Capítulo 3 Ficando para um Chá com Biscoitos - Parte 1

FLASHBACK:

David havia batido apenas duas vezes na porta da srta. Fletcher.

- Só um minuto, por favor! - A voz agradável e alegre tinha soado como se estivesse vindo de uma distância de uns 3 metros da porta. No entanto, ela não levara um minuto para chegar até a porta. - Quem é?

- É o David Engelmann, srta. Fletcher. Eu vim entregar o meu trabalho atrasado.

A srta. Fletcher abriu a porta. Quando David olhou para ela, ficou atônito. Ele simplesmente não conseguia se mover.

"Meu Pai do Céu! Eu morri e fui pro paraíso? É um anjo que tá na minha frente? Ela tá linda usando roupa informal, com esse cabelo ruivo solto. Esse vestido rodado marfim com flores azuis... destaca o azul dos olhos, a cor do cabelo e a da pele dela... e as curvas... as formas dela... Eu nunca tinha notado que os peitos dela eram grandes assim... e redondos... Eu me pergunto o quanto eles devem ser macios, ao toque."

- David? O que deu em você? - srta. Fletcher disse, elevando um pouco a voz. Isso fez com que David acordasse. Então, ele imediatamente retirou sua boina Gatsby de linho verde.

- Sim, srta. Fletcher! - ele disse, rapidamente.

- Você sequer estava me escutando? - ela perguntou, parecendo confusa.

- Não. Veio uma coisa na minha cabeça e eu me distraí totalmente. Me desculpe! Você poderia repetir o que disse, por favor?

- Você gostaria de tomar um chá com biscoitos, comigo? Eu preciso falar com você sobre algo muito importante.

- Sim, eu ficarei honrado. Obrigado!

Ela deu um passo recuando para dentro, saindo da passagem da porta e segurando a mesma aberta para ele, e depois a fechou, assim que ele entrou.

- Sente-se, por favor! Sinta-se em casa. Eu vou fazer o chá para a gente. De qual sabor você gosta mais? E os biscoitos já estão no forno. Eles devem ficar prontos em uns cinco minutos.

"Ela é bondosa, inteligente, refinada, linda... E sabe cozinhar. Me pergunto quais outras qualidades ela tem. Ah, é... Eu também queria saber o sabor de chá preferido dela. Acho que esta é a minha chance de descobrir."

- Eu não tenho bem um preferido. - Não era uma mentira. - Então, você pode fazer o seu preferido, se você quiser - ele disse, se sentando no sofá cinza de veludo, colocando o seu trabalho escolar ao seu lado.

- Tá bom. Vai ser surpresa, então.

- Tá ótimo. Obrigado! - David tentou sorrir, mas a presença dela o fez sentir esquisito de uma forma que ele nunca havia se sentido, perto de mulheres.

A srta. Fletcher então virou as costas e caminhou até a cozinha. Os olhos de David a seguiram por todo o caminho. O vestido dela facilitou para que ele notasse a sua cintura fina. E o quadril arredondado dela sutilmente balançou, enquanto ela andava. Ele rapidamente ajeitou seu cabelo loiro e endireitou sua camisa.

"O que tá havendo comigo, hoje? Eu fico sentindo umas coisas estranhas. É como se eu não fosse eu mesmo."

Ele deu dois tapas fracos em seu próprio rosto. Depois, começou a se perguntar sobre o que ela queria falar com ele. Ela havia dito que era muito importante. Será que ela ia pegar no pé dele, por ele trabalhar demais na fazenda? Se esse fosse o caso, seria completamente inútil. Poderia ter alguma utilidade, se ela falasse com o pai dele sobre isso. Ah, mas fosse o que fosse, ele estava prestes a tomar chá com biscoitos com a srta. Brooke Fletcher, quem ele estava começando a reparar que era muito atraente, apesar de ela ser dez anos mais velha do que ele, então ele não estava reclamando, de maneira alguma!

- Aqui está - ela disse, enquanto levava o chá em um jogo de chá muito bonito, e os biscoitos em uma bandeja de prata, tudo em um carrinho de chá, feito de cobre. - Eu espero muito que você goste, tanto dos biscoitos quanto do chá. - Ela transferiu tudo para a mesinha de centro, depois empurrou o carrinho de volta para a cozinha.

- Tenho certeza que vou adorar tudo, srta. Fletcher, assim como eu adorei o seu jogo de chá. Obrigado por ser tão gentil! - ele disse, enquanto ela passava por ele, a caminho da cozinha. Ele deduziu que ela havia trazido as melhores coisas dela para serví-lo, e isso o fez sentir especial.

- Minha nossa, você reparou no meu jogo de chá! Impressionante! Meninos geralmente não ligam pra essas coisas. Eu tô positivamente surpresa com você! - ela respondeu em voz alta, ao entrar na cozinha. Ela deixou o carrinho em seu respectivo canto, depois voltou imediatamente para a sala de estar e se sentou em uma das poltronas de frente para David. - Bem, eu vou lhe contar duas coisas sobre este jogo de chá: ele é escocês, e eu o ganhei da minha avó, quando eu avisei que me mudaria da casa dos meus pais e iria morar sozinha - ela disse, enquanto servia chá para ele.

Os olhos de David se arregalaram de surpresa. Ele simplesmente não conseguia acreditar em seus ouvidos. Ela tinha saído da casa dos pais dela para ir morar sozinha, assim como ele queria fazer. Ele estava delirando? Ela sequer era de verdade? Não, ela não podia ser real. Ele só podia estar sonhando com a mulher dos sonhos dele!

- Srta. Fletcher, sem querer ser atrevido, mas posso perguntar quantos anos você tinha, quando se mudou da casa dos seus pais? - ele perguntou, com olhos esperançosos, e então tomou um golinho de seu chá. - O chá tá delicioso, aliás! Tem gosto de uma mistura de maçã com cereja, - ele acrescentou e depois tomou um golão do chá.

Srta. Fletcher deu um sorriso sincero e caloroso; no entanto, ela não ficou nem um pouco surpresa com o interesse de David no assunto sobre a saída precoce dela da casa dos pais.

- Você é bom, hein! Acertou! E fico feliz que tenha gostado do chá! É o meu preferido. É de maçã, com uma calda de cereja que eu fiz. E é claro que pode perguntar! Não tem o menor problema. Eu me mudei assim que eu terminei a escola secundária. Eu tinha 18 anos.

"É exatamente esse o meu plano! Ela é mulher - as coisas parecem ser mais difíceis para as mulheres alcançarem - mas deu certo pra ela, então eu não vejo por que não daria pra mim."

- Mas que legal!!

- É claro, eu já tinha um lugar para ir. Eu tinha sido aceita em algumas universidades, então eu escolhi uma e fui. Já que meu pai não apoiava a minha ida, eu tive que trabalhar e pagar pelos meus estudos. Foram muitas coisas com as quais lidar, ao mesmo tempo, então foi muito, muito difícil. Mas eu não desisti diante das dificuldades que eu encarei. E tudo acabou bem, no final.

- Você é uma pessoa muito admirável, srta. Fletcher! Eu quero ser igual a você!

- Ahh, obrigadaaa! É muito gentil da sua parte! E eu soube que você quer fazer o que eu fiz.

Quem poderia ter contado a ela? Um dos irmãos dele? O pai dele, quando falou com ela na sexta-feira?

- Soube? De quem?

- Bem... Da sua mãe, - ela confessou, hesitando. David estava ligeiramente inclinado para a frente, esticando o braço para pegar um biscoito, mas aí ele simplesmente congelou, antes mesmo de tocá-los. - Ela passou na escola, um pouquinho depois de o seu pai ter ido embora. É sobre isso que eu queria falar com você.

            
            

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