QUARTZO RUBRO HÍBRIDOS
img img QUARTZO RUBRO HÍBRIDOS img Capítulo 7 TONALIDADE VERDE OLIVA
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Capítulo 10 GENEALOGIA HÍBRIDA img
Capítulo 11 REBELADOS img
Capítulo 12 A ESPADA img
Capítulo 13 BIBLIOTECA img
Capítulo 14 PERSEGUIDOS img
Capítulo 15 RESGATADOS img
Capítulo 16 UMA NAVALHA CHAMADA 'AMOR' img
Capítulo 17 REVELAÇÃO img
Capítulo 18 SALVANDO JOANA img
Capítulo 19 SUGANDO O DEMÔNIO img
Capítulo 20 O BEIJO DA CURA img
Capítulo 21 O SHOW img
Capítulo 22 INFERNAL img
Capítulo 23 FAREJADORES img
Capítulo 24 SOB AS SOMBRAS DAS ARVORES img
Capítulo 25 BALSAMO img
Capítulo 26 A CAÇADA img
Capítulo 27 QUARTZOS img
Capítulo 28 FIQUE COMIGO img
Capítulo 29 O CAÇADOR SE TORNOU A PRESA img
Capítulo 30 ANJO NA PENUMBRA img
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Capítulo 7 TONALIDADE VERDE OLIVA

Sentiu no ombro o calor suave do afago, fechou os olhos quando a brisa passou pela janela batendo no rosto, trazendo aroma da árvore de sândalo na área verde da capela Maior dos Anjos. Ele meditou uns minutos e pronunciou docemente: "Joan".

Ela despertara da dormência causada pelo toque do pai no chakra frontal. Khaliel virou-se lentamente sem perturbação, viu agora a tez da amada numa tonalidade verde oliva dada pela pouca luz de sol clareando as pupilas safiras olivinas dela.

Ele se encantara com o semblante pueril de Joana, não a desejava mais como uma presa roubada, seu coração se preenchera de um sentimento incomum - está com ela o modificava vulneravelmente. Abriu um sorriso e em pensamentos glorificou o sol pelo efeito pitoresco na beleza dela. Isso o deixava imprevisível, mesmo sem querer soltava palavras que nunca esperava de si mesma...

- Este sol de fim de tarde... - Prontificou-se. - é o mesmo do dia que te vi pela primeira vez - ele suspirou sereno. - E outra vez ele nos coloca frente a frente como se fosse a primeira vista. Só que agora meu peito está invadido completamente por você - Com as mãos sustentou a cabeça dela como se tivesse segurando um quartzo precioso.

- Senti sua falta... - Ela o abraçou carinhosamente pondo a face esquerda no seu peito.

Delicadamente Khaliel acariciou os cabelos de Joana, sentaram-se na cama e terminaram de ver os poucos raios do sol desaparecer entre as folhagens.

- Você prometeria fazer qualquer coisa que eu pedisse agora? - Khaliel a perguntou.

- Sim - respondeu meio sonolenta. Porem foi considerável para ele. - qualquer coisa - Joana completou.

- Venha! - Ele a levantou com cuidado.

Os dois foram até o pequeno chafariz no jardim da capela. Ele a acomodou na borda de granito do chafariz. Depois buscou no quartinho uma taça rústica de madeira e lavou com água límpida e preencheu. Joana observava a ação sem entender direito.

- Eu não sei bem como fazer isso... - Disse ele sem jeito.

- Não importa como seja - ela disse paciente - eu quero só você agora... - Declarou amorosamente.

Um monge os visitou e observando o ato disse: "Vai beber da fonte"? Devo dizer que esta água é abençoada. Diz uma lenda que quem a beber realizará todos os desejos, e os que amam serão inseparáveis. Diz também que um anjo havia descido dos céus passara por aqui e lavara seu rosto no laguinho, assim misturando seu suor, então fizeram esta escultura de anjo expelindo a benta agua pela boca... Sejam felizes filhos!"- Então o monge os deixou após abençoa-los".

- Você será sempre minha é o que mais desejo - expos Khaliel.

Tirou um galho da roseira próxima a fonte. Ele espetou o pulso fazendo gotejar o sangue na taça, pegou gentilmente o de Joana e fez o mesmo.

- O que exatamente estamos fazendo? - Refletiu Joana mesmo num estado indolente. Ela sentiu a pele do pulso rasgar pelos espinhos.

- Nos unindo pelo sangue e pela imortalidade de nossas vidas, meu lótus! - Ele tomou um gole e ofereceu a ela num gesto simbólico. Joana sem hesitar bebeu.

O crepúsculo se apresentou tornando o momento extático para o casal. Khaliel jorrou pétalas de rosas vermelhas na sua amada Joana que girou numa dança em imensa felicidade.

- Eu te amo! - Declarou Joana parando devagar e admirando o discreto e frio sorriso dele.

- Sunt et bibit meum sanguinem, in me est corpus et in aeternum erit pars tua... - Ele recitou em tom poético.

- E assim por ter bebido do meu sangue, meu corpo te pertencerá e o teu se fará parte de mim por toda a eternidade... - Traduziu Joana. Ela sabia o significado, pois seu pai a ensinara latim quando tinha oito anos contando lendas utilizando esta linguagem.

Ele a introduziu de volta no quarto que é mais como um porão empoeirado com pinturas em telas e pinceis espalhados por todo o ambiente. Tentou tirar o vestido dela descendo a alça do ombro, mas Joana se recatou.

- Acho que não estou pronta para isso agora - o olhar inocente dela o convenceu. Ele sabia que ela não era mais sua presa ou um pedaço de carne sensual que poderia desfrutar como bem quiser como fazia antes com outras garotas. Ela é mais que isso, agora seria parte dele, da carne, da pele, sangue e alma. Ela o havia transformado plenamente em alguém que nem ele mesmo ainda não sabia decifrar ou reconhecer.

- Eu não a forçarei a nada. Você me dirá quando tiver pronta, minha pura e doce Joan.

Ele se distanciara um pouco, sentou na janela, seu olhar vagou pela paisagem situada ao redor da capela maior. Ressentida Joana atirou algumas pétalas nele, retribuindo a chuva que criara com as mesmas sobre ela. Porém Khaliel continuara reflexivo sem se mover.

- Pinte-me - pediu Joana em tom melodioso.

Então ele voltou sua atenção para Joana que se encontrava deitada na cama seminua coberta apenas por rosas apontando um pincel na sua direção...

- Como quiser musa! - Khaliel sentou e preparou uma tela, não tinha nenhum talento artístico, no entanto sua essência mística o proveu dessa habilidade criativa.

Ele a mirava e contornava os traços dando forma à pintura que resultou num desenho anatomicamente deforme - a impaciência não ajudou muito - por ver ela assim o instigou, provocou uma vontade de possuí-la.

Os olhos ficaram como um rubi. Tentara controlar as unhas que insistiam em crescer. Aproximou-se e deu-lhe beijos furtivos. Beijou o pescoço dela fazendo caminho até os ombros. Desceu a boca ao seio e mordiscou suavemente por cima do sutiã. Khaliel tentava manter o controle, deseja não machucá-la com seu lado demoníaco. Arrastou os beijos até a barriga dela tirando as pétalas que a encobriam. Passeou a língua intercalando entre uma coxa e outra. Invadiu de beijos a virilha. O que a fez soltar um gemido contido. Ele levantou a vista apreciando o movimento que ela fazia com o corpo - o arqueando por sentir sua boca invadir cada orifício da pele. A via sentir prazer pelo seu toque. Um prazer inocente e instigante. Lambeu por cima da calcinha rendada onde mais deseja invadir com a língua, mas conteve-se e cessou os beijos. Subiu o corpo por cima do dela retornando a beijá-la na boca e na face.

- Você devia terminar - ela disse esbaforindo. Referia-se a pintura.

- Sim, eu vou terminar em você... - Ele esbaforiu de volta apertando umas das coxas dela. Suas unhas insistiam para perfura-la. No entanto lutava para evitar feri-la.

Joana abrira os olhos para visualizar o rosto dele que agora se apresentava estranho. Sua sonolência foi espantada totalmente pela nova impressão. Não era tão horrendo. Em parte conservou a beleza máscula dele, a humana, mesmo assim os dentes que aumentavam e diminuíam com frequência pela força da respiração causara-lhe tormento.

- Seu rosto está... - Esbaforiu ansiosa.

- É isso que eu sou Joan - ele disse a fitando com desejo - isso é o meu outro lado. O lado que eu não consigo controlar quando te vejo assim... - respirou fundo fechando e abrindo os olhos. - Eu queria poder não ser, toque-me e tudo passará... - Pediu colocando a mão dela no seu rosto.

Joana o tocou com a mão tremula, porem desviou para o peito dele o empurrando. Puxou o lençol e cobriu-se. Se retraindo no canto do quarto.

- Você terá de me aceitar também assim - ele disse convicto de que ela o aceitaria sem questionar - bebeu meu sangue e faz parte desse meu lado negro também - as palavras gélidas dele não soaram agradáveis para ela.

- Você é alguma espécie de vampiro ou o que? - o indagou confusa. Isso soou mais ainda tolo para ele.

"Um vampiro?". Ele balançou a cabeça desaprovando a pergunta.

-Vampiros são fajutos, uma representação patética dos lucíferes. Ao contrario deles que são sem vida, nós temos vida. Vida quente. Estamos além deles, somos... - Ele se aproximou devagar de onde ela tava.

- Estamos? - Ela indagou apavorada. - O que quer dizer com estamos? Então... Existem mais? - Falou tremula.

Khaliel chegou mais perto de Joana. Cercou-a na parede, fez uma caricia suave no seu rosto e continuou. - Somos inalcançáveis. Você... - fitou com receio a face dela que expressava surpresa e pavor - eu não posso levar, não posso entrega-la para ele... - fechou os olhos querendo dissipar essa possibilidade.

- Ele quem? - Sussurrou Joana a uma linha de seu rosto.

- Darkson - disse ele - o guru-bhuta... Ele a quer para um ritual de sangue. Revelou levando o rosto levemente para o lado do de Joana.

- Que? - resmungou surpresa.

- Maldição! - Khaliel esmurrou a parede que se rachou com a batida forte do punho. Ela tremeu sem sair do lugar. - Dai você me fez provar seu beijo. Deixou-me toca-la de um jeito tão instigante, que provocou os meus íntimos desejos, me fez se apaixonar. Você me roubou tudo que havia de ruim dentro de mim... - Falou com paixão e frialdade. - agora eu não sei quem eu sou. Eu não sei Joan... - Expressou-se lunaticamente.

- O que é você? - ela o perguntou novamente.

- O que você quiser que eu seja Joan - respondeu.

- Eu só quero que seja o meu Paul... - disse inconformada.

Ele virou o rosto para o lado. Sua expressão passou de sombria para um semblante mais sereno. Mais humano.

- Então você só me aceitaria se fosse humano? - Perguntou a encarando - então sua declaração de amor foi mero teatro? - A boca dele mexia com os dentes trincados.

- Não! - disse - claro que não... Eu só... - pausou tentando refletir - você podia ter me contado antes...

- Agora você sabe - fitou-a de um jeito que ela não poderia hesitar em não aceitá-lo. O jeito que Paullin costuma fitá-la. No entanto...

Quando Mitria e Saulo adentraram no quarto e os viram como estavam, Joana desvencilhou-se de Khaliel e abraçou-a. Então a mente dela fez uma retrospectiva dos acontecimentos anteriores, arregalou os olhos e se afastou...

- Eu lembro agora - disse. - lembro-me do que aconteceu antes de... - Disse ela lúcida dos fatos.

- Joan eu posso explicar tudo... - disse Milena querendo acalmá-la.

- Joana! - Reforçou Saulo.

- Vocês não são... - Joana arregalou mais os olhos.

- Humanos? - Milena complementou. - Não, somos híbridos e você minha linda também - revelou sem nenhuma cerimônia.

- Mitria você não devia... - Saulo repreendera Mitria por sua aspereza.

- Como assim híbrido Mitria? - Disse Khaliel intrigado.

- Desculpa Joan, vamos começar de novo... - Tentou redimir-se Mitria.

Todas as emoções de Joana que outrora exprimira pureza, amor e lealdade foram abalados grosseiramente pelas palavras das pessoas que mais confiava. O queixo tremia e aos poucos a insegurança foi manifestada em choro. Decepção e confusão a dominavam por dentro.

- Não deveria ter sido assim- Saulo interveio - seu pai não queria isso, falamos o que não devíamos. Fomos afoitos, não pretendíamos assusta-la - recomeçou Saulo cuidadosamente.

- O que vocês tanto escondem? - Khaliel perguntou.

- Meu pai... - Joana balbuciou - Jonathan, Mari e Cler... - refletiu - agora tudo faz sentido. Quem mais? Minha mãe também?

- Sua mãe não, ela é humana - Milena continuou... - Seu pai é um anjo. Mizael veio da falange amarela celeste dos sistemas intermediários. Eu e Saulo somos híbridos, uma junção gerada por anjos e demônios. Agora o seu queridinho ali nem ele sabe o que é - Milena olhou de relance para Khaliel. A decepção também se mostrou na face dele.

- Qual o verdadeiro vínculo que vocês têm com meu pai? - Joana perguntou aparentemente mais calma.

- Mizael capturava anjos renegados. Ele não conhecia a espécie de híbridos como nós. Até que uma noite estava sendo morto por alguns - Saulo começou a explicar... - Então eu e Milena salvamos seu pai. Contamos sobre nossa existência e a de muitos outros. Ele nos deu estes amuletos para nos proteger de anjos executores. Mizael voltou ao planeta intermediário Nilaish e acabou sendo expulso por seus lideres por nos defender. Houve uma grande guerra por poder entre demônios, híbridos e anjos. Os anjos quase foram eliminados. Os "demonoj" eram maiores em força e quantidade - os híbridos que sobraram refugiaram-se em outros países da terra. Disfarçamo-nos, temos codinomes e tentamos não ferir nenhum humano, procuramos conviver harmoniosamente. Agora os demônios estão de volta e escolheram você para um ritual macabro.

Saulo se aproximou de Joana, no entanto a mesma se esquivou. Ela olhou com receio para Khaliel. Ela o amava, estava perdida por amor, faria qualquer coisa por ele. Mas agora...

Levantou-se devagar da beira da cama os fitando temerosa. Deu passos para trás aproximando-se da porta.

- Todas aquelas tardes na biblioteca de casa - Joana disse relembrando a relação de infância com o pai. - quando eu e Jonathan ficávamos sentados ouvindo os contos sobre anjos, batalhas épicas que meu pai contava... Como eu fui tão tola - pôs a mão na testa - como pude ter esquecido? Ele estava nos instruindo - cobriu-se melhor com o lençol.

- Eu escutava tudo atrás da porta Joan, sim ele estava preparando vocês - Mitria acrescentou.

Joan deu passos em direção ao pátio, olhou o céu encoberto por um véu marinho escuro e estrelas. Recobrou todas as brincadeiras estratégicas que seu pai fazia com ela e seu irmão. Além do lençol que a cobria a noite fria a encobriu com medo e desconfiança. Ajoelhada chorou melancólica.

Milena tentou se aproximar.

- Não chegue mais perto... - Pediu Joana aparando com a mão.

- Joan não saia daqui agora, pode ser perigoso... - Advertiu Saranon.

- Joan, eu jamais a daria para aquele guru-bhuta - disse Khaliel - eu a desejo mais que tudo. Eu farei qualquer coisa que você pedir agora e sempre... - ele apelou para que ela não se distanciasse dele.

- Aqui você estará protegida Joan - falou Mitria.

Joan mirou seus rostos e se pós de pé.

- Como pude confiar em vocês - balbuciou chorosa - acreditar um dia que eram meus melhores amigos... - fungou. - Não, não se aproximem, não me toquem, fiquem longe... - colocou a mão na cabeça. - Eu só quero ficar sozinha, pensar, refletir em tudo isso... - Ela sentia como se uma flecha a tivesse atingido no peito.

Os três a olhavam receosos e preocupados. Mitria e Saulo tentaram cercá-la, mas Joana correra o mais rápido que pode. Atravessou o portão de ferro e aos poucos sua imagem em movimento sumira na penumbra da noite.

- O que aconteceria agora?

"Será que Joana aceitará ser um híbrido?"

"Poderá ela negar o que é?"

            
            

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