QUARTZO RUBRO HÍBRIDOS
img img QUARTZO RUBRO HÍBRIDOS img Capítulo 6 AS PRIMEIRAS LÁGRIMAS
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Capítulo 10 GENEALOGIA HÍBRIDA img
Capítulo 11 REBELADOS img
Capítulo 12 A ESPADA img
Capítulo 13 BIBLIOTECA img
Capítulo 14 PERSEGUIDOS img
Capítulo 15 RESGATADOS img
Capítulo 16 UMA NAVALHA CHAMADA 'AMOR' img
Capítulo 17 REVELAÇÃO img
Capítulo 18 SALVANDO JOANA img
Capítulo 19 SUGANDO O DEMÔNIO img
Capítulo 20 O BEIJO DA CURA img
Capítulo 21 O SHOW img
Capítulo 22 INFERNAL img
Capítulo 23 FAREJADORES img
Capítulo 24 SOB AS SOMBRAS DAS ARVORES img
Capítulo 25 BALSAMO img
Capítulo 26 A CAÇADA img
Capítulo 27 QUARTZOS img
Capítulo 28 FIQUE COMIGO img
Capítulo 29 O CAÇADOR SE TORNOU A PRESA img
Capítulo 30 ANJO NA PENUMBRA img
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Capítulo 6 AS PRIMEIRAS LÁGRIMAS

Caminhou pelo bosque Sacrários, sentou-se na beira do pequeno lago. Molhou suavemente a testa de Joana que ainda se encontrava adormecida no seu colo. As lágrimas de Khaliel seguiam junto à agua que escorria pelos cabelos dela. Pela primeira vez ele chorava, pois antes nunca havia provado tal emoção. Outra força estava crescendo dentro dele, uma força que fazia aumentar seus poderes, algo além do que conhecia.

Algo que nunca vivera antes de ter contato com Joana. Antes de ser hipnotizado pelos olhos dela, até o momento de provar seu beijo. Mas também sentia que parte dele também adormecera.

Contornou com o polegar úmido os lábios de Joana, ficara assim por alguns minutos, porem seus pensamentos se transportaram para uma época distante que ainda não conseguia desvendar. Isso o perturbava e estava se manifestando com mais frequência.

A cena de um garoto apavorado chorando sobre o corpo de uma mulher caído no chão o intrigou, parecia ter uns seis anos, tinha cabelo levemente ondulado que passava dos ombros, vestido com uma bela túnica de brocado. Seus olhos sangravam lagrimas enquanto ao seu redor um homem alto e forte lutava ferozmente contra uma multidão de adversários.

- Quem seriam essas pessoas? - Refletia Khaliel. E essas cenas que surgiam remontadas em fragmentos como peças separadas de um quebra-cabeça?

Milena e Saulo surgiram o trazendo para realidade, ele tocou sua pálpebra umedecida pela lacrimosa rubra para esconder o sentimento...

- Ora! Ora! O que vejo aqui? - Indagou sarcasticamente Milena.

- Como você pode Khaliel? - Disse Saulo em desaprovação.

- Você é um abutre covarde - Milena protestou.

-Vamos matá-lo agora seu corvo maldito! – Saulo bradou.

- Mate-me e não saberá como destruir Darkson e sua matilha demoníaca - argumentou Khaliel.

- Então nos revele sobre Darkson... - Exigiu Milena.

- Ele pretende usa-la para o ritual sangue do mestre – Khaliel começou a explicar. - até agora nunca participei de tal rito, não sei exatamente o que irá proceder. Mas de uma certeza eu sei... Não irei entregar minha Joan a ele - afirmou convicto.

- Aha... Então você é o patife que ele ordenou para capturar a presa?! – Milena falou. - Sangue do mestre? – ela refletiu. - Isso me faz lembrar algo - repensou.

- Sim eu também... – Saulo acompanhou o pensamento dela. - Eu sei do que se trata este rito... Minha mãe Sheliar passou por ele. Se for exatamente como ela me descreveu... A vida de Joan corre grande risco. A memória das palavras da mãe de Saulo corria fresca na sua mente.

- E o que exatamente sua mãe descreveu? - Quis saber Khaliel.

- Minha mãe disse que quando lhe deram uma taça com sangue do demônio mestre ela fingiu beber, não sabia o que iria acontecer se bebesse... Antes a amarraram numa cama de pedra olhando para lua cheia e dai o canalha a forçou para... - Pausou por uns minutos, lembrar-se da sua mãe trazia a sensação dos bons momentos de convivência e tristeza.

Milena massageou os ombros de Saulo para confortá-lo, sabia que para ele era difícil falar sobre a mãe.

- Forçou-a para o que? - Disse Khaliel desconfiado.

- Os demônios servidores a caçaram em todo lugar – Saulo prosseguiu - ela conseguiu fugir de alguma maneira, mas nunca me disse como. Ficou escondida até descobrir que estava grávida.

- Grávida? - Repetiu Khaliel.

-Encontrou uma tribo... Continuou Saulo - Mas acabaram a descobrindo. Eliminaram a tribo e minha mãe. Eu fui adotado por um casal de outra tribo, já tinha os meus 10 anos. Aos 13 fiquei a vagar sem rumo por algum tempo até que salvei Mitria e desde então ela é minha própria vida - Saulo fitou Milena com olhar amoroso que retribuiu com um beijo.

- Darkson está em uma fortaleza inquebrável- disse Khaliel - tem cem mil demônios sob seu comando, mas não é isso que o torna imbatível... - Prosseguiu estendendo o corpo de Joana numa cama de flores de cerejeira entre uma mandala de roseiras que dava um formato de coração eventualmente feito por um jardineiro habilidoso.

- Não? Acendeu a curiosidade de Mitria... Que agora arruma os cabelos de Joana.

- E que seria? - Perguntou Saulo.

-Tem umas Rakshis... Pelo menos é como Darkson as chama. Revelou.

- Rakshis? – Esse nome fez Milena se lembrar de sua avó. - Hm... Minha avó Kaleni uma vez contou sobre elas... – Acrescentou.

- Elas são poderosas – Khaliel atribuiu - Kalimani a irmã de Darkson quase nos matou...

-Você disse "quase nos matou"? – Saulo - quem mais estava a morrer com você hein? - Indagou.

- Endolf... – Khaliel disse encarando os olhos quase flamejantes dos dois.

- Endolf?- Milena ergueu a sobrancelha.

- O que se chama Jardel... – Saulo sentiu um nó se fechar na garganta quando conjecturou.

- Aha... – Mitria mostrou-se arisca com a revelação. - Patifes vocês estão juntos nessa... -Ela levantou mostrando as garras...

- Foi o que Darkson pensou – Khaliel rebateu- por isso nos repreendeu e guarde suas unhas tigresa não estou para isso agora... - Ele tentou aquieta-la.

- Temos que arquitetar um plano para destruir Darkson... - Sugeriu Saulo.

- Agora está ficando interessante... - Khaliel disse soltando um sorriso malicioso.

- Vamos levar Joan para catedral Maior dos Anjos ficará bem protegida lá... - Determinou Mitria. Khaliel e Saulo concordaram com a ideia e de imediato se transportaram para o local.

***

O silêncio na casa assustou Mizael. Procurou por Agatha, Milena, Saulo e Joana.

"Para onde teriam ido agora?" Pensou.

- Será que algo ruim acontecera enquanto esteve ausente? Escutou uma voz que estava distante...

Foi em busca para ver de onde vinha. Uma voz de mulher. Ele olhou para todos os caminhos próximos a casa, mas nada. Concentrou-se no eco e pode visualizar. Rapidamente seguiu o trajeto até o bosque São Rafael e lá viu sua esposa presa numa arvore, quando tentou se aproximar duas mulheres sensualmente sombrias saíram detrás da mesma.

Outro ser com um sorriso ardiloso apareceu...

- Olá sogro prazer conhecê-lo – disse. - sou o seu futuro genro... - Apresentou-se sagaz.

Mizael não esperava que os demônios agissem tão logo...

- Solte-a... - Pediu Mizael em tom nada agradável.

- Devagar sogrinho... – Darkson falou mordendo a unha do dedo mindinho. - Quem dar as ordens aqui é eu... Onde está sua doce filhinha Joana hein? – Abriu os olhos escuros ao perguntar.

- Porque quer saber da minha filha, que interesse você tem nela? – Mizael refez a pergunta para o tal já se armando.

- Chega de conversa levem o casal - Ordenou Darkson aos seus servos.

Mizael abriu as asas em protesto, se esquivou dos que queriam prendê-lo. Atingiu alguns demônios, mas estes eram fortes. Ele estava só diante de vinte e um sem vantagem nenhuma. Desejou está com seu precioso arco agora.

Mas ele não o tinha. Não o pertencia mais por ser um anjo caído. Ficara desprovido da esplendida arma quando fora banido da falange amarela. Pelos menos estaria conseguindo matar uns neste momento com flechas flamejantes como fizera no passado. Na qual enviara muitos anjos renegados e demônios para morte.

Mizael com muita esperteza colhera seis penas ferindo com cada uma o peito em particular de cada seis demônios. Vendo esta qualidade do anjo Darkson intervém paralisando Mizael.

- Não quero matá-lo – disse - você se mostrou muito habilidoso... Imagina! – Darkson fitou Mizael com seu olhar profundo de escuridão. - Eu nem sequer sabia que você era um celeste, aha... Isso tornará minha busca por sua doce filhinha mais interessante e assim ter com uma nefilin... - Ele riu sadicamente.

- Nunca... - Disse Mizael sem fôlego.

- Não? Aha... Veremos!

Mizael se aproveitou do momento e agulhou quatro penas no braço esquerdo do demônio que apesar de ser forte pôde sentir a dor causada pelas pontas que eram como cristal. Darkson pela primeira vez viu seu sangue escorrer mesmo em poucas gotas insignificantes, isso atingiu seus medos.

Então o demônio-mestre poderia ser falível?

Para Darkson seria inaceitável ser falível. Mirou os outros companheiros que pareciam estar intimidados com a vacilada do guru-bhuta, mas ele determinadamente disse: "Aha... Você acha que quatro peninhas iriam me destruir?".

- Não! – Mizael retrucou em resposta. – a plumagem de um celeste não mataria você, mas um divino sim... - Disse Mizael taticamente para ver o grau de intimidação que estas palavras poderiam causar no demônio.

Mas Darkson simplesmente ordenara que o levasse, no fundo questionava como aquele anjo caído sabia sobre os divinos uma raça tão superior quanto os anjos, uma raça que até mesmo os demônios dependiam para obter fama, prestígio e poder.

***

- Aqui o tal Darkson jamais vai nos rastrear – disse Mitria - mas devo voltar e ver como Agatha está. Acho que a deixamos sozinha muito tempo.

- Podem ir estarei aqui com Joan... - Garantiu Khaliel.

- Você acha mesmo que confiamos nas suas palavras? – Mitria o encarou.

- Não. Mas que parte de que "eu não a darei para Darkson" você não entendeu?

- Só queremos ter certeza de que isso não é mais um plano seu e do seu mestre... - Falou duvidosamente Saulo.

Khaliel encarou Saulo agora...

- Se vocês retornarem aqui e não me encontrarem, eu deixarei que me matem ok! – ele os garantiu.

- Uou! – Bradou Saulo. - Você não tem medo mesmo. Então Mitria vai sem mim. Eu ficarei aqui para garantir sua determinação.

- Ok! Então fique de plantão à vontade - disse Khaliel friamente.

***

Mitria chegara à casa dos Angelis, mas não encontrou Agatha. Ficou preocupada. Saberia que Mizael não ficaria nada satisfeito com eles. Se Khaliel não tivesse se atrevido a levar Joana certamente não teriam se movido da casa. E para aumentar mais ainda sua desconfiança para com ele, Endolf a agarra por trás. Ele ousadamente aperta um dos seios dela com a mão ameaçando perfurar seu coração com as garras.

- Hm... – Endolf gemeu sedento. - finalmente te peguei sozinha. Onde está seu parceiro agora?

- Canalha! Vamos acabar com você e a raça daquele seu demônio-mestre... - Ameaçou Mitria.

Endolf apertara com a outra mão a virilha dela...

- E agora sente a temperatura subir? – Ele a provocou.

- Não! - Ela deu-lhe uma cotovelada, mas fora em vão.

- O que seu namoradinho diria se visse você assim comigo hein?

- Eu jamais o trairia com um patife como você. Solte-me e eu te mostrarei como fazer bem gostoso... - Ela tentou persuadi-lo.

- Eu posso ajudar a destruir Darkson... - Endolf sussurrou no ouvido dela.

O bafo aqueceu a audição de Mitria. Uma lambida na ponta da orelha a fez estremecer, ele conseguira balançar suas extremidades, porém ela estava disposta a não se render. Vigorosamente Endolf prende os cabelos de Mitria na mão que deslocara do seio, trazendo a cabeça contra o ombro até que alcança os carnudos lábios dela. Uma mordida voraz fez a boca de o facínora sangrar e soltá-la de imediato.

- Nossa! – Endolf reclamou - você é mesmo quente... - aparou o sangue que escorrera com as mãos.

- Eu disse que ia ser bem gostoso – disse Mitria atiçando as garras.

- Eu poderia matá-la se quisesse – ele falou sugando o próprio sangue - no entanto vou deixa-la com uma condição...

- Você não impõe condições em mim, seu sórdido – ela o interrompeu vociferando. Apoiando as pernas sobre os braços do sofá, expôs as garras.

- Eu posso ser uma ferramenta muito útil para seus planos. Conheço Darkson muitos anos, este Khaliel é só uma cobaia – chupou os dedos enquanto falava - cresceu em meio aos demônios. Os progenitores de Darkson o pegaram para criar como uma experiência, eu sempre trago as presas e sei bem como é "sango mastron"...

- Que intenções você tem me dizendo estas coisas?

-Vingança...

- Oh! Tadinho. Frustrado com o mestrinho alfa? - Disse ela fazendo deboche.

Mitria desceu e o rodeou, pegando a mão de Endolf e cuspindo sobre a mesma...

- Tai o resto do seu hemo... - Disse ela enojada por ter provado do sangue dele.

- Vocês são estúpidos. Nunca vão combater Darkson sem mim. - Afirmou Endolf.

Mitria enviara um pensamento para Saulo que de súbito ressurgiu na sala de estar. Ao ver o demônio sedutor secando a boca não demorou a perceber que provinha de um ato de Mitria.

- Nunca mais te deixarei sozinha minha naja... - Expressou Saulo com arrependimento, beijando apaixonadamente...

- Sua parceira é boa de provar! – Endolf provocou.

Saulo esvoaçou em Endolf enfurecido. Mitria interveio...

- Eu não queria ter quer dizer isso, o patife pode nos ajudar com Darkson - disse olhando fixamente Saranon.

- Darkson está com os progenitores de Joana, eu os vi... - Revelou Endolf.

Agora Saranon e Mitria se olharam furtivamente sem acreditar. Pensaram em matá-lo, no entanto precisavam ter certeza do que o tal dissera. A dúvida os abateu. - Será que Endolf estaria blefando para se safar? Será que estava em comum acordo com seu temido mestre demônio? - O casal decidiu entrar no jogo da incerteza e encontrar no máximo possível um meio de evitar uma terrível guerra.

Será que dava para confiar em Endolf?

            
            

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