Capítulo 9 Os dias em que ela sorri sozinha

Tem dias em que ela sorri sem perceber.

E não é porque tudo está perfeito - é porque algo dentro dela, enfim, se aquietou.

São sorrisos discretos, nascidos de coisas simples.

Um café quente no fim da tarde.

O cabelo secando ao vento.

Um elogio inesperado.

Um silêncio que não pesa.

Uma lembrança boa que visita sem avisar.

Ela sorri porque, aos poucos, tem se reencontrado.

Com a mulher leve que existe dentro da forte.

Com a menina que ainda mora nela e gosta de sonhar.

Com o riso que não depende de ninguém pra acontecer.

São dias em que ela se vê no espelho e, mesmo com marcas e olheiras, sente orgulho.

Não por estar impecável - mas por ainda estar aqui.

Firme, mesmo cansada.

Doce, mesmo depois de tanto amargo.

Ela sorri quando percebe que passou por tempestades e não se perdeu de si.

Quando lembra de tudo o que segurou calada.

E de tudo o que merecia ter largado, mas ficou - por amor.

Esses sorrisos, ninguém vê nas fotos.

Porque eles não pedem pose.

Acontecem enquanto ela lava a louça, dobra a roupa, ou caminha sozinha pela rua.

São pequenos milagres.

Risos que nascem da paz de quem não espera mais permissão pra ser feliz.

De quem entendeu que alegria também mora nos detalhes.

E que amar a própria companhia é um tipo de liberdade.

Ela sorri sozinha.

E, sem perceber, ilumina o mundo inteiro.

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