Owen preferia uma casa, mas não teria tempo nos meses que seguiriam para procurar algum bom imóvel, fazer ajustes ou decoração. Também não queria deixar Ellis com todas essas cargas nas costas. Decidiram então procurar um apartamento e depois que a criança estivesse maior poderiam então escolher uma casa com um amplo jardim como queria.
Posicionou-se atrás dela beijando os cabelos loiros enquanto Ellis admirava o largo vão que já imaginava como o quarto do bebê.
- Podemos por um berço ali e uma prateleira com ursinhos do outro lado. - Apontou para os locais esperando que ele pudesse visualizar o que ela dizia.
Owen sorriu.
- Gostou, meu amor? - perguntou carinhoso.
- Sim, mas... Não achou muito caro? - sussurrou para Owen.
Ele deu de ombros.
- Só vou precisar vender um rim para pagar os aluguéis, mas por vocês o sacrifício vale a pena.
Acariciou o ventre dela cheio de expectativa. Ellis virou-se em seus braços e o beijou nos lábios com carinho. Há dois meses tinha deixado Vitoria para se juntar a Owen definitivamente em Vancouver. Seus pais se surpreenderam ao saber da gravidez assim como os pais dele que ela ainda não tinha tido oportunidade de conhecer pessoalmente, mas que Owen havia prometido apresentar-lhe em breve. Sua gravidez estava indo muito bem, seu bebê apesar de pequeno estava forte e saudável. Com a atenção e o carinho de Owen, se sentia melhor ainda. Faziam planos para o futuro a todo tempo, não conseguiam parar de pensar no que estava por vir e não escondiam a excitação por isso.
No dia seguinte ao que tinha lhe revelado a gravidez, Owen havia reafirmado que a queria ao lado dele, que pretendia ter uma família com ela. Sentiu-se tão feliz, mas ao mesmo tempo receosa, não sabiam muito um sobre o outro, sobre a personalidade, costumes ou estilo de vida. Ele também afirmou que estava com receio do que cada um pudesse revelar sobre si no dia a dia, mas que estava disposto a fazer dar certo.
- Fomos para a cama no mesmo dia em que nos conhecemos, isso foi rápido demais. Agora a vida está nos dando uma resposta à altura. Não podemos fugir disso e nem voltar atrás, foi escolha nossa, um risco que assumimos, teremos que lidar com ele da melhor forma possível.
Owen era muito prático e equilibrado, dois meses eram pouco tempo para conhecer alguém, mas o que descobria sobre ele a cada dia a deixava mais encantada. A cada minuto caminhavam mais um passo em direção ao outro, confiavam mais um no outro, se amavam mais.
O abraçou descansando a cabeça no ombro dele.
A honestidade de Owen sobre seus sentimentos em relação a ela também a deixavam segura. Era sincero ao dizer que com o tempo o amor surgiria e que o respeito por ela sempre existiu. Adorava quando ele relatava o que pensou na primeira vez em que a viu e em como não conseguiu se controlar ao vê-la de minissaia aquela noite. Já recebera cartão romântico, chocolates, flores e noites devastadoras. Owen era um amante incrível, ousado, intenso, mas também doce e apaixonado.
Suspirou tão alto que ele sorriu.
- Dizem que quando uma mulher suspira assim, uma geleira no ártico derrete. Está fazendo mal ao meio ambiente, senhora Hughes! - brincou o corretor divertido a fazendo rir. Todos já haviam percebido o quanto ela estava apaixonada pelo pai do seu filho.
O homem se afastou e Owen sussurrou para ela:
- Ele não sabe de nada! - afastou-se para olhá-la nos olhos. - A cada suspiro que uma mulher dá, uma borboleta nasce de seu casulo. Por isso que na primavera há tantas delas, é a estação em que as mulheres mais recebem flores dos homens que amam e assim suspiram mais. - Piscou para ela que abriu um largo sorriso. - Está fazendo um ótimo trabalho, querida. Se continuar suspirando assim, a primavera vai durar muito.
Ela mordeu o lábio tentando conter a onda de suspiros que a invadia, mas sem sucesso soltou mais um. Owen sorriu encantado e disse ao corretor:
- Vamos ficar com o imóvel.
***
- Temos feriados prolongados a frente, pensei em trazer atrações para os restaurantes do hotel. Podemos combinar com eles um rodízio, com música clássica e outras noites de jazz - sugeriu Owen aos outros dois gerentes do Shangri-La.
- É uma ótima ideia, vai atrair o público - concordou Philip.
- Podemos deixar dois andares livres para pernoites dos clientes dos restaurantes - emendou Brandon.
- Ótimo! Vamos pensar em algo para o cassino também - sugeriu Owen. - A equipe de marketing está preparando a propaganda desse semestre. Teremos uma reunião geral com os gerentes dos outros hotéis e resorts da rede pelo mundo. Ainda não decidiram onde acontecerá.
- Seja onde for eu não poderei comparecer, já estou trabalhando no projeto do resort mexicano. Não posso me sobrecarregar nesse momento - falou Philip.
- Mas Owen vai dar conta por nós. Ele é quem gosta de viajar pelo mundo.
- Não dessa vez, Brandon - dispensou. - Há um mês estava em Nova Deli e trouxe todas as informações para vocês. Tenho uma mulher grávida e um apartamento para decorar. Vocês vão precisar entrar em um acordo, não contem comigo dessa vez.
- Ora, ora... Finalmente decidiu viver como gente e ter seu próprio lar. - Riu Brandon.
- Não tive a oportunidade de lhe dizer isso antes, mas meus parabéns pela criança.
- Obrigado, Philip. Estou muito feliz!
- Nunca vi alguém gostar tanto de casar. Há quanto tempo estava solteiro mesmo? - brincou Brandon.
- Cinco meses!
- Você é bobo, Owen. Nem aproveitou sua solteirice e já casou de novo.
Owen sorriu. Brandon era um solteiro convicto, daqueles que nem a mulher mais linda do mundo conseguiria levar ao altar.
- Pelo menos agora ele saiu da contramão - emendou Philip, como sempre deixando sua conservadora opinião. Levantou-se. - Bem, senhores, nos vemos em uma semana.
***
Owen saiu do hotel em direção ao apartamento que ele havia alugado há uma semana. Tinha se mudado no dia anterior e estava adorando o lugar. Ellis também estava gostando muito da nova casa. Depois de dois meses morando com ele em uma suíte de hotel, agora ela se via em um palácio e não era para menos, o luxuoso apartamento tinha uma vista incrível para o Stanley Park e para a English Bay, lhe dando uma visão privilegiada do grande parque de altas árvores e do mar. Pré-mobiliado, não precisava de muita coisa e nem de urgência na decoração. Era novo e muito sofisticado, o prédio havia sido inaugurado há mais ou menos seis meses, muito concorrido, ele teve sorte em conseguir um imóvel aqueles dias.
O apartamento também ficava próximo ao Shangri-La, tão próximo que nesses dois dias ele havia ido a pé de casa ao hotel. Estava louco para chegar e ajudar Ellis a organizar os poucos pertences que tinham. Ela havia ficado muito feliz quando entrou no novo lar e viu suas telas, tintas, cavaletes e pincéis. Em segredo, ele providenciou o traslado de algumas coisas pessoais dela que tinham ficado em Vitoria e ao vê-la surpresa soube que fez a coisa certa. Foi recompensado com muito amor por toda dor de cabeça que teve para trazer as telas e materiais de trabalho dela para Vancouver. Nunca viu um sorriso tão lindo quanto o de Ellis.
Seu devaneio romântico foi interrompido ao sentir uma mão em seu braço, virou-se e se deparou com Dixon.
- Esperei você me ligar... - disse em tom acusador.
Owen suspirou impaciente.
- Vou repetir aquilo que eu sempre lhe disse: "sou um homem muito ocupado".
- Ocupado demais até para me avisar que iria mudar-se e me deixar passar vergonha no hotel. Pedi a chave a Susana e ela disse que você não mora mais lá.
Owen pôs-se a andar novamente.
- Se tivesse perguntado antes se eu estava, talvez pudesse ter evitado esse embaraço.
Dixon o seguiu.
- Onde está morando agora?
- No Diamond Street.
- O residencial?
- Sim, esse mesmo.
- Ótimo, sempre quis saber como ele é por dentro. Me parece bem luxuoso.
Owen parou de andar e virou-se para ele.
- Eu não convidei você.
O silêncio caiu entre eles enquanto se olhavam.
- O que está acontecendo com você, Owen?
- Pelo visto algo que você ainda não entendeu. Mas vou repetir, eu estou vivendo, Dixon. Sendo quem eu sou. Dessa vez estou cuidando da minha vida e você precisa fazer o mesmo. Boa noite!
Owen seguiu em frente deixando-o para trás.
***
Ellis acariciava a barriga que aguardava crescer com ansiedade, enquanto via Owen montar o berço do bebê. Haviam acabado de chegar de uma consulta e estava se sentindo a mulher mais feliz do mundo. Era um momento maravilhoso e único de sua vida, estava saudável e seu filho também. Os enjoos e tonturas aconteciam às vezes, mas nada fora do normal. Owen estava se saindo um futuro pai maravilhoso, apesar de ainda estar com três meses ele fez questão de começar a montar o quarto do bebê. Alegou que com tudo montado poderiam ter uma ideia melhor do que estava faltando.
Seus pais a perguntavam o tempo todo quando ela iria visitá-los e apresentar o genro. Os pais e irmão de Owen também o cobravam um encontro. Já tinha falado com todos por telefone e Owen sempre enviava fotos com eles dois juntos e eram muito elogiados.
Haviam conversado sobre oficializar a união e aparentemente ele se sentiu incomodado com o assunto. Ela acreditava que o antigo casamento tinha deixado sequelas mais profundas do que ele estava disposto a assumir. Owen não gostava de falar sobre a ex-esposa ou nada relacionado ao passado, ela também não insistia, entendia que apesar de refletir em seu relacionamento o passado de Owen não tinha nada a ver com ela. Respeitava a individualidade dele.
- Pronto! - disse orgulhoso do seu trabalho.
- Está ótimo - elogiou vendo-o se aproximar. A envolveu pela cintura aproximando os lábios dos dela. Beijou-a rapidamente olhando de volta para o berço.
- Você acha que é menino ou menina? - Owen perguntou.
Ellis sorriu.
- Não faço a mínima ideia. -Riu. - O que você gostaria?
- Um menino, para ver futebol comigo, jogar vídeo game, paquerar as gatinhas no parque...
- Não me provoque, Owen Hughes, eu sou muito ciumenta.
Ele riu divertido beijando-a no pescoço. Ellis envolveu o corpo másculo e forte sentindo o calor dos músculos desnudos. Enveredou os dedos pelos cabelos da nuca dele apertando-os mais contra sua pele. Owen entendeu o pedido e deu um beijo demorado no pescoço feminino, pondo uma lenha a mais no desejo do corpo dela.
- Faz tempo que não fazemos amor - falou ele.
- Menos de vinte quatro horas pelo que eu me lembro.
- É muito tempo... Quero fazer amor com você em intervalos de quatro em quatro horas no máximo.
- Nossa! - disse aos risos. - Você não pode ser humano.
Owen a abraçou apertando-a em seus braços.
- Vamos fazer amor, Ellis. Eu quero você a noite toda.