Capítulo 10 Capitulo X

Como devo suceder a partir daqui? Trato essa situação como uma investida, dado que ela me esperou com o quarto totalmente escuro. Ou estou ficando louco e ela quer apenas desabafar.

Por via das dúvidas, nada de movimentos bruscos ou palavras pecaminosas.

- Bom, lhe sou todo ouvidos, pequena.

Desvio de seu corpo a passos largos, e me sento na beira oposta da cama onde ela também está. No início ela me olha por cima dos ombros, e acredito que seja por eu estar sem camisa. Mereço um desconto, não fazia ideia de que ela estava a me esperar e no meu quarto.

Ela momentaneamente ri, depois levanta. Caminha até a pequena escrivaninha que tem aqui, onde repousam alguns livros e papéis do escritório e arrasta a pequena cadeira de lá até que esteja a minha frente e senta.

- Você me perguntou mais cedo o por que de tudo isso. - Desce e sobe seu dedo indicador mostrando os machucados sobre seu rosto e corpo. - E bom, eu não me sentia segura pra falar. - Abaixa o rosto, e me aproximo mais dela. Um movimento que se enquadra nos brucos que eu disse que não faria, porém não me importo. Pego suas mãos, que estão frias, a incentivando a falar mais.

- Matias sempre foi muito possessivo e ciumento, desde que nos conhecemos. Mas, eu gostava tanto dele, das fases em que ele me tratava com carinho e amor, que sempre relevei os momentos chatos. Porém, desde que conheci você ele se transformou em algo que eu tenho medo, repulsa, nojo. Vim fugindo dele nos últimos dias, e bom, naquele dia doparque, mais cedo, tinha acabado de receber a notícia que estava grávida. Como minha ginecologista e sogra, Eleonor pulou de alegria e me incentivou a falar para Matias, que segundo ela ia adorar a notícia e deixaria essa fase pra trestupida pra trás.

As lágrimas caem como cachoeiras em seu rosto, e não consigo dizer nada. Apenas aperto suas mãos como meio de lhe transmitir força. Preciso que ela fale e tire esse peso do peito e das costas.

- Respira fundo, não precisa falar tudo de uma vez se não quiser.

Ela negou, e puxou o ar com força.

- Fui correr pra tomar coragem e te encontrei, e depois que encontrámos com meu noivo naquele momento, aquela reação dele, foi daquele ponto para pior. De nada adiantou eu falar que estava grávida, pois ele gritava aos quatro ventos que o filho era seu, e que já desconfiava pois eu o vinha evitando. Primeiro foi um tapa, em seguida vieram socos e chutes. Minha única reação foi a de proteger a barriga.- Ela puxa as mãos das minhas e num instinto, as repousa sobre a barriga.

- Fingi que estava desmaiada pra que ele cessasse o espancamento. Pareceu dar certo, aproveitei que ele entrou no banheiro e juntei as últimas forças que eu tinha pra fugir dali. Peguei apenas o celular, a carteira e fui pro parque...

- E me ligou. - pontuo cortando-a, notando que ela já faz um esforço absurdo para encerrar o assunto.

- Não queria te envolver em meus problemas, você já está ajudando tanto com minha mãe e...

Num gesto impensado, ponho o dedo indicador sob seus lábios, calando-a. Espero que ela não entenda de uma forma negativa esta atitude.

- Desde que te conheci, eu sinto um desejo absurdo de te proteger e cuidar de você.

Oculto a parte do plano meio absurdo que já tinha todo arquitetado em mente. Não sou capaz de confundir mais a cabeça dela.

- Eu não consigo passar um único só dia longe de você, sem pensar em você! - Ainda que em maioria seja por conta da proposta sobre a barriga de aluguel e as divagações que minha mente tinha criado em cima disso.

Ela sorri tímida e me encara. Tento decifrar suas feições, mas isso é um trabalho quase impossível.

Merda, será que fui longe demais com toda essa declaração?

- O quão surpreso você ficaria, se eu dissesse que sinto a mesma coisa? - questiona ao erguer a mão e acariciar meu rosto. Um sorriso começa a se formar em meu rosto, no começo tímido, mas que logo seria capaz de iluminar o Rio de Janeiro inteiro.

- Bastante, eu diria.

Sem pensar muito, lhe dou um selinho casto nos lábios e logo me afasto.

Lembrando que ainda tenho que conversar uma última coisa com ela se quiser que isso dê certo, sem futuras lamentações ou arrependimentos.

- Está tudo bem com o bebé? Você...

Não consigo terminar, pois é sua vez de colocar um dedo sob meus lábios.

- Não quero mais falar sobre isso por hora,tudo que precisa saber é que Matias jamais vai chegar perto dessa criança.

Noto que ela começa a ficar nervosa pelo simples mencionar de seu nome, acredito que relembrando toda essa siatuação até aqui. Com medo que isso cause danos a ela e o bebê a bordo, a acalmo.

- Eu serei um ótimo pai! -

As palavras saem sem querer e fico vermelho de vergonha. Acabei por pensar mais alto que meu filtro entre a boca e o cerebro conseguisse segurar. Ruth então, se aproxima, acabando com a pequena distãncia que nos separa.Sorri delicadamente e junta mais seu rosto ao meu.

- Eu sei que sim. Indiretamente, não poderia escolher figura paterna melhor.

E junta nossos lábios de novo, só que dessa vez, num beijo com gosto de possessão. Dsejo e volúpia exalando por nossos poros.

Não imaginava a dimensão disso até o presente momento mas céus, como eu queria isso.

Apesar de esta adorando esse momento extremamente mágico e envolvente, estou com medo de talvez tudo esteja indo rápido demais. Com custo, afasto nossas bocas momentaneamente e encaro seus lindos olhos azuis que brilham de desejo.

- Tem certeza que é isso que você quer? Tenho receio de que isso seja apenas carência e gratidão misturadas, que estão te deixando confusa quanto aos seus sentimentos.

Ruth me encara visivelmente confusa.

Ah, meu bem, não se engane. Eu quero muito isso! Respiro fundo antes de continuar;

- Estive aqui te dando apoio nas duas piores barras da sua vida. E isso faz com que eu cogite que você me quer perto, que acha esta gostando de mim, apenas por isso.

Ela se desfaz de meus braços e começa a andar pelo quarto.

Será que eu estraguei tudo?

                         

COPYRIGHT(©) 2022