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Alguns dias se passaram e Laura decidiu contar para seus pais sobre a gestação.
O caminho até a casa dos pais parecia mais longo do que nunca. Laura segurava o volante com força, o coração acelerado, quase tão forte quanto aquele pequeno coração que batia dentro dela. Como dizer? Como explicar? Como enfrentar os olhares, as perguntas, as expectativas... e a decepção?
Quando estacionou, respirou fundo, passou a mão na barriga e sussurrou:
- Vai ficar tudo bem... a mamãe promete.
Assim que entrou, sua mãe, dona Elisa sua mãe de criação na verdade sua madrasta mais ela o amava como uma mãe deve amar o fruto do seu ventre, veio até a porta, sorrindo como sempre.
- Filha! Que saudade! - abraçou Laura apertado, mas logo se afastou, franzindo a testa. - Está... está diferente. Está tudo bem?
Laura mordeu o lábio, olhando além da mãe, onde seu pai, senhor Henrique, já se levantava do sofá, percebendo que algo estava no ar.
- Eu... - ela respirou fundo, lutando contra o nó na garganta - eu preciso contar uma coisa. Algo importante.
- O que foi, Laura? - perguntou o pai, preocupado. - Aconteceu alguma coisa no trabalho? É sobre o Hikaru, não é?
O nome dele bateu como um martelo no peito.
- Sim... é sobre ele... - As mãos foram direto para a barriga, como se o gesto falasse por ela. - Eu estou grávida.
Silêncio. Apenas o som do relógio na parede, tic-tac, tic-tac, preenchendo o espaço.
- O quê? - A voz da mãe saiu mais como um sussurro chocado.
- Grávida? - repetiu o pai, piscando várias vezes, como se não tivesse ouvido direito.
Laura respirou fundo.
- Sim. Eu estou esperando um filho .
Dona Elisa levou as mãos à boca, emocionada.
Foi quando as lágrimas finalmente venceram a resistência de Laura.
- Hikaru voltou para o Japão antes que eu descobrisse. Eu... eu não tive a chance de contar.
O pai passou a mão no rosto, andando de um lado para o outro.
- E agora? O que vai fazer, Laura? Ele... ele precisa saber. É o pai do seu filho!
- Eu sei... - respondeu, a voz embargada. - Eu só não sei... se ele quer saber. A gente... não se despediu como eu gostaria. Ele tinha que voltar não sei o que aconteceu.
Dona Elisa segurou as mãos da filha, olhando nos olhos dela com ternura, mesmo em meio à preocupação.
- Você é forte, Laura. E nós estamos com você. Mas pense com calma... esse bebê tem o direito de conhecer o pai. E... Hikaru também merece saber que vai ser pai.
Laura passou as mãos no rosto, respirando fundo.
- Eu só preciso... de um pouco de tempo. Para entender o que é melhor. Para mim. Para meu filho. Para todos.
O pai, mesmo sério, colocou a mão no ombro dela.
- Seja qual for sua decisão, nós estamos com você, filha. Sempre.
E, enquanto a noite avançava e a conversa seguia cheia de sentimentos, Laura não pôde evitar olhar para o céu, imaginando se, naquele exato momento, lá do outro lado do mundo, Hikaru pensava nela tanto quanto ela pensava nele.
E se ele soubesse... como sua vida mudaria.