Capítulo 8 Duplo Amor, Dupla Força

Os dias passaram mais rápidos do que Laura imaginava. Entre o trabalho no hospital, os olhares curiosos e o apoio tímido, mas constante da família, ela se viu cada vez mais consciente de uma verdade: aquela vida - ou, melhor, aquelas vidas - dentro dela eram agora sua maior prioridade.

Naquela manhã, ela caminhava em direção à clínica para o primeiro ultrassom detalhado. O coração batia acelerado, não apenas pelo nervosismo do exame, mas porque aquele era o momento que, de alguma forma, tornaria tudo mais real. Mais concreto.

Deitou-se na maca, ajeitou a blusa e sentiu o gel frio na barriga. A médica sorriu, simpática.

- Preparada, doutora Laura?

Ela sorriu de volta, ansiosa.

- Na medida do possível, doutora.

O som do aparelho preencheu a sala. E, em poucos segundos, o coração de Laura quase parou. Primeiro, ouviu aquele som mágico: *tum-tum, tum-tum, tum-tum*.

Mas... havia outro. Sim, outro som, igual, ritmado, forte.

A médica franziu as sobrancelhas e sorriu mais largo.

- Bom... parece que temos uma surpresa aqui.

- Surpresa? - Laura piscou, sem entender de imediato.

A médica virou a tela para ela e apontou:

- Aqui está um... - tocou na imagem - e aqui... o segundo.

Os olhos de Laura se arregalaram, levando as mãos à boca, surpresa.

- Dois? - Sua voz saiu quase num sussurro. - São... são gêmeos?

A médica confirmou com um aceno gentil.

- Exatamente. Dois coraçõezinhos fortes, crescendo muito bem. Parabéns, mamãe.

As lágrimas escorreram sem que ela pudesse conter. Uma mistura de susto, alegria, medo, amor. Tudo de uma vez. Ela riu, chorou, apertou a mão sobre a barriga.

- Meus Deus... - sussurrou. - Eu... eu vou ser mãe de dois.

Deixou-se chorar livremente. Pela primeira vez desde que descobriu que estava grávida, Laura não sentiu mais dúvidas. Não havia espaço para medo. Só amor.

Quando saiu da clínica, segurando as primeiras imagens dos dois pequenos, ela respirou fundo, olhando para o céu. O vento soprou suave no rosto, quase como um abraço invisível.

- Eu escolho vocês - disse, olhando para as fotos. - Eu vou seguir com essa gestação. Não importa o quanto seja difícil, nem o que venha pela frente. Eu sou de vocês, e vocês são tudo para mim agora.

No fundo, sabia que mais cedo ou mais tarde teria que encarar o passado. Que Hikaru merecia saber. Mas, naquele momento, Laura escolheu olhar para o presente, para as duas vidas que agora eram sua razão de existir.

Duas batidas. Dois amores. Dupla força. Um novo começo.