Assim que rompemos a superfície da água, Trixie logo joga o respirador para longe, respirando fundo, e faço o mesmo, puxando o ar que meu corpo tanto necessita, e apreciando a sensação.
Nadamos até a popa, e como ainda estou de certa forma abraçado com ela, me mantenho segurando seu corpo, enquanto o Tyler vai tirando os cilindros dela e entregando ao piloto da lancha. E em seguida, ele auxilia Trixie a subir.
Rapidamente me livro do equipamento e entrego ao piloto antes de subir a bordo e ir ver como a Trixie está. O rapaz a deixou deitada no deque, e vejo que está bem pálida, com os olhos fechados e respirando de forma pesada. Ela precisa de um ventilador para conseguir respirar.
Pensando nisso, a pego nos braços e levo até o banco que estivemos mais cedo, a deitando ali, que permanece de olhos fechados.
-Trixie... - Ela abre minimamente seus olhos. - O que está sentindo?
- Minha cabeça está doendo muito, meu coração bate rápido. - Noto a dificuldade que ela teve para falar essas poucas palavras. - Theo...
- Shiu... poupe suas energias.
Sem discutir, ela fecha os olhos e nesse momento a lancha começa a se movimentar, em uma velocidade bem mais rápida do que quando viemos.
- Como ela está?
- Não muito bem. Tem algum ventilador pulmonar a bordo?
- Sim, vou buscá-lo.
Ele se afasta e me sento ao lado do banco, estou me sentindo cansado e sei que é por ter poupado oxigênio na subida, mas é claro que ter carregado Trixie também não auxiliou.
No entanto, não me arrependo, pois salvei a vida dela.
Tyler volta a se aproximar de nós, fico observando enquanto ele coloca a máscara nela. Isso irá ajudá-la a respirar bem, já que o aparelho envia uma maior concentração de oxigênio para o organismo, além de facilitar que os gases entrem na corrente sanguínea.
- Ela vai precisar de atendimento médico.
- Eu sei disso, senhor, já tem uma equipe de resgate esperando por ela na marina.
Menos mal, agora é torcer para que Trixie não tenha nada grave e fique bem. Mas a questão é, por que passamos por isso?
- O que aconteceu com o oxigênio dela?
- Não entendo como o oxigênio dela acabou tão rápido, eu mesmo verifiquei os três cilindros antes de entrarmos na água. - Noto certo nervosismo em sua voz. - Mas assim que chegar à marina, irei levá-los para uma avaliação e descobrir o que aconteceu.
Está aí uma coisa que também quero saber, afinal, poderia ser eu a ficar com esse cilindro e aí sim, o problema seria bem maior, pois ela ser pequena ajudou muito.
- É o mínimo a ser feito.
- Senhor, a culpa não foi minha.
- Você é o guia, foi você quem escolheu deixá-la sozinha para ir vasculhar o navio.
- Eu não imaginei que ela estivesse com problemas, já fiz mergulho com ela essa semana e é uma excelente mergulhadora. Pensei que ela só queria um pouco de privacidade lá embaixo.
Sei que não adiantará ficar discutindo com ele agora, mas o fato é que sua irresponsabilidade quase custou uma vida.
Parecendo aborrecido, Tyler se afasta um pouco de nós, ele sabe que vai ser responsabilizado por conta do que aconteceu, e terá grandes problemas.
Precisando descansar também, encosto no canto do banco e fecho os olhos e procuro descansar.
...
Sinto que a lancha está parando, o que significa que devemos ter chegado na marina. Abro os olhos para confirmar, e ao virar o rosto, vejo que a Trixie tirou a máscara do rosto e está tentando se sentar, então a seguro para que permaneça deitada.
- Por favor, fique deitada, você não deve fazer esforço.
Escuto o barulho da ancora caindo, e me levanto um pouco, esticando o corpo, já me sinto melhor. Vejo a sirene da ambulância piscando, e não demora para os paramédicos subirem a bordo. Noto que quatro pessoas estão vindo em nossa direção, e um deles carrega uma maca no estilo prancha.
Enquanto a mulher que está liderando o grupo se abaixa próxima a Trixie, um dos paramédicos vem até mim, noto que outro foi até o Tyler. Mesmo dizendo que estou bem, ele insiste em verificar meus sinais vitais.
- O senhor está bem.
Agradeço a ele e volto minha atenção para a Trixie, quero ter certeza de que ela está bem.
- Trixie, seus sinais estão bons, como se sente?
- Bem, apenas minha cabeça está doendo um pouco ainda. - Sua voz está rouca.
- Certo, de acordo com o que nos foi informado, você teve problemas de oxigenação durante um mergulho em águas profundas, em minha avaliação primária não há danos graves, mas como você sofreu com uma insuficiência de oxigênio em seu organismo, precisamos levá-la ao hospital para que sejam realizados exames e assim sabermos como seu organismo foi afetado. - Mais uma vez Trixie tenta se levantar. - Não faça isso senhorita, até que seja avaliada por um médico, não deve fazer nenhum esforço, iremos levá-la na maca.
Tento conter o riso ao ver a careta que Trixie fez, imagino que ser carregada para fora do barco será bem constrangedor.
- Os sinais vitais dos senhores estão bons, mas ainda assim, ambos vão precisar ir ao hospital para fazer exames. Na ambulância com a senhorita tem lugar para um de vocês ir.
- Theo pode ir com vocês, eu irei com meu carro. - Tyler fala.
Faço um sinal concordando e vou buscar minha mochila, com tudo isso, não consegui trocar de roupa. Vejo a bolsa da Trixie ali ao lado e a pego também, pois imagino que vá precisar em breve.
- Por favor, alguém pode pegar minha bolsa? - Trixie pede quando estamos no píer.
A coloco em cima de suas pernas, notando que ela está de olhos fechados, e ao olhar ao redor, vejo o porquê. As pessoas estão aglomeradas aqui no píer, certamente tentando descobrir o que aconteceu que foi necessária uma ambulância.
Eu entro primeiro e me sento no banco do canto, em seguida colocam a maca de Trixie, e a paramédica junto do rapaz que me atendeu se sentam atrás. As portas da ambulância são fechadas e seguimos rumo ao hospital.
Tranquiliza-me saber que em breve Trixie terá o atendimento necessário, e talvez, depois possamos conseguir aproveitar um pouco juntos as Bahamas, pois para mim, a viagem só está começando.