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Nem todo ato de coragem é gritado.
Alguns acontecem em silêncio - como levantar da cama quando a alma só quer deitar.
Ou como sorrir para o filho, mesmo com os olhos pesando de tanto chorar na noite anterior.
Ela não se achava corajosa.
Achava que coragem era para quem escala montanhas, enfrenta multidões ou toma grandes decisões.
Mas a verdade é que ela enfrentava o que ninguém via.
Era preciso coragem para não desistir do trabalho quando o corpo pedia pausa.
Coragem para não gritar quando a irritação batia forte.
Coragem para preparar o jantar depois de um dia inteiro de lutas invisíveis.
Ela carregava o peso das contas, da saudade de si mesma, do medo de não estar fazendo o suficiente.
E mesmo assim, se levantava todas as manhãs como quem diz ao mundo:
"Hoje de novo. Ainda aqui."
Havia dias em que se sentia fraca - e mesmo assim, fazia tudo.
Esse era o tipo de força que ninguém aplaudia.
Mas que sustentava o mundo dela.
Quando alguém elogiava sua paciência, ela só sorria.
Sabia que aquilo não era paciência - era resistência.
Era amor em estado bruto, transformado em atitude.
E por trás de tudo isso, morava um desejo simples:
Ter um espaço para respirar.
Alguém que dissesse: "Eu vejo você. Vai ficar tudo bem."
Mas enquanto isso não vinha, ela seguia.
Com pequenas coragens de cada dia.
E uma fé discreta, mas firme, de que uma hora a vida seria mais leve.