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*Um ano depois...*
James andava de um lado para o outro, um tanto ansioso, não conseguia parar. Benjamin, que estava sentado no sofá, com Charlie deitada em seu colo, observava o irmão mais velho com certa impaciência.
- Você está me deixando tonto. - Ben falou, por fim.
- Você só ficou tonto agora? - Charlie perguntou, arqueando as sobrancelhas. - Eu já fiquei tonta há duas horas.
- Vocês não entendem. - James retrucou, sem parar. - Eu vou pedi-la em noivado. É muita pressão.
- É aí que você se engana irmãozinho, se não se lembra, eu sou noiva.
- Eu gostaria que você não me lembrasse disso. - James fez uma careta, parando finalmente. - Você sabe a minha opinião sobre o assunto.
- Só porque eu tenho dezesseis anos, não significa que eu irei me arrepender disso. Benjamin concorda comigo, certo?
- Concorda? - O primogénito olha para Ben, com repreensão.
Charlie se levantou, cruzando os braços e empinando o nariz. Ela lançou um olhar mortal na direção de Ben, que olhava entre seus dois irmãos. Ele abria a boca e fechava, sentindo que qualquer coisa que dissesse, um deles não ia gostar.
- O que eu havia dito era que, sim, ela era muito nova para noivar. - Benjamin começou a dizer, escolhendo as palavras com cuidado. - Mas que, se ela o amava, para que esperar? Eu não esperaria.
- Claro que não. - James murmurou, amargo. - Você ainda acredita em contos de fadas, no felizes para sempre, e amor a primeira vista.
- Eu não acredito em amor a primeira vista. - Ben retrucou, ficando levemente irritado. - Somente em amor. Em almas gêmeas. E Charlie e Peter, estão juntos há tanto tempo, e são irritantemente perfeitos.
- Eu sei. Obrigada. - Charlie falou, com olhos sonhadores. - E você, deveria relaxar, é só um pedido de noivado. Qual é o pior que poderia acontecer?
- Ela poderia dizer não. - James começou a listar, levantando os dedos. - Ela poderia rir da minha cara, ou correr na direção contrária, ou dizer que estava apaixonada por outro...
- Ah! Fala sério. É de Ashley que estamos falando.
Sim. Era Ashley. A menina que parecia ter saído dos sonhos mais fantásticos e irreais de James. A mulher que o completava, em todos os sentidos, que o entendia, que fazia o peso do mundo que havia nas costas dele parecer menor. Ela não hesitava em ajuda-lo, não hesitava em abraçá-lo forte quando tudo parecia desmoronar ao seu redor.
Faziam exatos doze meses que os dois namoravam. Um namoro cheio de intrigas, aonde um desafiava o outro constantemente, aonde não podiam evitar, e voltavam as origens ao fazer brincadeiras, somente para irritar o seu companheiro. Mas eram doze meses de amor, de palavras sussurradas e beijos trocados.
James não sabia o porquê que estava tão nervoso, não quando todos pareciam ter certeza de como aquilo acabaria. Todos diziam que ela falaria sim, que os dois eram perfeitos um para o outro, e por mais que ele esperasse que tudo fosse verdade, não conseguia lutar contra a incerteza que o assolava.
- Você tem razão. É Ashley. Isso só pode acabar de duas maneiras: Ou ela vai dizer sim, ou vai me matar pelo o que estou prestes a fazer.
- É o que acontece quando você decide fazer um pedido de casamento não convencional. - Ben falou, inclinando a sua cabeça. - Você deveria fazer um grande gesto. Declarar seu amor no meio de um baile, e a pedir em casamento. Ou preparar um lugar com pétalas de rosas e velas, desenhando com eles um coração escrito "Quer casar comigo?". Ah! Talvez você pudesse leva-la ao planetário, e escrever isso naquele telão noturno que eles tem, nas estrelas.
- Como você ainda não tem uma namorada? - Charlie perguntou a Ben, franzindo as sobrancelhas.
- Talvez ele assuste todas com esse romantismo interminável. - James disse, repensando o seu pedido de casamento. - Sabe, é meio bizarro você conhecer uma pessoa, e ela já ter planejado todo o seu futuro.
- Eu não planejei todo o meu futuro! - Benjamin disse, cruzando os braços como uma criança mimada. - Somente algumas partes.
- Qual vai ser o nome de seus filhos?
- Alec, Carter e Hazel. - Ben respondeu no automático.
- E se os três, na realidade, forem meninas?
- Jessie, Hazel e Rachel.
- É, estou vendo. - A voz de James veio carregada de ironia. - Não tem o futuro todo planejado.
- Voltando a você... - Benjamin falou entredentes. - Está pronto? Porque se estiver eu tenho que ir até Gui e os outros.
- Eu acho que estou. - James falou, olhando para baixo. - Eu estou bem?
- Eu não sei, acho que... - Ben parou de falar ao receber uma cotovelada de Charlie.
- Está ótimo. Não se preocupe, nós cuidamos do resto. - Ela disse, com um largo sorriso
- Vocês podem verificar se Julie ainda está com os anéis, porque ela pode...
- Julie está com os anéis. - Charlie disse, monotonamente.
- Como você sabe? Você nem...
- Ela está com os anéis. Eu tenho certeza.
- Vamos, James. - Benjamin falou, se levantando e indo até o irmão. - Temos um pedido de casamento para por em prática.
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- Você sabe, eu gosto de surpresas em um geral, mas essa está me deixando tensa. - Ashley falou, enquanto James a ajudava sair do carro.
A garota usava um vestido longo, de verão, tomara que caia, transparente do meio da coxa para baixo. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo alto, e ela estava radiante. James não conseguia pensar em como ela poderia ficar mais bonita.
Eles estavam na frente da faculdade, e ela tinha uma venda em seus olhos. Tudo havia sido preparado com muito cuidado, de modo que quando eles passaram pela entrada do prédio de ciências, James viu todos fazendo sinais positivos, dizendo que tudo estava certo.
Os dois subiram as escadas, lentamente, até que James, com medo de que Ashley tropeçasse e caísse, pegou ela no colo. Assim que chegaram ao segundo andar, eles entraram na sala de projeção. Tinha conseguido, ao pedir um favor para a faculdade, usar a sala. Retiraram todas as cadeiras, de modo que o espaço estava livre. Ele a parou no meio da sala, e pediu que ficasse parada, então ligou o projetor, antes de retirar a venda dela por fim.
Ashley olhou em volta. Mas sem as cadeiras e os cartazes nas paredes, parecia somente como uma outra sala qualquer. Seu olhar então voltou ao telão, que estava claro. Uma música rompeu nas caixas de som, a música favorita de Ashley. E na tela apareceu fotos dos dois juntos, uma por uma, em um vídeo que ele tinha montado.
Ela abriu um sorriso ao ver a lembrança dos dois, e quando se voltou a James, o viu fazer uma reverencia perfeita.
- Você é um príncipe, eu que deveria me reverenciar a você. - Ela disse, abrindo um sorriso.
- Para mim, você sempre será minha rainha. - James disse, pegando a mão dela e dando um beijo suave. - Sempre estará acima de qualquer posição, porque eu te amo.
- Eu também te amo. - Ela murmurou, parecendo surpresa com tudo aquilo.
- Dança comigo?
- Claro.
James graciosamente a puxou para si. Não na posição normal de uma dança, em que ele só tocaria sua mão e sua cintura, e a manteria afastada de si, em uma distancia respeitosa. Ele trouxe ela o mais perto possível, passando seus braços pelas costas dela. Conseguia sentir o cheiro familiar de seu shampoo e perfume, conseguia sentir o calor que emanava dela. Seu coração batia rápido quando ele começou a dançar de acordo com o ritmo melodioso que saia das caixas de som.
Os dois ficaram ali, em seu próprio mundo, como se nada fosse importante no mundo além do outro.
Mas James tinha um plano para executar, foi por isso que, com muita dificuldade, se afastou de Ashley.
- Escute, essa é só uma parte da surpresa. Ainda tem outro lugar em que devemos ir.
- Aonde? - Ashley perguntou, inclinando sua cabeça para o lado.
James fez um gesto com a cabeça, indo em direção a porta e abrindo para ela. Assim que os dois pisaram do outro lado de fora, o grupo já estava lá, com latas em spray apontadas para o casal. Ben, que estava no meio do grupo, jogou uma das latas para James, que foi o primeiro a pichar Ashley. A menina gritou em surpresa misturada com raiva, enquanto o resto de grupo imitava o movimento de James. Quando todo o seu vestido estava repleto de diferentes cores, e até mesmo seu rosto estava um pouco pintado, o príncipe deu um sinal.
Então eles correram. Ouviram Ashley xinga-los, e correr atrás deles, mas não pararam para olhar para trás. Desceram as escadas o mais rápido que puderam, se atrapalhando na hora de sair pela grande porta dupla que dava para o lado de fora. Mas assim que conseguiram, todos eles desceram os degraus da entrada, e se afastaram para Ashley passar.
A menina, que estava transtornada de raiva, parou de repente ao ver que tinha mais gente do lado de fora. A música que tocava do lado de dentro, começou a tocar do lado de fora, por violinistas e o próprio cantor, que veio a pedido de James. Então os olhos dela encontraram a pintura que seus amigos haviam feito na noite anterior.
Era a corte dos bobos, como ele havia pintado há um ano atrás, no dia que eles se conheceram. Só que dessa vez, o rei dos bobos estava ajoelhado aos pés de uma linda rainha, e a faixa tinha a simples pergunta: "Quer se casar comigo?".
James, que já havia recebido a caixinha com a aliança de sua irmã, se ajoelhou atrás dela e a abriu. Esperou pacientemente até que a surpresa dela passasse, e a menina se virasse para procura-lo. Quando ela o fez, James pode ver lágrimas escorrendo de seus olhos, e as mãos na sua boca, escondendo sua expressão de surpresa.
- James... - O nome dele saiu como um sussurro de seus lábios.
- Você me disse uma vez que eu era o rei dos tolos, e que meu espetáculo só funcionava para uma plateia. Tinha razão. Era por isso que eu montava vários espetáculos por baixo dos panos. O de rei dos tolos, o príncipe perfeito... Mas eu não precisei continuar com aqueles espetáculos por muito tempo, porque você me ajudou a perceber que ser somente eu bastava. Então estou aqui, ajoelhado a sua frente. Talvez eu ainda seja o rei dos tolos, por ter permitido que pichassem essa bela dama a minha frente. E talvez eu seja um pouco do príncipe perfeito que esperam de mim. Mas eu sou muito mais do que isso. Porque eu sou um homem apaixonado, que espera de todo o coração que você aceite ser minha noiva, minha esposa, minha rainha.
- James... - Ela repetiu o nome dele, quase como um soluço. - Eu não... quero dizer, eu... É claro que eu aceito.
Soltando o ar que ele prendia, James pegou o anel, e colocou no dedo dela, antes de se levantar, aliviado e beija-la. O príncipe a abraçou e a levantou do chão, tamanha era sua felicidade. Não conseguiu desfazer o sorriso, mesmo quando eles se afastaram e ele viu a malícia nos olhos dela.
- Sabe, eu vou ter que me vingar por isso. - Ela sussurrou para ele.
- Espero ansiosamente pela sua jogada. Eu a desafio. - Ele retrucou, antes de beija-la mais uma vez.