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Entre um plantão e outro logo chega próxima consulta do pré natal.
O som do monitor cardíaco preenchia a sala, misturado ao leve zumbido do aparelho de ultrassom. Laura respirava fundo, segurando as mãos sobre a barriga que agora parecia maior a cada dia. As batidas dos pequenos corações eram sua música favorita, o som que mais acalmava seu mundo caótico.
A médica sorriu, ajeitando o transdutor na barriga dela.
- Preparada para descobrir?
Laura sorriu, com o coração disparado.
- Mais do que nunca.
A tela piscou, e logo os contornos dos dois pequenos apareceram, ainda mais definidos do que no exame anterior. A médica começou a analisar, clicando, medindo, sorrindo.
- Bom... aqui está o primeiro - apontou, e seus olhos brilharam. - É... um menininho.
Laura levou a mão à boca, rindo e chorando ao mesmo tempo.
- Um menino... - sussurrou, emocionada.
A médica deslizou mais um pouco o aparelho, buscando o segundo bebê, e logo sorriu novamente.
- E... aqui está... sua menininha.
Laura arregalou os olhos, surpresa.
- Um casal? - sua voz saiu embargada, cheia de lágrimas.
- Isso mesmo. Um príncipe e uma princesa - confirmou a médica, sorrindo. - Perfeitos, crescendo muito bem.
As lágrimas escorriam livremente. Laura apertou as mãos contra a barriga, como se quisesse abraçá-los ali dentro.
- Meus amores... - sussurrou. - Vocês são tudo pra mim.
Por alguns segundos, ela fechou os olhos e, mesmo sem querer, pensou em Hikaru. Como teria sido se ele estivesse ali, segurando sua mão, sorrindo ao descobrir que seriam pais de um casal? Será que ele sorriria daquele jeito carinhoso, ou ficaria nervoso, sem saber o que fazer?
O pensamento a fez apertar mais forte a barriga, protegendo aqueles dois que agora eram seu mundo inteiro.
- Vocês são a junção do melhor de mim... e do melhor dele - disse, baixinho, com um sorriso triste, mas cheio de amor. - E eu prometo... que vou fazer o melhor por vocês.
Saindo da clínica, com o envelope das imagens nas mãos e o coração transbordando de amor, Laura percebeu que, embora muita coisa fosse difícil, o amor que crescia dentro dela era maior do que qualquer julgamento, qualquer dor, qualquer ausência.
Agora, ela não era só Laura. Era mãe de um menino... e de uma menina. Metade dela. Metade dele. E completamente deles.