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Mesmo quando cansa, ela fica

Briann
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Capítulo 1 O Peso invisível

Acordava cedo, sempre antes de todo mundo. Antes mesmo da luz do sol entender que era hora de brilhar.

A casa ainda silenciosa, mas a cabeça, não. Já acordava cheia: de tarefas, de medos, de vontades deixadas pra depois.

O primeiro som do dia não era o despertador - era o suspiro. Aquele longo, que só quem carrega o mundo conhece.

E ainda assim, ela levantava.

Não porque estivesse descansada, mas porque sabia que se não fosse ela, ninguém mais faria.

Tinha dias que o espelho mostrava mais olheiras que olhos, mais cansaço do que cor. Mas bastava ouvir a vozinha chamando "mamãe", e algo nela se acalmava.

Era exaustão com sentido.

Tinha aprendido a se virar no automático.

Fazia o café enquanto lavava a louça da noite passada. Arrumava a mochila com uma mão, ajeitava os cabelos do filho com a outra, e com o coração... segurava tudo o que não podia desabar.

Nem sempre alguém perguntava se ela estava bem.

Nem sempre ela sabia a resposta.

Mas ela estava ali.

Inteira, apesar dos pedaços.

E quando saía de casa, de chinelo no pé ou salto no coração, ela levava junto o que ninguém via:

o peso invisível de ser tudo para todos.

E quase nada para si.

Mas ela não reclamava.

Nem sempre por escolha.

Às vezes, por costume.

            
            

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