois de ir para cama com alguém.

- Não passaríamos por isso. Eu teria te dito: "Quando posso te ver novamente?".

- Sério? - perguntou se sentindo uma boba.

Ele assentiu a vendo morder o lábio inferior como se pudesse conter uma imprecação. Owen percebeu o quanto havia sentido falta daquele gesto.

- Não importa mais Ellis, você está aqui - disse encarando-a fixamente. - Voltei a Vancouver decidido a te procurar, mas você foi mais rápida que eu. Não sabe quanto fiquei feliz ao ver você.

- Foi mesmo um fim de semana incrível para nós dois.

- Agora teremos muitos fins de semana juntos e tenho certeza que todos serão igualmente incríveis... Isso é, se você quiser ficar comigo como eu quero ficar com você. O que me diz Ellis, está disposta a ter mais fins de semanas como aquele?

Ela sorriu, mais uma vez deixando as lágrimas rolarem.

- Sim!

***

- Como assim você vai ser pai? - perguntou Liam do outro lado da linha.

- É loucura, eu sei.

- Eu acho que não entendi essa história direito. Você viajou, daí eu consegui colocar na sua cabeça que deveria procurar a Ellis, mas ela te achou primeiro e veio com um bônus para você.

- Exatamente!

- Mal posso acreditar.

- Nem eu! É tão estranho, nunca quis ser pai, nunca esperei ser um. Pelo menos não dessa forma. Queria ter encontrando Ellis e ter convidado ela para sair, jantar, nos conhecermos melhor, essas coisas. Mas tudo está acontecendo tão rápido. É assustador!

- Eu entendo você, deve estar se sentindo muito confuso.

- Sinto que minha vida acabou de dar um giro de trezentos e sessenta graus.

O irmão respirou profundamente e Owen sabia que ele daria um dos seus conselhos de psiquiatra.

- Não se demora nove meses para morrer, Owen. A vida acontece agora, às vezes conseguimos controlar os acontecimentos e as vezes não. Acredito que você ganhou uma grande oportunidade de aprender que não tem controle sobre tudo. Não pense muito, Ellis está com você do jeito que queria e agora poderá ter uma família ao lado dela se quiser. Você quer?

- Não a conheço bem, ela não me conhece bem... Acho que teremos que ir devagar até tomar uma decisão definitiva.

- Jovens! Sempre fazendo tudo ao contrário - resmungou como se fosse muito mais velho que ele. - Seria o melhor, mas existe uma criança que está se desenvolvendo e não vai demorar muito para vir ao mundo. Acredite, sei como isso é. Quando menos esperar terá uma criança nos braços e será obrigado a tomar decisões para que tudo seja o melhor para ela.

- Vou tentar não enlouquecer com tanta informação - disse e o irmão riu.

- Boa sorte!

            
            

COPYRIGHT(©) 2022