Capítulo 7 Capitulo VII

O único móvel que havia conseguido escapar de meu momento de fúria, havia sido aquele que quase nunca chego perto: a ádega. Nunca fui de me embebedar, no máximo um gole ou outro entre a galera ou minha familia, porém agora o álcool se faz necessário mais que nunca.

Pego uma garrafa de Whisky dos mais caros, dispensando cerimônia e o copo, virando-a na boca em sequência. O liquído desce garganta a baixo rasgando tudo pelo caminho, mas alivia minha raiva.

Uma garota tão boa e gentil, não merecia sofrer na mão daqule covarde. Não merece passar por issso na mão de ninguém.

Com a garrafa em mãos, vou desviando dos destroços do que até minutos atrás eram móveis e decorações, e alcanço a escada rapidamente. Subo um degrau após o outro com uma rápidez enorme, aproveitando que o álcool apenas entrou em contato com meu sistema e ainda não fizera efeito. Empurro a porta do quarto com a mão livre e me sento na cama.

Mas quem sou eu pra dizer alguma coisa ou opinar sobre sua vida. Estou aqui querendo-a única e esclusivamente como uma barriga de aluguel solidária. Talvez se sinta tão usada quanto.

Sinto a raiva emergir mais uma vez e me consumir em um segundo, com ainda mais violencia que outrora. Como consequência, lanço a garrafa de Whisky recém aberta contra a parede oposta a da porta com força. O líquido respinga por todos os móveis mais próximos e o quarto fica com um cheiro de álcool absurdamente forte. O vidro se estilhaça todo no chão em segundos, e o quarto vira uma zona de guerra eminente.

Inferno, o destino só pode estar de muita brincadeira com minha cara. Primeiro Katherine, agora isso?

Passo as mãos pelo cabelo exasperado, dando-lhe puxões brutos como se quisesse arrancar todos os fios pretos em uma só puxada. Deslizo as palmas em sequência sob o rosto e tento respirar profundamente. Sem ainda sim conseguir me acalmar, arranco as peças de roupa suadas e as jogo em um canto do quarto, caminhando apenas de box para debaixo do chuveiro. Ligo na água fria e tiro a última peça, ao entrar, o contraste com meu corpo quente me causa longos arrepios, mas logo encontro o que eu tanto queria: tranquilidade.

Me pego pensando: Será que Carla sabe o que a filha passa nas mãos desse tal Matias? Ele parece fingir bem uma vida feliz com Ruth na frente da mãe da mesma.

E o que será que ela diria se eu dissesse que quero sua filha como mãe de um filho meu, sem querer nada além desse laço?

Aperto os olhos que estão fechados debaixo d'água com força, martelando sobre as várias perguntas que passam pela minha cabeça e suas respectivas, porém incertas respostas.

Como já estou ali para um banho demorado, paro um pouco pra lavar o cabelo e me ensaboar, apenas dando um intervalo para que o tempo passe mais rápido.

Escuto meu celular tocar ao longe, e não faço o mínimo esforço para atende lo. Porém, percebendo a insistência da pessoa que está do outro lado, enxáguo o cabelo o mais rápido que consigo e me enrolo tão rápido quanto na toalha.

Não tenho ideia de onde o aparelho está, e fico no aguardo para que volte a tocar e eu o ache com mais facilidade. Quando a música começa mais uma vez, a seguirme ponho a seguir o som e o acho debaixo de minhas roupas sujas que usava. A palavra restrito brilha na tela e fico receoso em atender.

Pode ser algo realmente importante,apenas isso explicaria a insistência. Geralmente quando é do escritório, o máximo que ligam é duas vezes. Movido pela curiosidade desenfreada, aperto em atender;

: Alô?

: Lucas... Me.. Me aju.. ajuda. (Suplica uma voz feminina chorosa do outro lado da linha.)

: Ruth? Onde você está, o que aconteceu com você?

:Você poderia vir me bsucar, por favor. Eu te imploro! ( exclama antes de chorar copiosamente. Me deixando ainda mais aflito com seu estado)

: Mais é claro. Consegue me dizer sua atual localização para eu correr praí?

A ligação fica muda por um instante, mas escuto sua respiração bastante acelerada do outro lado.

: No par... Parque. Vem... Vem lo.. Logo. Ele... Va.. Vai me ... Achar. ( E a ligação cai)

Em estado de pânico, corro pro closet já vestindo a primeira peça que encontro após a cueca. Recolho uma camiseta branca no meio da correria e a visto. Ponho o aparelho celular no bolso e corro nas escadas para o andar de baixo. Pego as chaves do que restou da mesinha do hall e acelero o passo no corredor para o elevador. O nervosismo só aumenta, quando a pequena caixa de metal faz questão de demorar. Quando o apito sooa e as portas se abrem, rapidamente aperto o botão do estacionamento e torço para que ele desça o mais rápido que consegue.

Já no estacionamento, saco o celular do bolso e procuro rapidamente por seu número. Lembro que no dia do hospital eu havia pego com Carla. Aperto o celular entre meu ouvido e o ombro enquanto tento acertar a chave para abrir o carro, já que minhas mãos tremulas me impedem de fazer o serviço.

Tu.. tu.. tu, e nada dela atender.

Assim que consigo vencer a maldita chave, entro, fecho a porta do veículo, e já saio cantando pneu pra avenida rumo o parque.

- Ruth, pequena, aguenta que eu estou chegando! - digo baixinho como se ela escutasse, porém sequer atende o telefone.

Piso ainda mais fundo no acelerador e em poucos minutos chego onde ela disse estava. Estaciono de qualquer jeito, e corro a sua procura. O parque não é tão grande, o que faz com que logo eu ache seu pequeno corpo escolhido na árvore em que nos encontramos mais cedo.

Vou me aproximando e a cena a minha frente me parte o coração.

Ela está com o celular debaixo do ouvido, suas roupas estão rasgadas na parte de cima, seus braços então com várias marcas que julgo ser arranhões, e posso ver que ainda está com a roupa de corrida. Mas, quando foco em seu rosto, é que a raiva me consome e vontade de encontrar o covarde me toma por completo.

Seu rosto está inchado devido o choro e como se isso já não bastasse, tem marcas roxas no olho e próximo a boca. Posso notar também que tem sangue seco em algumas partes.

Foi aquele filho da puta, eu sei que foi.

Dou um soco na árvore e isso faz com que ela se assuste e acorde. Quando olha pra cima e me vê, levanta quase que correndo e me abraça. Sua respiração ofegante me quebra e posso sentir algo molhar minha camisa, ela está chorando mais uma vez.

- Se acalma pequena, eu vou cuidar de você! - digo baixinho próximo a seu ouvido, enquanto passo a mão por seus cabelos assanhados. Ela me aperta contra si ainda mais.

O que me faz lembrar do dia que a conheci, no hospital. So que diferente daquele dia, sua dor não é só sentimental, é física também.

Ergo seu corpo com os braços e ela descansa a cabeça no vão do meu pescoço.

A levo ate o carro nos braços e deito seu corpo no banco traseiro.

Dirigindo de volta pra casa, mas devagar dessa vez, fico a todo momento olhando seu corpo indefeso e machucado na parte de trás, e fico me perguntando: Como alguém pode ter coragem de fazer algo tão covarde com alguém tão doce?!

Poucos minutos se passam, e estou colocando o carro em minha vaga, e tirando seu corpo adormecido bem devagar para não acorda la e muito menos machuca la.

O elevador não demora para chegar e logo estou em frente a porta de minha casa.

Apesar de certa dificuldade para abrir a mesma, não cogito acorda la.

Consigo abrir e empurro com o pé a fechando assim que passo. Com muito cuidado vou desviando da zona que esta por aqui, e subo as escadas. A porta do meu quarto esta aberta, o que facilita a entrada, então deito seu corpo lentamente na cama.

Ela resmunga algo mas logo seu rosto esta sereno novamente. Aproveito e tiro o ténis de seus pés, e puxo o a calça legguin, a deixando apenas de calcinha. Tem marcas de unha em sua virilha e essa imagem me faz borbulhar de ódio.

Tiro delicadamente o que restou de sua blusa, e a deixo de top. Cubro seu corpo e vou atrás do kit de primeiros socorros no banheiro. Assim que acho a maleta, volto pro quarto e me aproximo de seu rosto. Fico a observando por um tempo.

Lentamente, vou limpando o sangue que está por seu rosto e as lágrimas que estava segurando, começam a cair sem que eu perceba. Me sinto um inútil por não conseguir protege-la. Termino de cuidar dos machucados, e enxugo minhas lágrimas com as costas das mãos. Sem conseguir me afastar, dou a volta na cama, e sento próximo a ao seu corpo adormecido.

- Prometo pra você que quem fez isso vai pagar, e muito caro. Estou aqui agora, e vou te proteger! - Digo próximo ao seu ouvido e deposito um beijo em seus cabelos.

Encosto as costas na cama, e faço carinho em seu cabelo, pegando num sono em seguida.

            
            

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